Opinião
O enegrecer do poder: por uma mulher negra no STF
A ocupação da vaga na Suprema Corte será mais um marco pra nossa história.
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Kaique AraSe tem algo que reflete o quão nossa sociedade é racista, são as estruturas de poder no Brasil. Considerado o país mais negro fora do continente africano, o Brasil, que na sua raiz foi construída por indígenas, brancos e negros escravizados, até hoje reflete o propósito da vinda destes negros africanos para o Brasil: a alimentação do sistema econômico e a sustentação das contradições sociais que dão força à elite branca.
Se de um lado, a face do poder, na política, no mundo corporativo e na justiça, tem olhos claros, cabelos lisos e traços “finos”; os rostos estampados nas penitenciárias e nas lápides dos cemitérios das periferias do Brasil, são genuinamente negros. Esse é o retrato do sistema que libertou os negros da escravidão e os encurralou para longe dos seus direitos fundamentais.
Apesar de reconhecer que muito se avançou na escalada árdua dos negros por espaços de poder, iniciada com a lei de cotas nas universidades; muito ainda precisa ser conquistado para que consigamos reparar o erro histórico da escravidão. O debate de cotas no serviço público, a eleição de pessoas negras para os parlamentos e executivos no Brasil e a inserção de pessoas negras em lugares historicamente racistas, é urgente.
No país com a população majoritariamente negra e de mulheres, onde o feminicídio e o extermínio da população negra é avassalador, a consolidação de uma vaga na Suprema Corte para uma mulher negra, de pele e de consciência, será mais um marco pra nossa história e mais um passo pela reparação que tanto lutamos.
Kaique Ara é professor de História e mestrando em Estado, Governo e Políticas Públicas.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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