Economia
‘Do paladar ao perfume’: conheça a história d’O Café da Vovó, marca camaçariense com sede no Alto da Cruz
Nesta segunda, o empreendimento fará o pré-lançamento da loja física, em parceria com outras duas empresárias do município.
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Mariane SenaQuentinho, gelado, com açúcar ou sem, intenso, suave, mas também no chocolate, no bolo e até na fragrância de perfume, atualmente existem variadas maneiras de apreciar o café, que não se restringem apenas ao paladar. Neste domingo (14) é celebrado o Dia Mundial do Café, segunda bebida mais amada e consumida no mundo, perdendo apenas para a água, conforme dados da Organização Internacional do Café (Ocic).
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo e ocupa o segundo lugar no ranking mundial de consumo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Na Bahia, nos últimos anos, a cafeicultura tem desempenhado um papel significativo no cenário econômico, impulsionando o comércio e elevando a reputação do produto no mercado nacional e internacional. Em Camaçari, uma das expressões que representa esse nicho é O Café da Vovó, empreendimento que produz café orgânico e artesanal.
A história começa em janeiro de 2019. À época, a família Lima celebrou não só a chegada do novo ano, mas sobretudo a oportunidade de incrementar a renda, tendo em vista o período difícil que precisaram enfrentar com a doença da avó, dona Genésia. Ao Destaque1, a atual gestora da marca, Deise Lima, contou que ela e a irmã, Esteline Lima, uniram forças e deram os primeiros passos para a criação do negócio.
“Jamais tinha imaginado que um dia iria trabalhar com café, até porque não era minha bebida predileta, muito em função dos cafés tradicionais, industrializados, não me proporcionarem experiências agradáveis, faltava algo. E cuidar de minha avó ressaltou um ingrediente essencial, que é o afeto. Ela sempre gostou muito de café. A preocupação também foi de trazer alguma coisa natural para ela, porque se cortasse o café da vida dela, ia cortar uma parte dela”, revela.
Na sequência, Deise admite que foi um tanto pessimista no início, mas investiu no conhecimento.
“Passei a estudar e fui buscar linhas especiais para minha avó. A partir daí, minha irmã teve a ideia de fazer cafezinho para vender na porta de casa. No primeiro momento, não achava que seria um bom negócio, mas ela sempre acreditou e falou que a gente tinha que complementar a renda”, revela.
A insistência e o olhar empreendedor da irmã fizeram Deise decidir embarcar na ideia e alçar novos horizontes. Com isso, o que começou na porta de casa, com uma mesinha improvisada e sem muitas perspectivas, hoje já alcança dimensões antes inimagináveis para a camaçariense.
“Por incrível que pareça, em meus contatos pessoais tinha o de um produtor de café, porque antes de trabalhar com café eu tinha uma empresa de serviço de apoio administrativo. Só que nessa época veio a crise econômica, veio a situação de minha vó, e aí eu tive que me reinventar. Diante daquela circunstância, a gente começou a vender o café aqui na porta de casa, moendo o café de forma manual. Era uma luta moer um quilo de café quando vinha muita demanda, mas mesmo assim era nossa realidade”, frisa.
Presentemente, a empresária garante que atende clientes de distintas regiões do país. “A partir daí, a demanda foi aumentando, e a gente implantou o motor no moinho, aprimoramos, melhoramos serviços, investimos em tecnologia, e as coisas foram acontecendo. Hoje, a gente está enviando para diversas partes do Brasil, as pessoas lá fora estão conhecendo o nosso café, diretamente de Camaçari”, celebra.
No entanto, entre os progressos enumerados, algo ainda causava desconforto ao coração das irmãs. Elas almejavam criar raízes no município. O que a família não esperava é que o desafio seria duplo, tendo em vista que nessa etapa, em meados de 2021, a avó, Genésia, faleceu, e a pandemia ainda estava forte. Em meio a essa realidade, o retorno da barraquinha na porta da residência, que após a ascensão das vendas online ficou praticamente esquecida.
“Minha mãe não desistiu e, estrategicamente, agiu para que eu e minha irmã nos mobilizássemos, afinal, ela sabia que a gente não iria deixar ela ali sozinha para vender o café, já que ela trabalhava à noite e chegava pela manhã cansada. A atitude dela nos tirou de uma possível depressão e fez com que a gente fosse despertando esse crescimento do produto no município. Hoje, as pessoas já nos conhecem na nossa cidade”, garante Deise.
Serviços
O Café da Vovó atua em modelo delivery e retirada com hora marcada. A matéria-prima é oriunda da Chapada Diamantina, Vitória da Conquista e também de fornecedores que são referência no ramo orgânico em Minas Gerais. Deise explica que a válvula presente na embalagem impede a entrada de oxigênio, para que o produto não oxide as propriedades importantes, aroma e sabor, e se mantenha sempre fresquinho.
Ela também ressalta a existência de um mestre de torra específico, e que não há nenhum tipo de impureza, apenas grãos selecionados de alta maturação. No que diz respeito à oferta, a empresa trabalha com três versões, que saem por volta de R$ 28 (250g), todas com aroma de frutas secas, notas de chocolate e caramelo, acidez equilibrada, doçura elevada e torra média 100% arábica.
A opção Suave é indicada para as pessoas que apreciam um café raiz com gostinho da fazenda. Já a versão Realeza é indicada para o público que aprecia um café mais cremoso. Por fim, o Blend Gourmet, para os amantes de um café mediano, com o qual é possível sentir o amargor característico da bebida. Para adquirir o produto, basta acessar o site da marca, disponível aqui, ou fazer o pedido pelo WhatsApp (71) 98427-0117.
A loja virtual ainda oferta capuccino gelado, café especial de 1 kg, kit empresa e eventos em geral e o drip coffee, método de dose individual que rende uma xícara do produto.
Por fim, para os apaixonados pela perfumaria, outra aposta da marca é o perfume Genesia’s Coffee, no tamanho de 15 ml. A essência é composta por notas suaves de café fresco.
A Casa do Café
Falando em novas conquistas, Deise pontua a chegada da Casa do Café, cafeteria que será pré-inaugurada nesta segunda-feira (15), na Avenida Concêntrica.
O local é uma parceria do Café da Vovó com a Dionet’s Bala Baiana e a doceria Doçuras da Lu. No cardápio, Lima adianta que, além da bebida, será ofertada uma gama de delicias gastronômicas, com opções sem glúten e zero lactose.
Cafeicultura na Bahia
Historicamente, a Bahia é conhecida por suas plantações de cacau, mas nos últimos anos notou-se um ressurgimento significativo na produção de café. Em meio a condições climáticas favoráveis, solos férteis e investimento em tecnologia agrícola, o estado tem ganhado notoriedade no polo cafeicultor nacional. Alguns municípios específicos, a exemplo de Barreiras, Vitória da Conquista e Piatã, ganham ênfase na produção de café orgânico e de alta qualidade.
Conforme dados do Governo do Estado, a Cooperativa Mista dos Pequenos Cafeicultores de Barra do Choça e Região (Cooperbac) e a Associação dos Pequenos Produtores da Baixa do Lico se enquadram nessa lista.
A Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) reforça que vem estimulando as organizações produtivas de outros territórios a produzirem o café de forma mais qualificada, para que no pós-colheita seja tratado com todo o cuidado e se torne um café de alto padrão, com potencial para disputar em pé de igualdade com qualquer café do mundo em municípios do Médio Sudoeste, Chapada Diamantina, Extremo Sul e Costa do Descobrimento.
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