Bahia
Alba promove debate ‘Racismo não é Mi Mi Mi’
Fanfarra e estudantes do Colégio Estadual Duque de Caxias foram convidados.
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Isabella MotaAo som da música “Protesto”, da banda Olodum, que denuncia a desigualdade social e reivindica a liberdade da população negra, a Fanfarra do Colégio Estadual Duque de Caxias (Fanduc) abriu a roda de conversa ‘Racismo não é Mi Mi Mi’, promovida pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), nesta terça-feira (30).
Pela segunda vez, o auditório Jornalista Jorge Calmon sediou um debate em combate ao racismo, com participação da secretária de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia, Ângela Guimarães, do presidente da Casa, Adolfo Menezes (PSD), do vereador de Salvador Silvio Humberto (PSB) e da professora doutora em Educação Mabel Freitas.
Durante palestra, a intelectual Mabel Freitas afirmou que uma das raízes dos problemas raciais está na concepção preconceituosa de que “pretos são todos iguais”, sobretudo nas ferramentas de reconhecimento facial utilizadas pela polícia, que, segundo ela, encarcera pessoas negras por engano.
Freitas lembra que, após a abolição da escravatura, a população preta foi subjugada e esquecida, o que ocasionou na perpetuação de preconceitos até os dias de hoje. Como o racismo recreativo, que se dá através de piadas e brincadeiras de mau gosto; institucional, dentro de instituições que mobilizam o poder, e o estrutural, por meio da reprodução de comportamentos e ideais racistas.
Em entrevista ao Destaque1, Freitas explicou sobre a importância de falar sobre a pauta fora do Novembro Negro, quando é comemorada a Consciência Negra.
Assista:
“A expressão do racismo não é necessariamente só quando alguém te xinga ou quando alguém te discrimina ao entrar em algum lugar, ou quando alguém esconde a bolsa onde você está”, disse a secretária Ângela Guimarães.
Em discurso, ela afirma que a classificação do racismo como “mi mi mi” é uma tentativa de desqualificar e silenciar as lutas.
Uma pesquisa divulgada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) constatou que oito em cada 10 pessoas enquadram o Brasil como um país racista. Entretanto, apenas 11% se declaravam racistas.
De acordo com a secretária, em razão da ausência de profissionais negros no Judiciário brasileiro, apesar do racismo ser um crime inafiançável, são poucos os casos de denúncias que ocasionam em prisões. “Não gera denúncia, não gera processo, não gera prisão, e nós temos trabalhado contra isso”, afirmou Guimarães.
Conforme explica a secretária, a legislação baiana tem apresentado avanços no combate ao preconceito racial, seja com a construção de políticas afirmativas, seja com leis estaduais para a população negra acessar direitos.
Assista:
O vereador de Salvador Silvio Humberto (PSB) declarou que a educação é uma ferramenta de enfrentamento importante para que jovens negros bem-sucedidos deixem de ser as “exceções”. Humberto convocou os estudantes a lutarem pela ocupação de espaços através dos estudos. Em menção à música do cantor Emicida, o vereador encorajou a juventude a correr atrás dos sonhos: “você é o único representante do seu sonho na Terra”.
“A abolição foi em 1888, são 136 anos que, se tivéssemos igualdade de oportunidades, estaríamos falando de outras coisas. A gente chega em pleno século 21 tendo que provar que somos seres humanos”, destaca Humberto.
O vereador ainda salientou que, apesar da população negra ser a maioria, essa não é a realidade nos cargos de alto escalão. “Quando o presidente Lula esteve aqui, no início do ano, falando do parque tecnológico aeroespacial do Cimatec, e na minha frente estava o oficial da Aeronáutica, sabe quantos pretos tinham? Nenhum! Estamos no século 21”, bradou.
Em entrevista ao Destaque1, o vereador falou sobre a importância de o Legislativo municipal debater sobre o racismo. “Às vezes é uma forma de confundir o racismo com preconceito. Preconceito não estrutura poder, não é uma ideia preconcebida que tem sobre nós, é o racismo estruturando as relações de poder, as relações pessoais”, cravou.
Assista à entrevista:
O deputado estadual e presidente da Alba, Adolfo Menezes (PSD), ressaltou que é importante ter momentos de debate fora dos meses de maio, aniversário da abolição da escravatura, e novembro, Consciência Negra.
Assista:
Em discurso, o deputado lembrou do Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa, promulgado em 2010, que tem o objetivo de garantir a efetivação de igualdade e oportunidades, e o combate às discriminações. O político comentou ainda sobre a distribuição gratuita de exemplares do livro “Educação antirracista com gosto de dendê e cheiro de pitanga”, de autoria de Silvio Humberto e Ângela Guimarães, para universidades e institutos federais, escolas, bibliotecas e todas as prefeituras da Bahia.
O estudante egresso do Colégio Estadual Duque de Caxias e membro da fanfarra há um ano, Caíque Cardoso, falou que é uma honra participar de um evento tão importante.
Assista:
Assista:
Júlia de Jesus, 18 anos, estudante do terceiro ano do colégio, afirmou que se trata de um tema que não deve ser esquecido.
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