Saúde
Tabagismo ainda é maior causa do câncer de pulmão, apontam especialistas
A popularização dos cigarros eletrônicos causa preocupação às autoridades.
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RedaçãoO número de fumantes no Brasil e no mundo vem caindo. Um relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou que a implementação de políticas específicas contra a epidemia do tabagismo fez com que 300 milhões de pessoas deixassem de fumar em todo o mundo nos últimos 15 anos. Porém, os dados ainda estão longe do recomendado, principalmente porque o tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são as principais causas do câncer de pulmão, terceiro tipo de câncer mais comum nos homens brasileiros e o quarto em mulheres no país, sem contar o tumor de pele não melanoma, segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
A estimativa do Inca é de 32 mil novos casos do tumor por ano no triênio 2023-2025. O tabagismo está presente como uma das causas para o câncer de pulmão em 85% dos casos, com o risco de desenvolvimento da doença aumentando quanto maior for o tempo de tabagismo e a quantidade de cigarros fumados. Além disso, outros fatores de risco incluem exposição ocupacional a substâncias como amianto e derivados do petróleo, poluição e o uso de cigarros eletrônicos.
“O câncer de pulmão tem alguns sintomas, principalmente o escarro sanguinolento, dor torácica, falta de ar, emagrecimento sem explicação ou chiado na respiração. Porém, o ideal é fazer o diagnóstico ainda na fase inicial, através de uma investigação de rotina na população de alto risco”, explica Cleydson Santos, coordenador do Hospital Integrado do Câncer do Mater Dei Salvador. O especialista defende também que o Agosto Branco, campanha de conscientização sobre a patologia, tem a importância de “ensinar às pessoas sobre as principais formas de se prevenir deste tipo de tumor”.
O especialista defende ainda a importância de um tratamento horizontal do paciente, de maneira multidisciplinar, envolvendo não apenas o acompanhamento do oncologista, mas também a realização do tratamento adequado e eventual tratamento das complicações no pronto-socorro. “Aqui no Hospital Integrado do Câncer, nós contamos com uma equipe altamente capacitada, que acompanha o paciente em todas as etapas, conhecendo a sua história e proporcionando um atendimento humanizado”, explica Santos. O médico lembra ainda que, quanto mais precoce o diagnóstico da doença, maiores são as chances de cura.
Cigarro eletrônico
No Brasil, os dados mais recentes sobre o tabagismo são da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019, que apontam para uma realidade promissora: o total de adultos usuários de derivados do tabaco no país é de 12,8%. Os números representam uma redução significativa se comparados com os 14,9% apontados pela mesma pesquisa em 2013. Entretanto, a popularização dos cigarros eletrônicos causa preocupação às autoridades.
Apesar de serem proibidos no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, um levantamento realizado pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) mostrou que o número de usuários de cigarro eletrônico quadruplicou entre 2018 e 2022. O primeiro levantamento, em 2018, apontava menos de 500 mil consumidores do produto (0,3% da população). Os dados mais recentes mostram 2,2 milhões de adultos (1,4%) usuários de cigarro eletrônico.
“O uso de cigarros eletrônicos tem crescido principalmente na população mais jovem, mas se engana quem pensa que eles não representam risco à saúde. Ele contém nicotina e várias outras substâncias tóxicas ao pulmão”, explica a pneumologista Fernanda Baptista Aguiar, reforçando que essas substâncias também estão relacionadas a doenças pulmonares e cardiovasculares, além de aumentarem os riscos do surgimento de diferentes tipos de cânceres.
O Dr. Cleydson Santos reforça o posicionamento da pneumologista e sinaliza: “qualquer forma de tabagismo, método ou dispositivo de fumar é perigoso e deveria ser evitado pela população.”
Ações para o Agosto Branco
O Hospital Mater Dei Salvador (HMDS) está com uma série de ações para o Agosto Branco, que incluem o lançamento de um programa de tratamento do tabagismo, rastreamento para o Câncer de Pulmão e a Linha de Cuidado do Nódulo de Pulmão. “O serviço de Medicina Respiratória conta com linhas de cuidados completas, para o público adulto e pediátrico, além de planos terapêuticos que incorporam as mais recentes terapias, que são adaptadas às necessidades de cada paciente”, explica a Dra. Fernanda Baptista Aguiar. Através do programa de tratamento do tabagismo, o paciente passa por uma orientação multidisciplinar para combater o vício.
Além disso, o serviço de Medicina Respiratória do HMDS atua em sintonia com a Radiologia Torácica, o Centro de Radiologia Intervencionista e com o Hospital Integrado do Câncer para a realização de um atendimento multidisciplinar. O serviço abarca a realização de exames e procedimentos, como avaliação completa da função pulmonar, teste cardiopulmonar de exercício, exames de imagem (tomografia computadorizada, ressonância magnética, dentre outros), biópsia guiadas por tomografia, endoscopia respiratória diagnóstica e terapêutica e a realização de cirurgias torácicas respiratórias minimamente invasivas (vídeo assistida e robótica).
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