“A rouquidão muitas vezes é negligenciada pela população”, alerta presidente da ABLV

Apesar de comum, a rouquidão pode ser um sinal preocupante, caso se prolongue por duas semanas ou mais, tendo em vista que pode indicar um alerta para outras doenças mais sérias, conforme afirma a Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABVL) e a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (Aborl-CCF).

Nesta terça-feira (16), Dia Mundial da Voz, a Abvl destaca que entre a série de enfermidades está o câncer de laringe, que tem 90% de chances de cura quando descoberto precocemente. A doença é mais prevalente no público masculino. Já o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima que são 6.570 casos em homens e 1.220 em mulheres, totalizando 7.790 casos no território nacional por ano.

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“A rouquidão muitas vezes é negligenciada pela população, principalmente quando falamos do público masculino, que não tem o hábito de frequentar o médico constantemente como a mulher”, garante a presidente da ABVL, Adriana Hachiya.

Outras doenças que também podem estar associadas à rouquidão, além da gripe e do resfriado, são o refluxo, bem como os tumores benignos e as lesão nas cordas vocais, que se caracterizam sobretudo pela presença de nódulos na região.

A médica ainda ressalta que a persistência da rouquidão é mais comum em pessoas que trabalham com a voz, a exemplo de cantores, locutores e professores. No entanto, ela não é exclusiva para esses grupos e pode atingir qualquer um. Geralmente, o incomodo pode vir acompanhado de outros sintomas, como irritação ou dor de garganta, pigarro, tosse com ou sem secreção, sensação de que há algo preso na garganta, cansaço vocal, entre outros.

“O comportamento vocal pode influenciar o aparecimento de problemas em profissionais ou pessoas comuns. Hábitos como falar alto, sussurrado, com esforço, ou em um tom de voz que é diferente do seu tom original (mais grave ou mais agudo), bem como, falar em locais ruidosos, bem como, não tomar água, fumar ou beber, aumentam a chance de doenças que afetam a voz”, garante a médica.

Medidas preventivas

Quando a rouquidão ultrapassa 15 dias de duração é primordial procurar um otorrinolaringologista, que é o especialista mais indicado para diagnosticar o problema.

O determinado profissional vai fazer uma avaliação do histórico clínico e realizar alguns exames de praxe, como a laringoscopia, procedimento que permite observar a laringe e faringe com o auxílio de um aparelho, além de testes laboratoriais e, se necessário, uma investigação radiológica ou ainda uma biópsia.

“Dependendo da causa da rouquidão o médico pode indicar o uso de medicamentos, mudança de hábitos alimentares ou comportamentais  ou outros recursos terapêuticos como a fonoterapia. Se houver suspeita de câncer de laringe, o paciente será encaminhado para uma biópsia. Se comprovado um câncer, será definido o melhor tratamento para o paciente, dependendo da gravidade da doença e incluir uma cirurgia endoscópica, radioterapia, quimioterapia ou cirurgias maiores como a laringectomia total”, esclarece Adriana.

Campanha

Para alertar a população sobre a importância e os cuidados necessários com o aparelho fonatório, a Academia Brasileira de Laringologia e Voz, em parceria com a Aborl-CCF promovem desde sábado (13), até o dia 19 de abril, a 26ª Campanha Nacional da Voz, que esse ano tem como temática ‘Nós cuidamos da sua voz para o mundo todo ouvir’.

Campanha no Hospital das Clínicas da Fmusp. Foto: Reprodução

“Vamos transmitir informações sobre os cuidados e prevenção de problemas com a voz para a comunidade e, principalmente, para profissionais que usam a voz como instrumento de trabalho, como cantores, apresentadores, repórteres, locutores, professores, feirantes, entre outros”, explica a presidente da ABLV.

A iniciativa reúne médicos instruindo profissionais de saúde e a população sobre os sinais e sintomas, o diagnóstico e tratamentos de problemas que afetam a voz, bem como respondendo às dúvidas em bate-papos ao vivo pelo Instagram @otorrinoevoce, canal idealizado pela Aborl-CCF.

A ação ainda conta com a participação de artistas, a exemplo do ator Miguel Falabella, e os cantores Xande de Pilares e Adriana Calcanhotto, propagando informações sobre a prevenção e o cuidado com a voz.