Saúde
Bahia registra oitavo óbito por dengue; especialista esclarece sintomas e medicamentos contraindicados
Até o momento, mais de 19.400 casos da doença foram registrados no estado.
Publicado
em
Por
Isabella MotaA Bahia já contabilizou oito mortes por dengue. Até o momento, mais de 19.400 casos da doença foram registrados no estado, conforme dados compartilhados em reunião do Fórum de Vigilância Epidemiológica, realizada no Ministério Público estadual, na última quarta-feira (27). De acordo com a Secretária de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o estado é o primeiro do Nordeste em número de casos de dengue e alcança a 15ª posição do país. São 129 municípios em epidemia, alto risco, alerta ou com casos grave.
Esse cenário tem mobilizado a população para cuidados preventivos de combate à propagação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Mas como identificar os primeiros sintomas da dengue? Quando é necessário buscar atendimento médico? Quais medicamentos devem ser evitados em caso de suspeita da doença?
De acordo com o médico especialista em Medicina Interna e Gastroenterologia, mestre em Saúde Tropical, Irineu dos Santos Viana, a dengue pode ser assintomática ou apresentar-se como uma doença febril leve e autolimitada, sendo a segunda a sua apresentação mais comum. “Os sintomas da dengue são inespecíficos, assemelhando-se a outras viroses, e incluem febre, dor de cabeça, dores musculares e articulares, dor retro orbitária (região atrás dos olhos), fadiga, erupções cutâneas, náuseas e vômitos”, explica o médico, que também é professor e coordenador do curso de Medicina da UniFG, campus Brumado, parte integrante da Inspirali, melhor ecossistema de educação em saúde do país.
Viana destaca que uma minoria dos casos pode evoluir para uma forma grave, com possibilidade de levar ao óbito por choque hipovolêmico, insuficiência respiratória, hemorragias (dengue hemorrágica) e comprometimento de órgãos como miocardite, hepatite, colecistite ou pancreatite.
“Os sinais de alerta que indicam uma maior gravidade da doença são dor ou desconforto abdominal, vômitos persistentes, sangramentos de mucosas, edemas, sonolência, letargia ou irritabilidade, hepatomegalia (aumento do fígado) e hemograma revelando aumento do hematócrito e diminuição da contagem de plaquetas”, chama a atenção o professor.
O professor ressalta que em casos de suspeita de dengue alguns medicamentos precisam ser evitados. “O uso de anti-inflamatórios não esteroidais, como o ácido acetilsalicílico (AAS/Aspirina) e outros, como o Ibuprofeno, deve ser evitado, pois agem na agregação plaquetária, interferindo na coagulação sanguínea, podendo precipitar hemorragias e a forma grave da doença”, alerta.
Segundo Irineu, a população precisa buscar atendimento, inicialmente ambulatorial, caso apresente sintomas. “É necessário para que o paciente seja avaliado e classificado quanto à forma da sua doença, com orientações para reconhecimento precoce dos sinais de alerta, momento em que deverá retornar à unidade de saúde. Deverão ser hospitalizados aqueles com doença grave, que evoluem com sinais de alerta, os que tem outras comorbidades e os pacientes incapazes de se manterem hidratados com ingestão oral”, esclarece.
Tratamento
Os cuidados se baseiam no alívio dos sintomas, com repouso, hidratação adequada, medicamentos para controle da dor e da febre, a exemplo do Paracetamol, e monitoramento rigoroso para detectar sinais precoces de gravidade. Segundo Viana, nos casos de maior gravidade, o internamento hospitalar é essencial para hidratação intravenosa, transfusão de hemoderivados (concentrado de hemácias e plaquetas) quando necessário e cuidados intensivos, com suporte ventilatório, em casos de insuficiência respiratória.
“É importante destacar que as condutas devem ser individualizadas, e a avaliação médica é fundamental para uma melhor orientação e evitar possíveis complicações da doença. Tão importante quanto o tratamento são as medidas de prevenção, visando reduzir a proliferação do Aedes aegypti e proteger as pessoas da picada deste mosquito. Além disso, no Brasil, duas vacinas foram liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Dengvaxia e a Qdenga, esta última recentemente incorporada ao Programa Nacional de Imunizações do SUS, destinada a grupos específicos da população brasileira”, finaliza o professor da UniFG/Inspirali.
Leia Também
-
Dengue: após vacinas esgotarem, Camaçari deve receber novo lote com 3.476 doses
-
Sesi Bahia abre inscrições para curso virtual e gratuito sobre criminalização do bullying e cyberbullying
-
Júnior Muniz defende criação do ‘Certificado Colégio Amigo do Autista’ na Bahia
-
Em preparação para o São João, sanfoneiro Jó Miranda lança ‘Saudade Dói’; ouça música
-
Decola: programa de estágio da Solar Coca-Cola tem vagas para Salvador
-
“Eu não resolvo só abrindo hospitais”, dispara Jerônimo sobre críticas à regulação e ao HGC