Opinião
O campo político e as eleições de 2024
A candidatura de Flávio Matos é uma novidade gerada no campo político.
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Com a aproximação das eleições municipais, os debates sociais em torno das estratégias e articulações políticas se avolumam. Nos mais diversos espaços de sociabilidade, como bares, barbearias, feira e praças, o tema começa a aparecer como parte dos debates triviais e cotidianos, sobretudo com as movimentações do campo político.
Aliás, o campo político é um conceito muito relevante para as Ciências Sociais. Pierre Bourdieu (1930-2002) compreende o campo político como um universo movido por interações, articulações e manifestações que obedece as suas próprias leis e conjunto de regras. Ou seja, um campo de disputas, dominado por estratégias, articulações e proposições que dizem respeito a uma lógica específica desse espaço.
Um exemplo emblemático do comportamento particular do campo político é a lógica em torno das lideranças. A liderança é um figura ligada diretamente ao potencial candidato, carregando consigo a responsabilidade de aumentar a composição dos votos. A sua atuação, por vezes, é objeto de cobiça, possibilitando movimentos de infidelidade programática e ideológica. A sua importância está no seu posicionamento diante do campo político, pois transita entre o seu interior e o exterior, entre o espaço de relações políticas e o cotidiano da população.
Quando o campo político apresenta novidades e movimentações internas, os reflexos no contracampo ou extracampo (uma maioria que não participa diretamente do campo) são imediatos. Isso, inclusive, é um efeito simbólico da proximidade das eleições, sobretudo quando o escrutínio é municipal e a relação da população com o campo político é de maior proximidade ou intimidade.
Na medida em que o campo se movimenta apresentando novidades, a aposta é que os debates se consolidem nos espaços sociais externos ao campo.
A candidatura de Flávio Matos é uma novidade gerada no campo político. O desafio do seu grupo (leia-se também as lideranças) é cristalizar a candidatura para além do campo, tornando-a competitiva e favorita diante dos desafios que se impõem.
Bruno Evangelista é sociólogo, doutor em Ciências Sociais e servidor público.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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