Opinião
Transporte público de Camaçari através das décadas, o que mudou?
O transporte do futuro precisa sair da década de 90.
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Hyago CerqueiraO transporte público de Camaçari tem sido tema de debates importantes nos últimos anos, seja por sua falta completa ou pela má qualidade do serviço ofertado. Mas sempre foi assim?
A cidade petroquímica já passou por várias fases, e o crescimento desordenado ampliou suas comunidades. Em certa época, ir ao Centro andando era comum para muitas pessoas, mas para quem morava nos bairros mais distantes, como a Gleba E, havia uma linha saindo de lá, cortando o Centro, em direção ao Hospital Geral de Camaçari (HGC). Era amarelo e verde, o Praviver. Com tarifa no valor de R$ 0,50, o velho Praviver fazia a linha Gleba E via C, e Gleba E via Phoc. As duas linhas tinham como destino final a Gleba E, mas um passava pela Gleba C, outro pelos Phocs, e o destino inverso era o HGC. Eram apenas essas linhas que a empresa operava.
O tempo passou, e o transporte alternativo começou a ganhar força na cidade, ocasionando a criação de duas cooperativas, a Cooastac, com linhas na sede, e a Cooperunião, que assumiu as linhas da sede para a orla. As cooperativas tinham como frotas as kombis, topics, bestas, entre outras vans da época, que muitas vezes eram irregulares. Inicialmente, os alternativos faziam as mesmas linhas da empresa titular, mas logo após, passaram a sair das linhas, levando os passageiros até o mais próximo de suas residências, o que era difícil para a Praviver, devido ao tamanho dos ônibus.
Um tempo depois, a empresa Viação Cidade Industrial (VCI) entrou no circuito e assumiu algumas linhas ainda com ônibus grandes, mas não demorou para perceber que precisava utilizar veículos menores para circular em alguns bairros, como os micro-ônibus, mas também ocorreu a superlotação dos veículos. Com a saída da Praviver, a VCI assumiu as linhas e operou na cidade até 2020, quando anunciou o encerramento das operações.
Nesse meio tempo, as cooperativas cresceram e passaram a utilizar micro-ônibus também, seguindo a tendência lançada pela VCI, abandonando as vans. Mas ainda assim havia uma corrida contra o tempo para pegar mais passageiros do que outros ônibus da linha, o que deixava a viagem mais desconfortável e perigosa. Com o encerramento das operações da VCI na sede, a Cooastac assumiu as linhas, mas não durou muito e também encerrou as operações, deixando os passageiros sem transporte público durante dois anos, apenas com transportes alternativos.
A cidade só passou a ter transporte público novamente em junho de 2023, quando foi implantado o Vai Camaçari, em concessão com as empresas Radial, DZSET e Safira, operando desde então. Porém, o que se esperava da nova proposta de transporte público era um serviço funcional, com ônibus novos e sem perrengue para a população, o que não aconteceu. Corriqueiramente, os ônibus quebram durante o trajeto, e já houve relatos de ônibus com infiltrações durante o período de chuva, molhando os passageiros dentro do ônibus, além da discrepância de valores, que não condizem com o serviço ofertado.
O transporte público perdeu muito espaço para o transporte de aplicativo, porém, apesar de novo, o Vai Camaçari tem o mesmo formato utilizado pela VCI, Cooastac e Cooperunião. O tempo passou, e a cidade cresceu. Hoje, o transporte precisa ser repensado, levando em consideração cada bairro e seus acessos. Está na hora de Camaçari ter um transporte público que seja realmente atual.
Camaçari tem potencial e recurso para implantação de linhas com ônibus modernos e climatizados, e se possível, elétricos, já que a BYD está em processo de implantação na cidade. Um dos fatores que facilitariam a ligação entre sede e orla seria a instalação de terminais rodoviários, barateando o custo com combustível e reduzindo o valor das passagens para o consumidor final. Isso sem falar da possibilidade de trens ou metrô, mas isso é muito avançado para se debater. O transporte da Camaçari do futuro precisa sair da década de 90 e avançar muito para que tenhamos uma cidade realmente interligada.
Hyago Cerqueira é jornalista do Destaque1 e pós-graduado em Comunicação Esportiva.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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