Opinião
Prefeitura ‘torra’ R$ 9 milhões no pior São João da história de Camaçari
O evento perdeu protagonismo na Região Metropolitana de Salvador.
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Gabriela MendesO Camaforró deste ano deixou muito a desejar. Foi considerado o pior de todos os tempos pelo público, com uma grade de atrações que não se conectou ao gosto popular e uma série de problemas estruturais, alguns deles básicos, mas que foram negligenciados pelo prefeito Elinaldo e sua equipe de trapalhões. O fiasco do São João em Camaçari, afinal, derrubou o mito da competência da Coordenação de Eventos da Prefeitura.
Houve a exclusão sistemática de artistas locais com trabalhos sólidos, o que gerou insatisfação na comunidade artística e no público habituado com a cena musical da nossa cidade. Os vetos ao cantor Bimbinho, cria de Camaçari com participação de destaque, inclusive no programa Vídeo Show, da Rede Globo, e ao forrozeiro Edy Xote e Elly Nascimento (ganhadora da melhor voz de Camaçari) são exemplos disso.
Diante de tamanha desorganização e desprezo do Poder Público, o Camaforró perdeu protagonismo na Região Metropolitana de Salvador, ficando atrás de cidades como Candeias, São Francisco do Conde, Mata, Pojuca e São Sebastião do Passé. Essa situação levou a uma evasão do público de Camaçari para as cidades vizinhas, impactando negativamente na festa e no município, que mais ficou parecendo uma cidade fantasma durante os festejos juninos.
Os barraqueiros, por sua vez, enfrentaram enormes prejuízos, uma vez que a prefeitura não negociou com as cervejarias para que pudessem operar no regime de “comodato”. Isso significa que eles precisaram pagar, muitos recorrendo a agiotas, pela cerveja que não conseguiram vender, resultando em prejuízos significativos que provavelmente comprometeram o ano inteiro desses pais e mães de família.
O comércio local também sofreu com as baixas vendas durante todo o mês de junho, refletindo o desaquecimento da cidade. Para vocês terem ideia do absurdo, os servidores públicos passaram o São João sem receber o salário, sendo que a prefeitura poderia ter feito o adiantamento das remunerações. Tudo isso é consequência de uma gestão desastrosa e incompetente, que governa de costas para o povo e não se preocupa com o bem-estar dos cidadãos de Camaçari.
É lamentável ver o fracasso de uma festa tão tradicional como o Camaforró, e isso reflete diretamente nas pessoas que vivem e moram em Camaçari. É urgente uma mudança de postura e uma gestão comprometida com o desenvolvimento de quem vive e mora aqui. E eu, como camaçariense e apaixonada pelo forró tradicional e das antigas, não poderia deixar de registrar o que presenciei.
Gabriela Mendes é mulher camaçariense, esposa, mãe, militante da área de segurança alimentar, nutricionista materno-infantil, mestre em Saúde Coletiva e professora de Políticas Públicas.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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