Educação
Personalidades negras e indígenas são homenageadas em Clube de Leitura do Maria Quitéria
Entre as figuras lembradas estão Marielle Franco, Davi Kopenawa, Carolina Maria de Jesus e Gilberto Gil.
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Mirelle LimaDestaque no que se refere à educação antirracista em Camaçari, o Centro Educacional Maria Quitéria realizou mais um projeto que fortalece o papel das escolas públicas no combate às desigualdades sociais.
Com a finalidade de homenagear personalidades negras e indígenas, o Clube de Leitura contou com a participação de 22 turmas e culminou em apresentações expositivas. A ação teve início em abril com discussões na sala de aula e foi finalizada nesta sexta-feira (28), com explanações culturais e educativas.
Entre as figuras homenageadas estão Marielle Franco, Davi Kopenawa, Carolina Maria de Jesus, Solange Borges, Milton Santos e Gilberto Gil. “A gente queria homenagear personalidades negras, indígenas, tradicionais e afro-brasileiras. A gente pensou em ter um clube de leitura para que todos os meninos pudessem ter esse conhecimento. Então, o clube de leitura nasce assim, para essa reparação histórica, e ao mesmo tempo essa homenagem aos povos que fizeram nossa história”, explica a coordenadora Telma Barreto em entrevista ao Destaque1.
Assista:
O Maria Quitéria tem como base a educação antirracista desde 2017. No ano passado, a instituição ganhou destaque nacional quando a professora de Língua Portuguesa Vitalina Silva foi a grande campeã do Prêmio do Movimento LED – Luz na Educação, na categoria “Educadores” devido às ações de combate ao racismo implantadas na sala de aula.
“O projeto Clube de Leitura do Centro Educacional Maria Quitéria é de fato uma amostra de como uma escola empenhada em realizar uma educação disruptiva pode fazer. Ano passado nós tivemos uma experiência que não foi envolvendo toda a escola, mas que rendeu uma projeção profissional do projeto da educação antirracista, e essa atividade é mais um desdobramento desse processo de que a escola está empenhada em fazer, que é uma educação disruptiva, uma educação antirracista, e isso tem mexido com a estrutura da escola no sentido de envolver a todos”, afirma Vitalina.
“Nós sabemos que temos problemas, isso é comum em qualquer escola do Brasil. Mas o nosso foco não são os problemas. O nosso foco é a solução. O nosso foco é o que a gente pode fazer de melhor”, enfatiza a professora.
A conscientização sobre questões que visam dar protagonismo às pessoas negras ultrapassou os muros da escola e tem impactado o cotidiano dos estudantes para além das aulas.
“Tem pessoas fazendo o relato do comportamento dos alunos fora da escola, com a postura, a forma como falam, como andam, as meninas aceitando o próprio cabelo, se empoderando, já dizendo que tem voz e já tendo defesas em relação ao racismo. Então, hoje eles já dizem o que é racismo e o que é bullying, eles conseguem identificar, e os pais também já vêm mostrando reconhecimento por nossa atuação”, destaca Telma.
O mesmo é percebido por Vitalina, que evidencia o impacto da educação na formação do indivíduo. “Com isso a gente vai formando seres humanos, indivíduos mais conscientes da sua própria história e de que a gente precisa estar atento a toda essa questão que é básica da nossa sociedade, o racismo que está estruturado, e a gente só combate quando a gente tem ferramentas pra isso. Então essa foi a forma que a escola compreendeu de envolver alunos e professores na pesquisa, na busca dessas personalidades que tanto têm a nos dizer em relação à luta e às batalhas que têm travado para gente construir uma sociedade melhor”, diz a professora.
Ao analisar a trajetória das ações realizadas pelo Maria Quitéria desde 2017, a coordenadora Telma pontua que houve evolução na quantidade de professores envolvidos nas ações de educação antirracista, mas ainda há adversidades a serem enfrentadas.
“Na minha concepção, a principal dificuldade ainda é a aceitação do profissional e entender a importância desse tema. Existem pessoas que são pretas e não se veem como pretas. Então, pra você conseguir convencer uma pessoa de que ela sofreu racismo, quando ela entrou na loja e foi perseguida, quando ela não se vê como preto, é muito difícil. E a questão financeira sempre aperta a gente. Em 2017 nós tivemos a participação de seis professores, e hoje a gente teve 50, então é um passo bem largo, mas ainda tem pessoas que não entendem a luta contra o racismo, da importância da escola pública ser antirracista”, frisa a coordenadora.
“É um caminhar muito lindo, porém a gente entende que nós ainda não estamos 100%, atingido 100% do público, tanto professor, aluno, como os funcionários, porque ainda tem uma questão de aceitação. Sou eu me ver como mulher branca, lutando por uma causa, ou me ver mulher preta dentro desta causa. Então a gente ainda tem alguns caminhos para traçar, mas a gente está indo muito bem. Estamos felizes com os resultados”, ressalta Telma.
A próxima ação do Maria Quitéria ocorrerá em novembro, quando será realizado o Festival de Reparação.
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