Opinião
Opinião: o choque cultural e a liberdade dos torcedores na Copa do Catar
Cautela dos visitantes será fundamental para boa estadia no país.
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Hyago CerqueiraTodos já sabem que a Copa do Mundo este ano será no Catar, sendo o primeiro campeonato mundial de seleções de futebol a ocorrer no Oriente Médio, em um país onde a principal religião é o Islamismo.
É natural que em um evento esportivo gigante como esse, exista um grande número de estrangeiros circulando pelo país sede, com uma mistura de culturas em que cada um mostra a sua forma de torcer dentro e fora do estádio. Porém, o mundial do Catar pode ser um pouco diferente dos realizados até então.
Isso porque a cultura catarense é um tanto quanto diferente do que as pessoas do Ocidente estão acostumadas, podendo causar um choque cultural para os visitantes. Costumes como consumir bebida alcoólica, toques físicos e demonstração de afeto, estilo de vestimenta, fazer uso de tabaco e entorpecentes, falar palavrões, fazer gestos obscenos, em público são proibidos no país.
Ou seja, mesmo no calor que pode variar em entre 28º a 36º, a pessoa vai precisar estar coberta, completamente diferente da cultura brasileira, que em dias de calor, o habitual é usar bermuda e camisa regata. No caso das mulheres ainda há um agravante, pois elas precisão cobrir a cabeça.
Um caso que se tornou público no início deste ano evidenciou o risco à liberdade de quem visitar o país durante a Copa. Uma jornalista mexicana, que tentou denunciar uma agressão que havia sofrido, foi presa e condenada a 100 chibatadas e sete anos de prisão. Na ocasião, a jornalista alega que os policiais solicitaram um teste de virgindade. Levando em consideração que aqui no Brasil o agressor poderia ser condenado por lesão corporal, lá, a vítima se tornou ré.
Autoridades de diversos países já estão orientando os torcedores que irão ao Catar para que não haja o dito “choque cultural”, como por exemplo, nesta semana a torcida do México foi orientada a não levar tequila para a Copa. Outros países já planejam produzir uma cartilha com orientações de como se portar em uma cultura muçulmana.
Resumidamente, o Catar não é o melhor local para sediar um dos maiores eventos esportivos do mundo. A cultura machista, homofóbica e o ambiente hostil e desfavorável para grande massa, pode diminuir as bonitas festas das torcidas nas ruas e nos estádios.
Contudo, quem vai estar no Catar precisa estar atento a tudo citado a cima. Já para nós que vamos acompanhar de casa, é importante ficar em alerta para todos os relatos que possa haver nesse período e acompanhar todo desenrolar durante o mundial.
A Fifa e o comitê executivo poderiam levar em consideração o bem estar do torcedor na hora de escolher o país sede da Copa do Mundo, mesmo os mais ricos como o Catar, afinal, sem público, não há espetáculo. Porém, creio que essa pode ser uma oportunidade para entender que a participação do torcedor é fundamental, e ele precisa estar num lugar em que possa ser quem realmente é.
Hyago Cerqueira é jornalista do Destaque1 e pós-graduando em comunicação esportiva.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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