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Maternidade e produção de conteúdo: doulas camaçarienses utilizam a internet para criar rede de apoio
Rafaela Melo e Maria Elaine utilizam as redes sociais para compartilhar experiências e falar de maternidade real.
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Mirelle LimaNos últimos anos, a internet tem se tornado uma ferramenta de rede de apoio para as mães que acompanham, em diversas plataformas, conteúdos sobre gravidez e maternidade. De acordo com dados da MindMiners, 55% das mães brasileiras seguem produtoras de conteúdo sobre o tema.
O crescimento no interesse por esse nicho demonstra que as mães da geração atual pretendem fazer novas escolhas e tratar determinadas questões de forma diferente das gerações anteriores.
Em Camaçari, as doulas Rafaela Melo [conheça aqui] e Maria Elaine [conheça aqui] utilizam as redes sociais para compartilhar experiências e debater temas importantes relacionados à maternidade. Em entrevista ao Destaque1, elas contam sobre a relevância de criar um espaço online para falar livremente sobre o tema.
Aos 30 anos, Rafaela Melo é mãe de quatro filhas e se tornou doula após presenciar um parto domiciliar planejado. “Experienciar um nascimento respeitoso foi um divisor de águas. Ali eu vi que precisava fazer a minha parte para que esse movimento da humanização, do nascer com respeito, chegasse a mais e mais mulheres e suas famílias”, relata.
Para Maria Elaine, 37 anos, mãe de dois filhos, o desejo de se tornar doula surgiu depois da sua primeira gestação, quando contou com o auxílio de uma doula. “Eu percebi como foi importante para o meu feminino contar com a ajuda de uma mulher que tinha conhecimento técnico, mas que tinha o suporte emocional necessário para me oferecer nessa época da gestação. Como eu era uma mulher sozinha, meus pais moravam longe, eu era recém-chegada na Bahia, eu não tinha rede de apoio, e foi a doula que me deu esse suporte”, explica.
Rafaela, que também é educadora parental, afirma que através da internet pretende despertar a consciência de que ser mãe não é fácil, mas que existem maneiras de tornar o processo mais leve. “Há ferramentas que podem facilitar esse nosso caminho. Montar uma aldeia de apoio, trazendo informações de doula pra gestantes e famílias, e de mãe pra mãe também”, afirma.
Maria Elaine também atua como consultora de aleitamento materno e percebeu na internet a oportunidade de ampliar o apoio para as mães. “Eu senti a necessidade de ampliar a rede de cuidado a essas mulheres. Eu já fazia rodas de conversa presenciais, e quis criar um espaço com informações de qualidade para deixar as mulheres seguras. Ampliar essa rede de conhecimento e empoderamento através da gestação, do parto e do pós-parto. Na maternidade não se fala só sobre uma das fases, a gente fala como um todo, e eu pretendo inclusive criar um grupo para mães que são mães de crianças e adolescentes”,
“As redes sociais hoje têm sido uma forma mais rápida e mais ampla para fazer circular informações. Vi como uma oportunidade bacana de mostrar que a maternidade e suas questões não precisam ser solitárias. Tem uma mulher, mãe aqui do outro lado, vivenciando muito do que a outra está vivendo, então por que não partilhamos e unirmos nossas vozes?”, ressalta Rafaela.
Apesar dos benefícios de consumir conteúdos sobre maternidade nas redes sociais, há uma linha tênue entre a inspiração e a comparação. O fortalecimento da ideia de maternidade perfeita, incentivada por algumas produtoras de conteúdo, pode gerar o descontentamento para as mães que não se identificam com aquela realidade.
De acordo com estudo feito pela plataforma especializada em maternidade Trocando Fraldas, 70% das brasileiras sentem que sua realidade de maternidade é diferente das influenciadoras digitais.
“A gente precisa falar sobre a maternidade não romantizada, essa maternidade que é minimizada nas redes de comunicação, para que essas mulheres não se sintam frustradas quando não alcançam um ideal de maternidade que é vendido”, frisa Maria Elaine.
Por isso, Rafaela destaca a necessidade de abordar a maternidade de forma real na internet. “Não fazer mais calar nossas dores. Temos um amor incondicional por nossos filhos, mas isso não significa que estaremos felizes o tempo inteiro, e tá tudo bem. A maternidade não é pra ser perfeita, é para ser possível”.
Maria Elaine aponta que as mães precisam manter viva sua individualidade e entender que são passíveis de erro. “A importância é que essas mulheres se reconheçam como humanas, como passíveis de erro. Estamos em aprendizado contínuo, e não devemos abrir mão de quem nós somos porque somos guardiãs de uma vida. Claro que a gente tem que abrir espaço para que a maternidade se estabeleça, mas não é saudável esquecer quem nós somos, seres humanos com nossos erros, inseguranças e tudo mais. Temos que ter esse olhar amplo da humanidade das mulheres que são mães”.
“Precisamos desfazer essa ideia de que ser mãe é ser super-heroína e ter superpoder. Choramos para dar conta de tudo e todos. Somos humanas, cansamos, erramos, mesmo vivendo as alegrias do maternar. Ser mãe é ser resistência”, finaliza Rafaela.
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