Economia
Hibernação da Fafen em Camaçari é suspensa temporariamente
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Hoje, 31 de janeiro, era a data prevista para que as unidades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) em Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE) encerrassem suas atividades na região. No entanto, liminar expedida pela Justiça teria impedido o fechamento da fábrica em território baiano.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro), Valter Paixão, a Fafen e mais 15 empresas do Polo Industrial entraram com ação para anular o processo de hibernação.
“Hoje saiu a liminar das empresas do Polo Petroquímico que têm interesse que a Fafen continue sendo da Petrobras e continue operando. Então, a Justiça deu essa liminar e a gente soube agora que a Petrobras comunicou à gerência, aos funcionários, que a hibernação foi suspensa até conseguirem derrubar a liminar”, conta Paixão.
Ontem (30), 2 mil pessoas participaram de um protesto na porta da fábrica, entre funcionários da Fafen, terceirizados e trabalhadores de outras companhias. A programação do sindicato era iniciar um acampamento na parte externa para pressionar a Petrobras a revogar a hibernação. Com o adiamento, as manifestações foram suspensas.
No começo do mês, a estatal emitiu um comunicado afirmando que havia iniciado processo de pré-qualificação para os interessados em participar do arrendamento das duas fábricas. Segundo a Petrobras, essa seria uma alternativa ao fechamento, mas até o momento não há uma posição sobre a venda para terceiros.
Conforme o Sindipetro, com a hibernação da Fafen em Camaçari 470 funcionários terceirizados seriam demitidos e 290 diretos deverão ser transferidos para outros estados. “E muitos não querem, estão ameaçando até pedir demissão, devido não querer ir para outros estados, porque uma vida já foi construída aqui”, comenta o diretor. Além dos prestadores de serviços como entregadores, trabalhadores da construção civil, fornecedores de água e alimentos, taxistas, entre outros.
Os insumos fabricados pela Fafen são utilizados na indústria de alimentos, produção de cosméticos, indústria farmacêutica, produtos de limpeza, alimentação de animais, fabricação de resinas sintéticas, plásticos, etc. Por esse motivo, Paixão teme também pelo fechamento das empresas que dependem de matéria-prima produzida pela Fafen, já que as companhias do Polo trabalham de forma integrada, fornecendo insumos e produtos umas às outras.
“A gente não sabe nem calcular o que é que vai acontecer com esses trabalhadores. Porque se essas empresas fecharem, eles [os trabalhadores] também vão perder os empregos, porque o Polo é integrado”, comenta.
Conforme levantamento do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (INEEP) e do Núcleo de Estudos Conjunturais da Universidade Federal da Bahia (NEC/UFBA), a Braskem, Oxiteno, Acrinor, Proquigel, IPC do Nordeste, PVC, Heringer, Fertpar, Yara, Masaic, Cibrafertil, Usiquímica, Adubos Araguaia, Carbonor, IPC e White Martins serão atingidas diretamente com a hibernação. Para continuarem a desenvolver os seus produtos teriam que recorrer às importações, o que pode implicar no aumento de custo e dificultar a logística. “Não tem como a empresa que depende de uma amônia ou ureia conseguir esse fornecimento em tempo recorde, antes do fechamento”, fala Paixão.
A Petrobras afirma que o fechamento se deve a falta de interesse da estatal em permanecer no mercado de fertilizantes. Em comunicado ao mercado em março de 2018, afirmou que juntas, as duas unidades somaram um prejuízo de R$ 800 milhões em 2017.
A Fafen em Camaçari é uma unidade de fertilizantes nitrogenados com capacidade de produção total de ureia de 1.300 toneladas por dia. A fábrica comercializa também amônia, gás carbônico e agente redutor líquido automotivo (Arla 32).
Mas para Valter Paixão trata-se de um projeto de desmonte da Petrobras, pois o Governo Bolsonaro já sinalizou a intenção de vender as refinarias localizadas no Nordeste: Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará; a Usina de Biodiesel em Candeias, a BR Distribuidora e a Liquigás.
“A Petrobras é uma empresa integrada, ela quer se desfazer de todas as outras empresas para ficar somente com algumas plataformas de petróleo e dentro do mar”, avalia.
Outras consequências são apontadas pela diretoria do Sindipetro, que afirma que o preço dos alimentos poderá aumentar por conta da falta de fornecimento de ureia, “que é o principal fertilizante utilizado na agricultura”. Segundo o sindicato, a Fafen é responsável por atender a 30% do mercado nacional de fertilizantes.
Para além do ramo alimentício, o setor de saúde também poderá ser prejudicado. O fechamento da Fafen impacta a produção da Carbonor S.A, única detentora de tecnologia de produção de bicarbonato de sódio para uso farmacêutico e em especial para hemodiálise no Brasil e alguns países na América do Sul.
A Carbonor utiliza o dióxido de carbono (CO²) na forma gasosa, recebido por tubovia da unidade da FAFEN-BA, para a produção de bicarbonato de sódio.
“Nós não vamos aceitar o hibernação de Fafen e nem de nenhuma outra unidade da Petrobras”, declara o sindicalista.
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Jose da Silva
31 de janeiro de 2019 at 17:24
E quem vai bancar o custo de mantê-las abertas? A Petrobras continua absorvendo.. e repassando para toda a sociedade ? (cobrando mais nos seus derivados por exemplo…)