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Festa de Reis: desfiles e missas marcam celebração em Salvador
Na capital baiana, data é tradicionalmente celebrada pela Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, na Lapinha.
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RedaçãoConta a Bíblia que três reis magos, Melchior, Gaspar e Baltazar, deixaram o Oriente e, guiados pela Estrela D’Alva, viajaram até Jerusalém para reverenciarem ao recém-nascido Jesus. O episódio teria ocorrido poucos dias após o Natal; no calendário gregoriano, que usamos atualmente, seria em 6 de janeiro. Na tradição católica, o dia ficou conhecido como ‘Dia de Reis’ ou ‘Dia dos Santos Reis’, e é celebrado de diferentes formas, marcando o fim do período natalino.
É nesse dia que são tradicionalmente desmontados os presépios e retiradas as decorações natalinas, marcando o fim do período. Inclusive, em muitos países de maioria católica, como o México e outras nações latino-americanas, os presentes de Natal são trocados no dia 6, e não em 25 de dezembro, relembrando o ato dos reis magos há mais de 2 mil anos.
Em Salvador, a Festa de Reis é a segunda do calendário de festas populares do ano, após a de Bom Jesus dos Navegantes, no dia 1º. É tradicionalmente celebrada pela Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, na Lapinha. Assim como no Natal, os fiéis comemoram ‘de véspera’, desde a noite do dia 5, e as missas seguem ao longo de todo o dia 6.
A programação religiosa de Reis começou na quarta-feira (3), com o tríduo, que são três dias de missas às 19h, antecipando o 6 de janeiro. No sábado, que é o Dia de Reis, ocorrem três celebrações: a Alvorada, às 6h; seguida de missa, às 8h, presidida pelo pároco, padre Romildo Pires; e outra missa, às 19h, com o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, Dom Marco Eugênio Galrão.
Ainda no sábado (6), logo após a missa das 19h, o Terno da Anunciação volta a se apresentar no Largo da Lapinha, em frente à igreja. “É o único terno que desfila no sábado. A gente não tinha essa tradição antes, mas como o dia 6 é o principal, com todas as celebrações religiosas, decidimos também nos apresentar. Vamos até a praça, nos apresentamos e retornamos. No dia 5 é diferente, o Terno da Anunciação dá uma volta pela Soledade, passando por ruas do bairro, e volta para se apresentar no Largo da Lapinha”, explica Alfonso Bouza Alvarez Júnior, colaborador da paróquia.
A cada noite do tríduo e também no dia festivo, os fiéis são conclamados a realizarem gestos concretos por meio da doação de itens como copos descartáveis, água sanitária, sabão em pó, desinfetante e detergente.
Ternos
A celebração da Lapinha, na realidade, chama-se Epifania do Senhor, relacionada ao reconhecimento de Jesus Cristo como o legítimo salvador de todos os povos. Ela, no entanto, ficou popularmente conhecida como Festa de Reis ou Terno de Reis, inspirada na tradição portuguesa.
Na noite do dia 5, logo após a missa das 19h na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Lapinha, desfilam pelas ruas do bairro os Ternos de Reis. São grupos de fiéis que se apresentam diante dos presépios reunindo música – sobretudo samba de roda – estandartes decorados, faixas, roupas coloridas, bandeiras e outras peças típicas do folclore religioso baiano e brasileiro.
História
Foi na Lapinha que os Ternos de Reis nasceram, nas apresentações da Festa da Epifania do Senhor. Porém, os grupos ficaram mais conhecidos pela população soteropolitana ao participarem das festas de Senhor do Bonfim, de Santana, no Rio Vermelho, dos Mares e de Itapuã, entre outras celebrações religiosas populares.
Estudioso das festas populares baianas, o escritor e jornalista Nelson Cadena considera que a festividade de Reis é a mãe de todas as festas. “Era basicamente protagonizada pelo povo, a maioria afrodescendentes. Isso explica a predominância desses grupos nos territórios populares”, afirma.
Após 6 de janeiro, os Ternos e Ranchos animavam as festas de verão, se apresentando pelas ruas, avenidas, coretos de praças e, ainda, em residências particulares dos mais abastados. Apresentavam-se, ainda, na Praça 15 de novembro (Terreiro de Jesus) e na Praça do Conselho (Thomé de Souza), estendendo o desfile pela Rua Chile.
Cadena explica que no Garcia destacava-se o Terno do Sol, presença certa na Festa de São Lázaro, o Sol do Oriente, o Saloia e o Lyra Chorosa. Em Itapagipe, o Urubu-Dandi da Madragoa desfilava com crianças montadas a cavalo, o grupo animado pela Banda do Corpo de Bombeiros. O Estrela do Oriente da Saúde, o maior de todos, desfilou em 1902 com um carro alegórico representando o Egito.
“Se destacaram pelo modelo de desfile implementado: formação por alas, porta estandarte (incorporado pelas escolas de samba, cordões, afoxés, blocos de carnaval e quadrilhas juninas), suas coreografias e pela sua característica territorial na sua origem e expansiva na sua exibição. Foi nos territórios barristas que se originaram as escolas de samba, blocos de fanfarra, afros e afoxés, blocos de índios, quadrilhas juninas e até os grupos que comemoravam o Dois de Julho temporão, fora de época, nos bairros. Sempre com jovens no comando das agremiações”, explica.
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