Bahia
Com risco de demissão em massa, trabalhadores da Unigel ocupam CAB para cobrar audiência com o governador
Após anúncio de dificuldades operacionais, mais de 600 funcionários sofrem com a paralisação das atividades.
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RedaçãoOs trabalhadores da Unigel, petroquímica que desde 2019 é responsável pelas fábricas de fertilizantes de Camaçari e Laranjeiras (SE), ocuparam na manhã de terça-feira (27) a frente da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, no Centro Administrativo (CAB), em Salvador, onde o governador Jerônimo Rodrigues está despachando temporariamente, por conta de reforma na Governadoria.
O objetivo da ação dos trabalhadores, representados pelo Sindiquímica Bahia, é conseguir uma audiência com o chefe do Executivo baiano, para discutir os problemas que enfrentam os mais de 600 funcionários direitos e indiretos que sofrem com a paralisação das atividades de produção de fertilizantes, desde que a Unigel anunciou dificuldades operacionais, em 2023.
No dia 20 de fevereiro de 2024, a Unigel fez um pedido de recuperação extrajudicial com apoio de seus credores, após uma série de tentativas de negociação realizadas em 2023, quando anunciou prejuízos de R$ 1,05 bilhão. O motivo alegado é a conjuntura global de queda da rentabilidade do setor petroquímico, com o aumento dos custos de produção e da cadeia de suprimentos, especialmente o gás natural, além da concorrência de produtores químicos mundiais, como a China e os Estados Unidos.
A situação dos trabalhadores da unidade de fertilizantes na Bahia ficou ainda mais insegura em novembro de 2023, quando a Unigel colocou centenas de funcionários em aviso prévio, alegando que o custo do gás fornecido pela Petrobrás torna o preço final do produto (fertilizantes) impraticável junto aos preços do mercado internacional, não justificando a operação da planta na Bahia. Com muita pressão e cobranças diretas por parte Sindiquímica à empresa e aos governos estaduais e federal, a Unigel assinou um acordo com a Petrobras para industrialização por encomenda (Acordo de Tolling), voltando atrás nas demissões. O acordo foi assinado em 29 de dezembro de 2023, contudo, ainda não foi operacionalizado pela estatal.
A produção de fertilizantes no Brasil tem sido uma pauta estratégica do governo federal, que quer garantir segurança no suprimento do país, grande produtor agrícola que importa do mercado internacional a maior parte dos fertilizantes utilizados pelo agronegócio brasileiro.
A indecisão em relação à Unigel na Bahia gera um desgaste psicológico e emocional, não apenas para os trabalhadores da Unigel, mas também para toda a cadeia produtiva, que acaba sendo afetada. A oferta de fertilizantes é uma questão de interesse nacional e atinge diretamente a economia e a dinâmica industrial da Bahia.
“Ao longo do ano de 2023, a diretoria do Sindiquímica já vinha buscando o diálogo com representantes da Petrobras, do governo da Bahia e do governo federal, parlamentares e da própria Unigel, cobrando o retorno das operações da fábrica e a garantia da manutenção dos postos de trabalho”, assegura José Pinheiro, diretor do Sindiquímica Bahia.
O diretor informa que a preocupação da Sindiquímica Bahia, enquanto entidade que defende os direitos dos trabalhadores, é a garantia imediata dos postos de trabalho. “Independentemente da solução encontrada, lutamos para que todos os trabalhadores sejam aproveitados, e a indústria da Bahia não seja prejudicada. Por isso contamos com o apoio do governador do estado”, completa Pinheiro.
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