Servidores públicos protestam durante desfile cívico e cobram reposição salarial

O Sindicato dos Servidores Públicos de Camaçari (Sindsec) protestou durante o desfile cívico em comemoração aos 264 anos da cidade nesta quarta-feira (28). A categoria pede reposição salarial com base na inflação, e também dos vales transporte e alimentação.

“Nós, servidores públicos de Camaçari, estamos com quatro revisões atrasadas. O poder de compra já está abatido em 30%. As revisões 2017, 2020, 2021, 2022 e 2023, que é janeiro já, estão sem ser pagas”, explicou o presidente do Sindsec, Edmilson das Dores. Conforme o sindicato, o governo municipal não abriu mesa de negociação com os trabalhadores.

Publicidade

destaque-1-lateral

“O pagamento está em dia, só que o poder de compra não faz mais sentido. Na pandemia, com os descontos que os servidores tiveram que pedir empréstimos, teve servidor que passou o mês com 250 reais para pagar o aluguel e para alimentar a família”, comentou.

Edmilson das Dores, presidente do Sindsec. Foto: Hyago Cerqueira/Destaque1

Com cartazes cobrando a atenção do prefeito Elinaldo Araújo (União) e a abertura de uma mesa de negociação, os servidores também fizeram apelos pelos aposentados. “Há aposentados que passam fome hoje, com seus salários abaixo do salário mínimo. Com a pandemia, os aposentados começaram a receber filhos e netos, porque estão desempregados e passando por dificuldades. Essa semana eu recebi aposentados que deixaram de comprar fralda descartável, estavam mijados e passando fome”, afirmou o sindicalista.

Segundo Edmilson, os servidores foram prejudicados novamente quando o governo municipal reajustou o percentual descontado no salário destinado à previdência. “O prefeito Elinaldo aumentou a previdência dos servidores e passou a cobrar 14% de previdência sobre os servidores que ganham salário mínimo, o que agravou ainda mais a situação. Somando as perdas para pagar em previdência, o aposentado está com uma perda de 50% no seu poder de compra, passando literalmente fome”, reclamou.

De acordo com o presidente do sindicato, o município tem receita para fazer a devida reposição. No levantamento do Sindsec, Camaçari tem 3.700 servidores efetivos, fora os professores, que em média ganham um valor líquido abaixo do salário mínimo – isso quando descontado o transporte e alimentação durante as férias ou licença médica. Quanto aos comissionados, o Sindsec afirma que são 1.932, sendo 932 mantidos desde a gestão do ex-prefeito Ademar Delgado.

“Não abre a mesa, mesmo num contexto desse município, o atual prefeito Elinaldo ter recebido de Ademar [Delgado] 932 milhões [de reais], ele dobrou essa receita e ela está em ascensão. Neste contexto, ele aumentou os cargos em comissão, precarizou o vínculo e ainda ajustou o próprio salário. O prefeito Elinaldo dobrou o seu salário, não reajustou o dos servidores”, criticou.

“Nem as pautas que não são pautas econômicas, como combate ao assédio moral, saúde do servidor, não foi chamado para ser discutido. É uma tremenda irresponsabilidade da gestão do prefeito Elinaldo”, reiterou.

Edmilson das Dores ainda sinalizou que o Sindsec, após série de paralisações, poderá declarar greve em outubro. Para o sindicalista, a situação na prejudica apenas a categoria, mas outros setores da cidade.

“A gente começou com sucessivas paralisações, mas a gestão do prefeito Elinaldo não se preocupa com a população. Há unidades de saúde que ficaram fechadas durante a paralisação, há algumas escolas que têm o seu andamento prejudicado e o prefeito Elinaldo só sabe fazer bonito festa e reajustar o seu próprio salário, enquanto aposentados passam fome e o próprio comércio de Camaçari sofre, porque com a saída da Ford, o principal empregador do município hoje é a própria prefeitura. Sem dinheiro na mão do servidor, o comerciante também sofre”.