Opinião
Saúde mental no home office: Zoom fatigue, você sabe o que é?
Estar em casa pressupõe para algumas pessoas a crença de que se tem mais tempo, sendo assim, mais disponibilidade para “dar conta” de todas as demandas possíveis e impossíveis.
Publicado
em
No contexto desafiador que a pandemia da Covid-19 nos impôs por meio do distanciamento social. Organizações, empresas, universidades, escolas, familiares e amigos precisaram se adaptar. Mesmos distantes, nunca estivemos tão perto. Afinal, temos a tecnologia para isso.
Ferramentas de webconferência que já eram utilizadas antes da pandemia como: WhatsApp, Hangouts, Webex e Microsoft Teams se popularizam ainda mais. Vivemos uma nova epidemia, a das videoconferências. Se ampliarmos isso para um contexto geral, somos bombardeados 24 horas por lives no Instagram, Facebook, YouTube, eventos online a todo momento, sejam eles: cursos, maratonas, treinamentos, congressos virtuais, webinars, entre outros.
É a partir desse olhar atento a essa nova realidade imposta pela virtualização, onde a presença se faz pela mediação tecnológica, transformando a nossa casa em homeschooling, home office, universidades, happy hour com os amigos, reuniões familiares, academia e afins que surge o termo Zoom fatigue que tem como referência um dos aplicativos mais populares, o Zoom e a fadiga mental associado ao excesso de exposição a essas ferramentas. Esta nomenclatura que já se tornou popular, se originou a partir de uma pesquisa realizada pela BBC News.
Estar em casa pressupõe para algumas pessoas a crença de que se tem mais tempo, sendo assim, mais disponibilidade para “dar conta” de todas as demandas possíveis e impossíveis. Junto a isso, construímos a falsa concepção de que não há hora errada para uma reunião, com isso, o exercício da auto observação é desprezado, não se reconhece o limite imposto pelo corpo e muito menos pelo esgotamento mental. Ter uma atitude de autopreservação, muitas vezes é difícil, contudo necessária, dizer o temido “não”.
Por si só, o termo é problemático e provoca nos especialistas uma grande preocupação, principalmente no tocante ao seu atravessamento e relação com o mundo do trabalho, já que em sua maioria esse desgaste mental é associado ao trabalho exercido via home office. Seria então uma nova Síndrome de Burnout?
Para os profissionais que estão estudando o fenômeno, o mesmo se difere da Síndrome de Burnout (Síndrome do Esgotamento Profissional) pois, trata-se de uma condição temporária provocada pelo excesso de reuniões mediadas por videoconferência que são realizadas pelas pessoas, outro fator causal importante é o tempo empregado nessas reuniões, que também é uma preocupação para os especialistas, tais fatores já revelam-se capazes de desencadear os sintomas dessa exaustão.
Os sinais mais comuns revelados pelas pessoas que informaram ter vivenciado o Zoom fatigue são: dor de cabeça, dor nos olhos; dores musculares (especialmente nas costas, braços, pernas e nos músculos da face); sonolência; desatenção; cansaço; insônia; estresse e ansiedade.
Sabendo os sinais e sintomas é possível identificarmos como está a nossa rotina em home office e quais as estratégias para evitarmos desenvolver essa exaustão. Importante ressaltar que nessa conjutura atual, também foi nos exigido o desenvolvimento de novas habilidades. Foco e concentração, flexibilidade, adequação ao trabalho remoto, expertise com ferramentas novas de trabalho e sabemos que tal esforço exige um alto preço, o excesso.
E como fica a nossa saúde mental diante de tudo isso? Quais estratégias podemos desenvolver em nossa rotina para não cair na armadilha do “Zoom fatigue”? Abordarei três principais pontos, que identifico como soluções para mantermos a nossa saúde mental em equilíbrio com a rotina do home office.
Planejamento e Organização – O mito do home office perfeito é utópico, sabemos por experiência própria que estar em casa é sinônimo da probabilidade de variáveis incontroláveis acontecer, por exemplo: estourar um vazamento em sua cozinha ou ter que lidar com a família toda em casa que também pode ser um inconveniente, mas uma situação que você terá que lidar. E para isso, sejam em situações inesperadas/esperadas o planejamento e organização da sua rotina é fundamental. Além de destacar as suas entregas diárias no trabalho, fazer um planner (agenda com os dias das semanas e atividades definidas) te ajuda a seguir um cronograma, a manter o foco no que é prioridade e programar o seu dia para ser produtivo (quando digo produtivo – isso perpassa pelo significado de produtividade para você, e lembre-se nem sempre fazer mais implica em ter qualidade nas entregas). Os benefícios de ter uma rotina organizada são muitos, mas a diminuição da ansiedade é um dos principais, isso porque a rotina nos orienta enquanto indivíduos. Autoconhecimento é fundamental. Disponibilizei um planner gratuito para que você comece a colocar em prática – baixe aqui.
Fazer do limão uma limonada – Mas Flávia, o que isso tem a ver? Bom, a situação nos pede flexibilidade e adaptação. O home office é uma realidade, você não pode mudar isso. Mas de que forma você pode usar isso ao seu favor? Para diminuição do estresse causado por essa rotina, além dos principais sintomas que eu citei acima (dores no corpo, dor de cabeça etc). Em casa você tem maior liberdade e autonomia (fato!) porque então não tornar esse período mais aconchegante? Já experimentou sentar no sofá, trabalhar enquanto escuta uma música de sua preferência, realizar suas atividades em uma área externa da sua casa, onde consiga experimentar a leveza do vento, o som dos passarinhos, talvez um contato com plantas, trabalhar com o seu pet no seu escritório, enfim… as opções são diversas, entendo que não é todo mundo que tem essa possibilidade, mas se você tem, por que então não testar?
Aprenda a dizer não – Sim, sei que é difícil, mas requer prática. O dizer não é uma estratégia de autopreservação e autocuidado. A sua saúde mental agradece. Existe uma frase muito conhecida que diz: “diga não quando você quer dizer não, este pode ser o maior economizador de tempo da sua vida”.
Em momentos de intensa pressão, as vezes nos sentimos obrigados a dizer sim, isso tem a ver com a nossa relação com a palavra não, com base em nossa história de vida o não pode estar associado a uma dificuldade de nos impor enquanto pessoas e consequentemente como profissionais. Mas nunca é tarde para mudar a relação com essa palavra e o seu significado, reconhecer o quanto o não pode ser libertador, além de proporcionar qualidade de vida em todos os aspectos.
Ter planejamento e organização, adaptabilidade, e dizer não pode diminuir as chances de desenvolvermos o Zoom fatigue. Mas sobretudo, nos dará autorresponsabilidade e clareza que nós podemos escolher, sempre há uma escolha a ser feita. E o meu convite justamente é esse, mudar o nosso olhar para nós mesmos, ter uma rotina de autocuidado e autopreservação no home office nos possibilitará saúde mental e inteligência emocional. Isso significa que será tudo perfeito? Não, mas que estamos desenvolvendo um mindset antifrágil e saberemos como lidar com as situações de forma mais assertiva.
Te convido a desconectar-se mais e conectar-se consigo mesmo, sempre temos algo a aprender quando exercitamos a auto-observação.
Flávia Monischa Paim é analista comportamental, coach of life e graduanda em Psicologia. Apaixonada por pessoas, com propósito de contribuir para a promoção da saúde mental e emocional, encorajando-as a se desenvolverem integralmente.
Leia Também
-
Setembro Amarelo: SMS promove programação em unidades de saúde ao longo do mês
-
Condomínio Busca Vida alerta sobre cuidados diários com animais peçonhentos e silvestres na região
-
Dia dos Pais e a importância dos cuidados com a pele masculina
-
Sem cobrança extra na conta de luz, bandeira verde de energia retorna em agosto
-
Dicas de segurança para o São João reforçam cuidados com fogos e queimaduras
-
Dia dos Namorados: casais devem ficar atentos a promoções e ofertas especiais para não cair em golpes