Opinião
Opinião: Jesus ou Bolsonaro, quem é o Messias das igrejas brasileiras?
Por que votar no candidato do PL se tornou princípio cristão no Brasil?
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Laiana FrançaNo dia 2 de outubro de 2022, milhões de brasileiros se apresentaram em zonas eleitorais para garantir a manutenção da democracia no país. Já se imaginava uma disputa acirrada entre os dois candidatos que lideravam as pesquisas. Com a vantagem de 5 milhões de votos, o representante do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, foi o favorito no primeiro turno, sobre o atual presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). O atual processo eleitoral é o mais agressivo, polarizado e decisivo desde a redemocratização brasileira em 1989, quando o Brasil adota o modelo de República Presidencialista, selando o fim de 21 anos de ditadura militar.
O Brasil já passou por diversos modelos de gestão: colonial, hierárquico, ditatorial e atualmente presidencial; mesmo que os modelos apresentem propostas distintas, há uma semelhança entre eles, a inclusão do clero na gestão política e pública do país. Não é atual, muito menos exclusivo da política brasileira, que a igreja possua grande participação e representação na sociedade. Desde o período colonial, com a chegada de jesuítas para a catequização de índios, o teor religioso está inserido no âmbito político desta terra.
No cenário vigente, os jesuítas que catequizam as massas não costumam ser tão diferentes dos de 1549. Os atuais coronéis da fé utilizam os púlpitos para pregar aos fiéis um messias que seria o único “salvador” capaz de recuperar o Brasil. O “messias” em questão não é o que veio há mais de 2 mil anos e foi crucificado para a redenção de toda a humanidade. O atual “salvador” pregado nas igrejas brasileiras é chefe de Estado em exercício. Posicionado como o defensor da família, da moral e dos bons costumes, Bolsonaro simboliza o protetor dos ideais religiosos.
Como pregado nos templos, o candidato do PL seria o único que defenderia os ideais cristãos. Parece piada, mas é real. Diferentemente do Messias Israelita, morto pelos fariseus, líderes religiosos da época, que perdoou ladrões, adúlteras, interveio em assassinatos e linchamentos, que pregou amor, redenção, livre-arbítrio e igualdade. JESUS CRISTO, esse líder revolucionário que foi vítima de tortura e assassinado pelo sistema, hoje no Brasil é associado a um representante político que elogia torturadores, que despreza mulheres, pobres, LGBTQIA+, que exalta a violência e a morte.
O presidente que negligenciou a maior crise sanitária mundial, resultando na morte de 680 mil pessoas, que menos investiu em educação, que validou perdas trabalhista, esse é o representante das igrejas?
Por que a moralidade se tornou mais importante do que a dignidade para algumas instituições religiosas? Pregam a salvação de almas, mas exaltam a tortura de corpos, retiram o direito de escolha e idolatram políticos usando o nome de DEUS, persuadindo fiéis através da fé e exigindo obediência.
Portanto, sua fé não é validada através do seu voto, e a escolha do seu candidato é exclusivamente sua. Voto é poder, por isso que todos querem. Utilize ao seu favor. O próximo presidente será seu gestor durante os quatro anos seguintes, o seu e o de 215 milhões de brasileiros. Política trata-se de coletivo, não é sobre convicções pessoais, é por todo um povo.
Laiana França é mercadóloga, pós-graduanda em Gestão Empresarial e estudante de Direito, além de feminista e militante dos direitos humanos.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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