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Gravidez na pandemia: os desafios da maternidade diante da luta contra o coronavírus
Mulheres relatam como é viver uma gestação na pandemia.
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Camila São JoséEm meio a um cenário de insegurança e medo, algumas mulheres têm lidado com inúmeros desafios e sonhos ao mesmo tempo. Entre eles, o desejo de ser mãe. Mas como lidar com uma gestação, parto e cuidar de um bebê em um período de pandemia?
É fato que os cuidados, mais do que nunca, precisam ser redobrados, e quem já planejava ser mãe teve de lidar com a felicidade de receber a tão esperada notícia da gravidez, e logo em seguida encarar uma pandemia, ou ir adiando para engravidar em um cenário mais seguro.
A pedagoga Thais Zaros, 35 anos, é mãe de primeira viagem, e a maternidade foi planejada. Deixou de fazer uso de anticoncepcionais e, nove meses depois, teve a confirmação, no dia 22 de janeiro de 2020, quando já estava com quatro semanas de gestação. Dali a cerca de dois meses, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarava que o mundo vivia uma pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
“Descobri a gravidez realizando teste farmácia e depois confirmei com o beta no dia seguinte. Quando começou a pandemia estava de 3 meses de gestação e foi muito difícil ter que parar e mudar os planos para as compras do enxoval. Junto vieram o medo e inseguranças, mas me adaptei ao novo normal, e realizei as compras online, porque sou daquelas pessoas que adoro ver e pegar as coisas. Mas deu tudo certo”, conta Thais.
O pequeno Edgar Zaros Baltazar hoje tem seis meses e já vive numa rotina completamente diferente, cheia de protocolos e ainda mais cuidados. “No dia a dia os cuidados continuaram e aumentaram. Evito sair com ele ao máximo, somente para consultas, vacinas, e quando há necessidade de sair, sempre com todos os cuidados antes, durante e depois do retorno pra casa. Brinco que virei a louca do álcool: espirro e passo álcool em tudo”, fala.
Ter de lidar com os desafios da maternidade e com seus próprios conflitos diante do confinamento não tiraram da pedagoga o sentimento de renascer. “O momento mais marcante foi quando ouvi o coração do Edgar batendo pela primeira vez. Após o nascimento, foi quando o vi e tive nos meus braços pela primeira vez, e ele parou de chorar, já que reconheceu e ouviu minha voz”, lembra. “Eu renasci”, diz.
Aguardando a chegada do segundo bebê, a assistente social Lorena Melo, 29 anos, está no quinto mês da gestação, vivendo a expectativa de descobrir o sexo da criança e a dupla maternidade com o filho Sávio, de 4 anos.
A segunda gravidez era desejada e ela e o marido, Rodrigo Peixoto, passaram a acompanhar assiduamente os números da pandemia, até se sentirem seguros a começar as tentativas, em outubro do ano passado. No entanto, veio a segunda onda da Covid-19, e o que já era preocupante se agravou.
“Para nossa surpresa, engravidei muito rápido. Pouco depois de descobrir a gestação, infelizmente, os casos aumentaram com força nessa segunda onda. Por conta disso, ficamos assustados e com medo do que o futuro nos preparava, por saber dos riscos que a gestante está correndo ao entrar em contato com o vírus da Covid-19”.
Veio o home office e o isolamento mais rigoroso, com a convivência apenas com o esposo, o filho e os pais, e saídas apenas em datas agendadas para acompanhamento pré-natal e exames gestacionais. As celebrações e momentos esperados permaneceram adiados.
“Ao longo desses cinco meses, passei por alguns momentos difíceis que me marcaram, como não poder ir em lojas para comprar itens do enxoval – até o momento não compramos nada para o bebê –, comemorar a gestação com os nossos familiares e realizar chá revelação e de fraldas com quem também desejava essa gestação junto conosco”, comenta ao lembrar da ansiedade dos amigos e familiares para acompanhar a gravidez. “Não temos contato desde o ano passado, todos ansiosos para me ver grávida, mas imagino que isso não irá acontecer”.
O novo membro da família deve nascer em agosto e Lorena tem pensado bastante nisso, diante do receio de contrair o vírus, necessidade de atendimento especializado e restrições de atendimento nos hospitais. “Infelizmente as maternidades não estão permitindo mais de um acompanhante para me auxiliar, o que também irá dificultar nos cuidados com o bebê, caso a situação permaneça a mesma”.
A pandemia pode afetar esse momento feliz, mas as orientações dos órgãos de saúde e outras entidades não podem ser deixadas de lado. O isolamento e distanciamento sociais continuam sendo fundamentais, como destaca a Unicef, sem deixar de lado o acompanhamento médico durante o pré-natal e após o nascimento.
Mais do que nunca o apoio da família e a participação do companheiro ou companheira são essenciais para que a mulher se sinta segura neste momento.
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