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Esquecida, Barra do Jacuípe sofre com acúmulo de lixo e falta de saneamento básico
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Carolina TorresUm encontro entre o rio e mar! É desta maneira que a praia de Barra do Jacuípe em Camaçari é conhecida pelos nativos e turistas que frequentam o local. A área faz parte dos 42km da orla, que também é composta por Vila de Abrantes, Busca Vida, Jauá, Arembepe, Guarajuba, Barra do Pojuca e Itacimirim. A localidade também fomenta e incentiva o crescimento da economia local. Um dos atrativos de Barra do Jacuípe é a prática de esportes como jet ski, surf e stand up paddle, conhecido como surf de remo.
Mas, o local não possui apenas belezas naturais. Os moradores da comunidade reivindicam melhorias e denunciam o descarte irregular de lixo na areia da praia. Na região da praia possuem condomínios, casas e comércios, o que aumenta o fluxo de pessoas pelo local.
Outro problema que preocupa os moradores é referente ao saneamento básico. Segundo populares, os condomínios da região descartam dejetos diretamente no rio e no mar, poluindo o meio ambiente, contaminando a água e consequentemente aumentando o risco de doenças.
Professora e diretora da Escola Municipal Barra do Jacuípe, Maria Nascimento, 42 anos, é nativa da localidade e assumiu a presidência da Associação Comunitária de Barra do Jacuípe (Acobaje) há cerca de um ano. “Enquanto moradora e presidente do bairro, uma das coisas que a gente tem que fazer é com que as pessoas, os seres humanos tenham consciência e pedir o apoio da própria comunidade, que se conscientize. Os próprios barraqueiros, comerciantes, aqueles que chegam, que se conscientize o que é lixo. Nosso planeta precisa disso: conscientização”, expressou Maria.
É possível encontrar facilmente grande quantidade de lixo espalhado pelo chão no decorrer do trajeto que dá acesso a praia, a exemplo de geladeiras enferrujadas, sendo que um delas com inúmeras latinhas de cerveja, garrafas de vidro, canudos esparramados pela areia e ao redor das áreas verdes. Garrafas pets, banheiros improvisados com lonas, objetos enferrujados como mesas e grades, calota de pneu, mesa plástica quebrada e cano de pvc também são vistos no local, além de tampinhas de garrafas, papéis e plásticos na praia.
Marivaldo Amorim, 51 anos, é conhecido pelos vizinhos e frequentadores da localidade como Vavau. Pai de dois filhos, o pescador e comerciante cresceu, constituiu família e vive até hoje no litoral. Ele faz críticas ao poder público municipal e aponta que a população está desassistida há anos desde quando ainda era criança. Participante assíduo dos debates que envolvem a comunidade, Vavau também é um dos membros da associação de moradores.
“Na associação a gente já teve orçamento participativo aqui na época onde sempre batemos nesse assunto e nunca tivemos resposta sobre essa situação. Tem projetos do estado dizendo que aqui na orla vai ter saneamento básico na orla toda e essa brincadeira já está levando muito tempo, eu já tenho 51 anos, meu pai também na época, ele ainda em vida, reclamou aos poderes públicos, ele pescava e gostava, ele sempre via essa saída dessas águas contaminada”, relatou ao Destaque1.
O comerciante também conta que “aqui mais do que nunca está precisando do saneamento básico, em pleno século XXI. Tem vários condomínios que hoje dá de fundo para o rio e é onde estão jogando os dejetos”.
Em visita a área, o Destaque1 observou que possuem poucos coletores de lixo no caminho até a ponte que divide o rio e o mar, mesmo com o equipamento espalhado pelo trajeto o acumulo de lixo é crescente nas áreas verdes. As lixeiras que possuem na praia ficam entre as barracas de madeira dos comerciantes.
Ao ver as imagens da região, o ambientalista Durval Borges enfatizou que falta consciência dos cidadãos que frequentam o local. “Mesmo com todo esse aparato midiático, televisão, internet, rádio, uma série de meios de comunicação, de acessos e o próprio momento que é bastante significativo no ponto de vista da informação, a gente continua com esse quadro, não só aqui, mas em quase todo o Brasil. Vindo para o Nordeste você tem uma situação muito acentuada. São imagens muito fortes. Uma falta de consciência, noção do cidadão em relação a sua responsabilidade com o meio ambiente, o ambiente que ele vive, que ele desfruta, que ele precisa que esteja cuidado e equilibrado”, enfatizou Borges.
Passeando pela primeira vez em Jacuípe, um grupo de amigas se reuniu para passar o dia a beira mar, conscientes as cunhadas Célia Costa, 38 anos, e Rosimary Santos Batista, 42, levaram sacolas para separar o lixo que consumiram na praia. Oriundas da capital baiana, as soteropolitanas fizeram questão de separar as latas de cerveja, as garrafas de vidro e outros resíduos durante a diversão.
“A gente tem que dar exemplo aos nossos filhos, porque o futuro é deles, não da gente. Então eu acho muito importante, a gente vê reportagem na televisão e tem muito lixo na praia. Por conta disso a gente traz a sacola, a latinha a gente coloca separado e o lixo separado, tudo organizado”, explica Rosimary. Concordando com a cunhada, Célia afirma que “temos que preservar a natureza, são bens que vão ficar para nossos filhos”.
No último domingo (24), o Projeto Somar Camaçari realizou a Operação Praia Limpa 2019, que teve como objetivo coletar o lixo descartado de maneira irregular pelos banhistas na praia, além de conscientizá-los a cerca da importância de preservar o meio ambiente. A ação contou com o apoio de 65 voluntários, divididos em três equipes: coleta de resíduos, separação em suas respectivas categorias (plásticos, vidros, metais, papéis), e por fim o transporte desses materiais.
O Somar é uma organização não governamental e sem fins lucrativos que desenvolve atividades no âmbito socioambiental, defesa dos animais e suporte a famílias carentes do município.
Os materiais orgânicos se decompõem de maneira mais rápida e até contribui com a terra, deixando-a mais fértil. Porém, os resíduos sólidos e artificiais causam dados a natureza, demorando anos e até mesmo séculos para se decompor.
Os jornais demoram de duas a seis semanas para se decompor na natureza, embalagens de papel de três a seis meses, fósforos e pontas de cigarro dois anos, chiclete cinco anos, nylon 30 anos, tampas de garrafa 150 anos, latas de alumínio de 200 a 500 anos, isopor 400 anos, plásticos 450 anos, fralda descartável comum 450 anos, e o vidro que no mínimo são 4 mil anos, podendo chegar até a 1 milhão de anos.
Procurados pelo Destaque1, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) e a Secretaria de Serviços Públicos (Sesp) de Camaçari até o fechamento desta reportagem os órgãos não responderam aos questionamentos feitos pela nossa equipe e não deram um prazo para que sejam sanadas as questões sobre o saneamento básico, e o recolhimento dos resíduos na região.
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Freitas
18 de fevereiro de 2020 at 17:49
Nossa,que horror! Como a prefeitura de Camaçari permite essa bagunça em um lugar tão lindo! Cada dia estou me desencantando. Pensava em morar aí,mas já estou desistindo. Percebi da última vez que fui, que uma mancha preta apareceu de repente na água,então sair. Minha irmã insistiu em ficar, mas eu disse sem saber que parecia esgoto. Ela me me disse que era do mangue,mas isso não me convenceu,pois não uma mancha comum. E agora acabei de ter certeza que era poluição com essa reportagem. Fiquei agora triste em saber tudo isso. E ao mesmo tempo agradecida pelo alerta.Bem meu filho falou que toda vez que entra na água ali em frente ao condomínio ele fica todo se coçando. Eu achando que era coisa da cabeça dele entrei na mesma água,então sair de lá me coçando toda. Sou de Salvador e sempre falei bem de Jacuípe, mas agora não posso mais dizer o mesmo.