Cultura e Entretenimento
Para não fechar as portas, Cia Baiana de Patifaria realiza vaquinha para pagar custos básicos
Desde 2014 a companhia lida com a falta de patrocínio, e a pandemia de Covid-19 agravou a situação.
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Sonilton SantosO Teatro de Comédia e Produções Artísticas, ou Cia Baiana de Patifaria, um dos grupos mais tradicionais de teatro da Bahia, está realizando uma vaquinha para pagar custos básicos, como internet, luz, água e funcionários, além do aluguel e IPTU.
A companhia nasceu em junho de 1987, em um espaço improvisado no bar de músicos e jazz, no Rio Vermelho, em Salvador. Perto de completar 35 anos de história, o grupo, que atualmente é formado por quatro atores, Lelo Filho, Marcos Barretto, Rodrigo Villa e Mário Bezerra, além de uma equipe fixa de montagem e produção, convive com a triste realidade das portas fechadas, do abandono e descaso no atual cenário cultural baiano.
“A vaquinha virtual surgiu com o objetivo de pagar uma demanda dos custos básicos, como internet, luz, água e dois funcionários fixos que trabalham na sede. Além do aluguel e IPTU, que duram há dois anos e ainda estamos inadimplentes. A vaquinha é importante e tem sido importante, já que não conseguimos ter nossos projetos aprovados em nenhum edital da Lei Aldir Blanc”, explica o ator, produtor e diretor Lelo Filho em entrevista ao Destaque1. Lelo tem 40 anos de história no teatro, sendo 35 deles dedicados à Cia Baiana de Patifaria.
A doação pode ser feita por pix, com o CNPJ 00352207000125, ou por depósito bancário, com os seguintes dados: Banco Bradesco, agência 3173-9, conta corrente 250483-9, Teatro de Comédia Produções Artísticas LTDA.
O que para muitos baianos e brasileiros já foi motivo de risos, lazer, diversão, entretenimento e alegria, com espetáculos como “Abafabanca” e “A bofetada”, hoje pode ser motivo de tristeza com o fechamento da companhia. Para além da questão do entretenimento, a Cia Baiana de Patifaria também é um grupo voltado ao desenvolvimento e pesquisa de todos os gêneros da comédia, o teatro musical, “besteirol”, a farsa e humor. É uma companhia de teatro que monta vários gêneros teatrais, passando ainda pelo drama.
Tudo começou quando jovens artistas resolveram montar o seu próprio grupo e trazer para os palcos o humor e a comédia que andavam afastadas do teatro baiano. “Naquela época o público baiano lotava as grandes salas do TCA para ver grandes nomes da TV, e passaram a lotar os teatros por onde a companhia passou com o ‘Abafabanca’, que ficou um ano em cartaz, passando por vários teatros da cidade, e a partir daí surgiu a peça ‘A bofetada’, que se tornou um dos grandes sucessos do teatro brasileiro. Na necessidade de voltar a fazer teatro no momento que o teatro baiano era muito voltado a grupos teatrais, existiam vários grupos, e nós atores não nos encaixávamos nesses grupos. Então, resolvemos fazer o nosso próprio grupo e trazer para o palco o gênero que andava um pouco afastado do tablado, que era o humor e a comédia. Na verdade, nós somos resultados e frutos de tudo que assistimos de artistas que vinham de fora se apresentar e artistas que já desenvolviam a carreira em Salvador”, explica Lelo.
Apesar de um passado rico em histórias, lutas e conquistas, a Cia Baiana de Patifaria viu a sua situação ficar ainda mais difícil com a chegada da pandemia de Covid-19, o que ocasionou o fechamento dos teatros, somada à falta de patrocinadores e recursos desde 2014.
“Por não termos um patrocínio fixo, um patrocínio de manutenção, acabamos gerindo os nossos próprios recursos, das nossas próprias bilheterias, durante esses quase 35 anos com as nossas oito montagens. Vivemos momentos de grandes dificuldades às vezes, mas superando em outros, mas chegando aqui em que todos os artistas estão na mesma situação, todos sem poder trabalhar”, pontuou.
Lelo fez questão de comentar e fazer uma crítica ao atual cenário cultural baiano e a falta de investimento na cultura por parte do governo municipal, estadual e federal. Para ele, é desoladora a situação que a cultura vive no Brasil, em todas as esferas.
“É desolador. Eu acho desoladora a situação que a cultura vive no Brasil, em todas as esferas. Eu diria isso em nível de município, estado e obviamente de nação. O exemplo que nós temos tido a nível de governo federal é que o Ministério da Cultura foi extinto desde 2019. Desde então nós passamos a contar com sete diferentes secretários de Cultura, desde pessoas que não entediam nada que nós artistas fazemos a pessoas como, por exemplo, a atriz Regina Duarte. Não disse a que veio quando era secretária Especial de Cultura, e atualmente o ator Mário Farias, e do próprio atual presidente da República. O contrário do que o governo federal está fazendo, acho que o governo municipal e estadual poderiam estar fazendo muito mais, principalmente no momento de pandemia, onde a lei não se chamou Lei Aldir Blanc à toa, existe uma emergência, uma necessidade de atender toda essa cadeia produtiva, porque o setor da cultura gera de 2% a 4% do PIB desse país, é um setor que emprega nesse Brasil, cerca de 6 milhões de pessoas”.
O grupo, sediado em Salvador, levou ao público durante essas mais de três décadas espetáculos como “Noviças Rebeldes”, “Abafabanca”, “3 em 1” e “A Vaca Lelé”. O espetáculo “A Bofetada”, um dos mais famosos da companhia, está nos palcos há mais de 29 anos.
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