Opinião
Para além das fortes chuvas, Camaçari segue da lama ao caos!, por Igor Oliveira
Gestores que por aqui estiveram consideram a transformação contínua do Rio Camaçari em esgoto a céu aberto um projeto de saneamento.
Publicado
em
Por
Igor OliveiraGraves problemas de alagamento nos quatro cantos da cidade e, mesmo depois de eleito e reeleito, o prefeito novamente some em meio ao caos, quando deveria vir a público apresentar um plano de combate às enchentes. É o mínimo que moradores podem esperar de um gestor em uma situação como esta.
Camaçari é uma cidade atravessada por um rio, mas também por diversas gestões que nunca tiveram disposição de assumir um compromisso entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Há muito tempo as obras públicas têm cumprido um papel de entrega da cidade aos interesses dos empreiteiros, ao ponto de ter sido mais fácil a pavimentação do rio, eliminando uma longa extensão de drenagem natural das águas das chuvas, do que um projeto de saneamento básico que alcance as periferias e áreas mais críticas da cidade. Infelizmente, todos os gestores que por aqui estiveram consideram a transformação contínua do Rio Camaçari em esgoto a céu aberto um projeto de saneamento.
A pavimentação do rio, iniciada e chamada por Caetano de “revitalização”, avançou nos governos Ademar e Elinaldo, mas este, que surgiu com a promessa de ruptura ao caetanismo, deu continuidade a essa obra que podemos chamar de um verdadeiro desastre ambiental, que serve mais aos empreiteiros e seus lucros do que à urbanidade e bem-estar do município.
É importante lembrar que o atual prefeito sancionou quase R$ 300 milhões em recursos para infraestrutura, desenvolvimento e sustentabilidade no plano plurianual de 2018 a 2021. No objetivo 6 desse plano, lemos o seguinte destaque: “realizar limpeza de áreas públicas, rios, lagoas, praias, para promover a preservação do meio ambiente com consequente melhoria na qualidade de vida das comunidades servidas, cuja meta 3 deste mesmo objetivo, é: ‘limpar e garantir a manutenção de rios, valas, canais, bocas de lobo e lagoas para garantir a preservação do meio ambiente e evitar alagamentos’”. As comunidades atingidas conseguem perceber quase R$ 300 milhões investidos para prevenir as cenas desastrosas que temos visto nos últimos dias? Possivelmente não.
Como se tudo isso não bastasse, até o momento a prefeitura divulgou em nota oficial duas ações concretas. A primeira trata-se da colocação de pedras em áreas da Avenida Rio Camaçari, para evitar o deslizamento de imóveis, com orientação de técnicos para que todas as pessoas deixem os seus imóveis o mais rápido possível. Tais informações dúbias denunciam que a gestão não sabe se salva o paciente ou se desliga o aparelho que ainda o permite respirar — nesse caso, a morada dos atingidos. Aqueles que vão deixar seus imóveis serão abrigados nas dependências da prefeitura ou na casa do prefeito e seus secretários?
A outra ação oficialmente divulgada pela prefeitura foi a interdição e bloqueio de vias afetadas pelos alagamentos, ou seja, o bloqueio daquilo que já está bloqueado. Aparentemente, para o prefeito Elinaldo e sua equipe de governo, na ausência de soluções, qualquer coisa serve como resposta oficial, mas o fato é que se esse montante em recursos públicos, arrecadados também de impostos dos afetados pelas chuvas, não foram utilizados pela gestão municipal de forma preventiva, como bem foi registrado no plano plurianual de 2018 a 2021, é fundamental que os recursos cheguem até as famílias atingidas de forma OBJETIVA, com auxílio-aluguel, mobília e reforma.
Já que o prefeito foi incapaz de apresentar um plano emergencial, é preciso que a Câmara de Vereadores se pronuncie e exija explicações para o fato de os objetivos e metas do plano plurianual que tratam das chuvas e alagamentos não terem sido efetivados, mas também apresente um plano emergencial, tendo como centralidade o auxílio financeiro às vítimas.
Igor Oliveira é cientista social, professor da rede estadual, agitador do Quilombo Urbano, militante do movimento Negro, dos direitos humanos e presidente do PSOL em Camaçari.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
Leia Também
-
Vereador reeleito, Dilson Magalhães Jr. declara apoio à candidatura de Caetano
-
Terceiro colocado em Camaçari, Oswaldinho declara apoio a Caetano no segundo turno
-
Em assembleia, Sispec convoca professores para atuação na ‘linha de frente’ para o segundo turno
-
Governo do Estado entrega pavimentação da BA-512 em Camaçari
-
Júnior Borges declara apoio à candidatura de Caetano em Camaçari
-
Escritora camaçariense Lara Nunes lança livro de poemas na Flip 2024