Salvador
‘O Rato no Muro’: espetáculo escrito por Hilda Hilst é encenado no Teatro Martim Gonçalves
Temporada é gratuita.
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RedaçãoQual é o seu medo? Qual é a sua culpa? É debatendo os medos, culpas e muros físicos, simbólicos e subjetivos que o espetáculo ‘O Rato no Muro’, da dramaturga Hilda Hilst, chega ao Teatro Martim Gonçalves, em Salvador, na próxima quinta-feira (7), às 19h.
Estrelado pela turma de formatura em Interpretação Teatral 2023.2, da Escola de Teatro da Ufba, a temporada segue até o dia 17 de dezembro, de quinta a domingo, é gratuita, e promete tocar a alma e consciência do público ao falar sobre a liberdade de ser e estar na vida, assim como de padrões que limitam as expressões e o desejo de pulsar diariamente.
Escrito por uma mulher e com todas as personagens femininas, a direção é assinada por Meran Vargens, Elaine Cardim e Vica Hamed. Foi a partir das inquietações e das demandas dos estudantes que surgiu a escolha, especialmente do desejo de falar sobre tragédias cotidianas e de dar protagonismo a uma mulher dramaturga. Para a diretora Elaine Cardim, para as mulheres, por exemplo, há séculos são estabelecidos medos para galgar a sociedade capitalista e o patriarcado, e é importante ver o medo como uma estratégia.
Mais do que do pensamento artístico, a montagem, que está para além do campo intelectual e passa pelo subjetivo, tem como prioridade a formação do elenco, tendo como norte a perspectiva pedagógica de desenvolvimento intelectual, emocional, psíquico e de alma de cada um dos e das estudantes. “É um privilégio como artista, mulher e aprendiz fazer parte do elenco de um espetáculo que descortina violências e silenciamentos que perpassam a identidade das mulheres”, conta Ana Paula Borges, atriz de ‘O Rato no Muro’.
Quem incute o medo que existe em nós? Quem edifica o medo e a culpa?, questiona a diretora-geral Meran Vargens, que acredita que é preciso dar atenção ao que mobiliza o medo e a culpa. “Existe alguém, em um plano de poder e interesses evidentes, que tem objetivo de trucidar aquilo que emana da vida, do que é viver e expressar, que se propõe a atiçar aquilo que não é vida e que se opõe ao brilho da existência”, completa.
Os espectadores podem aguardar palavras como verdadeiros portais, interações se revelando a partir do campo magnético, do vínculo sincero e efetivo, e ver a arte agir no imaginário e potencializar lembranças, dores, angústias e, em contrapartida permitir o alcance de cosmovisões múltiplas. Tudo isso agregado à iluminação de Otávio Correia, que traz sombras, se soma à cenografia digital de Marcus Lobo, e revela em sincronia com projeções em uma caixa preta, que faz alusão aos muros que encontramos não só no convento que existe na história de Hilda, mas em outros ambientes sociais e existentes atualmente.
Com figurino e maquiagem de Thiago Romero, que pretende evidenciar as diferenças ao mesmo tempo que traz a unicidade e demonstra que todas as personagens são uma só, será possível ver uniformes que expõem o hábito, o padrão e retiram as identidades das personagens, as irmãs que não têm sequer nome. O público ainda será surpreendido com um forte trabalho de vocalização, em uma aura sonora fortalecida por Luciano Bahia, que assina a direção musical e a trilha sonora, junto a Elaine Cardim, uma das três diretoras que trabalham com voz e constroem com a equipe o forte recorte musical presente no trabalho.
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