Camaçari
“Eu ainda tenho pesadelos, eu ainda acordo gritando”, conta Deisiane sobre cárcere que chocou Camaçari
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Mirelle LimaApós seis meses de cárcere privado e diversas agressões físicas e psicológicas, Deisiane Souza Cerqueira, 18 anos, tenta voltar à rotina ao lado dos amigos e familiares. A jovem foi resgatada pelo pai, Robson Cerqueira Santos, 43 anos, em 19 de março, e acusa o tatuador e ex-namorado Marcos Alexandre, 35 anos, pelo crime.
O acusado está detido desde o dia 28 de março, quando se apresentou na Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (Dema) de Camaçari. Deisiane está sob medida protetiva.
Em entrevista ao Destaque1, a jovem contou sobre o relacionamento com Marcos Alexandre, os sentimentos após se libertar do cárcere e os planos para o futuro.
Destaque1 – Como se iniciou o relacionamento entre você e Marcos?
Deisiane Souza – Eu conheci ele aqui na praça [Abrantes], ele queria fazer uma tatuagem em mim, aí eu marquei com ele pra fazer a tatuagem e a gente foi se conhecendo cada vez mais até que um dia eu pedi pra ele ir pra o aniversário do meu padrasto e a gente começou a namorar. A gente se conheceu em junho de 2018 e depois de um tempo, começamos a morar juntos, morava eu, ele e minha mãe, até que ela casou, se mudou e ficamos só eu e ele.
D1 – Como era o comportamento dele? Quais foram os primeiros indícios de violência?
DS – Ele me bateu a primeira vez e a partir dali começou a me trancar porque ele ficou assustado, já que ele tinha me batido, e foi aí que o cárcere começou. Ele sempre foi muito ciumento, mesmo antes de começarmos a namorar, mas quando começaram as agressões que eu percebi como ele realmente era.
D1 – Como seu pai descobriu o que estava acontecendo?
DS – Era normal eu e meu pai ficarmos um tempo sem se falar, mas ele [Marcos] me fez brigar com meu pai e meu pai estranhou porque normalmente eu pedia desculpa ou algo do tipo sempre que brigávamos, e dessa vez não. Ele desconfiou e foi até mim, arrombou a porta da casa e me encontrou.
D1 – Você já havia tentado denunciar?
DS – Eu não tive oportunidade de procurar ajuda, e sem falar que ele me oprimia, me ameaçava e ameaçava minha família. Eu tava tão abalada psicologicamente que eu não tinha forças pra denunciar, eu tinha medo do que ele poderia fazer com a minha família.
D1 – Como está o andamento do caso judicialmente?
DS – Mesmo depois disso tudo ele continuou me perseguindo, até que ele ficou com medo do que a população poderia fazer com ele e se entregou. Ele está detido, eu fui pra uma casa abrigo, o processo ficou parado um tempo, mas agora estamos tentando marcar tudo com a promotora.
D1 – Como está sendo retomar a rotina?
DS – Eu estou tentando me recuperar, mas eu não vou mentir que mentalmente eu ainda estou bem abalada, eu não consigo me olhar no espelho, eu fico triste o tempo todo. Você passar por um trauma desse, tentar ficar feliz e não conseguir, eu não consigo me olhar no espelho, porque quando eu me olho no espelho eu vejo meu rosto e volta tudo. Eu ainda tenho pesadelos, eu ainda acordo gritando, eu ainda ando na rua assustada vendo ele em todos os lugares. Eu estou saindo pra tentar me acostumar com o movimento de pessoas, com barulhos, pra poder me acostumar e com fé em Deus e com o apoio dos meus amigos eu sei que eu vou melhorar.
D1 – Você está recebendo apoio médico e psicológico?
DS – Eu tenho minha psicóloga pessoal, tenho meus amigos e estou indo para o Cras [Centro de Referência de Assistência Social] pra receber atendimento de psicólogo e psiquiatra. Uma amiga minha está me ajudando com os médicos, está conseguindo exames de graça pra mim, estamos vendo a questão do olho que já se passaram meses e não desincha.
D1 – Como é o sentimento de receber as doações e ter pessoas ajudando?
DS – Nossa, eu fiquei muito feliz. Teve um evento aqui na praça [ Abrantes], o Slam das Mulé e através da minha amiga Naty, que falou o que eu estava precisando, as pessoas começaram a doar e eu fiquei muito feliz. A roupa que você está me vendo usar aqui é de doação, porque as minhas ele rasgou e queimou todas. Os alimentos eu ainda tenho, eu fico muito agradecida.
D1 – O que você pretende fazer daqui pra frente?
DS – Fazer um curso, fazer uma faculdade, ficar bem mentalmente, trabalhar e conseguir um namorado bom. Sem me afastar da minha família, porque a gente perto da família é mais forte.
D1 – Qual a mensagem que você pretende passar para as mulheres que passam pela mesma situação?
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