Saúde
“Estamos estabilizados no caos”, afirma Elias Natan sobre cenário da pandemia em Camaçari
Em apenas três meses de 2021, Camaçari superou o número de óbitos causados pela Covid-19 durante o ano passado.
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Mirelle LimaNova variante da Covid-19, doses insuficientes da vacina e desrespeito das medidas de isolamento são os principais fatores que dificultam o controle da pandemia em Camaçari. Em entrevista ao Destaque1, o secretário da Saúde Elias Natan apresentou um balanço do cenário enfrentado pelo município após um ano de combate ao vírus.
“Costumo falar que nós estamos estabilizados no caos. Falo ‘caos’ porque os serviços ainda estão com superlotação, haja vista que temos fila de espera ainda, embora tenha diminuído”, afirmou Natan.
De acordo com o secretário, atualmente 15 pacientes aguardam vagas para leitos de Covid-19 em Camaçari, sendo oito para UTI. “Já chegamos a ter 74, foi o nosso pico maior, e destes, 41 eram leitos de UTI. Esse quadro melhorou com a abertura de mais leitos”, contou. Natan também afirmou que, até o momento, não há falta de oxigênio para os pacientes. Segundo ele, o que tem ocorrido é um aumento na demanda. “O oxigênio da UPA era reabastecido uma vez por semana, agora é três vezes ao dia”, explicou.
O secretário relatou que, com a nova variante, mais jovens têm sido acometidos com a Covid-19, e alguns até levados a óbito. No entanto, grande parte dos casos positivos na cidade ainda é de pessoas acima dos 50 anos. Além disso, ele ressaltou que a aceleração de vacinação depende da quantidade de doses recebidas, que logo se esgota. “A vacina, quando chega em Camaçari, a gente acelera, porque a gente se preparou para isso, criamos estrutura para vacinar o maior número de pessoas possível. Mas a vacina chega e em dois, três dias, você percebe que ela acaba. Então, enquanto não tivermos esse expediente que dê uma proteção mais tranquilizadora, que é mais vacina, essas medidas de isolamento social, elas têm se mostrado eficaz, e é a forma que nós temos que quebrar a cadeia de transmissão”, enfatizou.
Em apenas três meses de 2021, Camaçari superou o número de óbitos causados pela Covid-19 durante todo o ano passado. Em 2020, foram 145 mortes; até março deste ano, 157 camaçarienses já perderam a vida.
“Tudo depende dessa conjunção de fatores: vacina e comportamento, se não andarem lado a lado, e ainda tivermos novas variantes, a gente pode estar se iludindo achando que estamos passando pelo pior momento, e o pior momento ainda está por vir”, alertou o secretário.
Na avaliação de Natan, a possibilidade de compra de vacina pelos municípios seria extremamente importante para acelerar a imunização. Atualmente, Camaçari integra a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que objetiva comprar 20 milhões de vacinas para cidades de todo o Brasil. Elias Natan também revelou que o prefeito Elinaldo Araújo (DEM) assinou protocolo de intenções com laboratórios que produzem o imunizante.
O secretário ainda listou os fatores considerados intensificadores da transmissão do vírus no município. “Nós temos a questão geográfica que contribui, Camaçari faz divisa territorial com alguns outros municípios, a exemplo de Dias d’Ávila, Lauro de Freitas, Simões Filho, Mata de São João, e existe um fluxo muito grande de pessoas entre essas cidades. Aliado a isso, nós temos o privilégio de ter uma orla marítima de 42 km, e, durante o período do verão, muitas pessoas procuraram o nosso litoral, e tivemos um fluxo grande de pessoas se dirigindo às nossas praias. Junto a isso, nós tivemos o período festivo de fim de ano, de Carnaval, e, infelizmente, algumas festas que levaram à aglomeração de pessoas. Levando em consideração que estamos tratando de uma cepa que tem um índice de contágio muito maior, essa variante que contribui para um maior contágio, aliado a isso, temos o fato de que Camaçari fez muita testagem”, destacou.
De acordo com a Secretaria da Saúde (Sesau), até esta quarta-feira (25), 1.812 pessoas estão em tratamento da Covid-19, 15.002 já se recuperaram e 302 correspondem a pacientes com a doença que evoluíram para óbito. Os leitos de UTI estão 100% ocupados, enquanto os leitos clínicos possuem 65% de ocupação.
Confira a entrevista completa:
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