Dia Mundial do Livro: “Emoção a cada aquisição”, celebra escritora camaçariense rumo à terceira obra

Para os bibliófilos, o dia 23 de abril não é uma data comum, mas uma oportunidade de lembrar e celebrar a existência dos livros. O Dia Mundial do Livro, indicado em 1995 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) durante a XXVIII Conferência Geral, nasceu como uma espécie de tributo aos escritores Miguel de Cervantes, Inca Garcilaso de la Vega e William Shakespeare, que morreram em 23 de abril de 1616. A comemoração desse dia, no entanto, foi tomando novos rumos.

Foto: Clevisson & Amanda

Em meio à revolução tecnológica, que começou no mercado musical e também chegou ao setor literário, tendo em vista os desafios do mercado editorial brasileiro, que perdeu grandes redes literárias, como a Saraiva, publicar um livro físico ainda é a realização do sonho de muitos escritores e uma espécie de resistência. Em Camaçari, a nova geração tem mostrado que essas raízes persistem, como é o exemplo da escritora camaçariense Bruna Jaqueline do N. Oliveira.

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“Tocar o coração das pessoas por meio da arte é o que me impulsiona a continuar. A alegria dos meus leitores é a chama que não se apaga em minh’alma”, enaltece a escritora, que já possui duas obras em circulação.

Ao Destaque1, a jovem contou como tudo começou. “Iniciei a escrita em 2014, a partir de uma oficina de oratória que participei. Escrevi meu primeiro poema, ‘O Livro’, para finalizar minha apresentação sobre a importância da leitura. De lá pra cá, continuei a escrever”, conta Oliveira.

O referido poema está registrado no primeiro livro, intitulado “Frases & Poemas” (2017). “Fascinantes são eles, uma emoção a cada aquisição, são como deleites, que vão da alma ao coração”, assim diz o conjunto de versos presente na terceira estrofe do escrito.

Obras escritas por Bruna. Fotos: Reproduções

A segunda produção, batizada de “Fragmentos de um Coração Poético” (2020), também segue, em grande parte, o gênero poético.

“Transformar as palavras em versos, os versos em estrofes, para chegar a um poema. O mistério da junção das palavras que transmitem a mensagem, muitas vezes escondida nas entrelinhas. Esse mistério a ser desvendado é que torna a beleza de uma poesia”, registra a primeira orelha do livro.

Agora, a jovem de 36 anos, formada em Letras-Inglês pela Universidade Católica do Salvador (Ucsal), caminha para a publicação de seu terceiro livro. Ela volta ao tempo e lembra que tudo começou após o incentivo de uma professora.

“O que me inspirou a levar meu trabalho à publicação foi a indicação de uma professora da faculdade, em 2016, que já tinha publicado alguns livros e me indicou a editora”, afirma.

Com relação às dificuldades de ser uma autora independente, Oliveira reforça que o fator “apoio” é um dos problemas enumerados pela categoria. “Até o momento, minhas publicações foram por conta própria”, enfatiza.

Foto: Clevisson & Amanda

A escritora, que tem o cearense Bráulio Bessa como inspiração, garante que todo esforço é válido, e desistir não é uma alternativa. Aos que possuem o desejo de investir em uma produção impressa, ela deixa um recado.

“Não desistir do sonho, manter uma leitura diária, escolher e focar em um gênero que se identifique, escrever muito e… sucesso! Deixo uma frase minha: ‘Se a jornada estiver difícil, sorria, pois a vitória será esplêndida!’”, finaliza.

Para adquirir as obras, os interessados devem entrar em contato pela página oficial da escritora no Instagram @autorabrunaoliveira.

De origem ou de coração, Camaçari e seus escritores:

Altamiro da Silva

O cantor, compositor, diretor teatral e escritor Altamiro da Silva, mais conhecido como Miro Baía, perambula com seus versos pelos bares da vida transformando suas poesias também em canções.

O camaçariense já acumula alguns livros publicados: “No Boteco da Vida” (1994); “Nas Esquinas da Vida” (1994); “Bruta Realidade” (1999); “A Arte de Expressão” (1998); “Expressão Literária Camaçariense” (1998); “Texto Teatral Uma Família Atrapalhada” (1998); e o “Olhar Poético” (2001).

É por meio dele também que surge, em 1989, a obra “Coletânea de Poetas de Camaçari”. O livro é recheado de belos poemas e poetas da resistência de Camaçari, promovido pela Associação dos Artistas de Camaçari (Asrtca).

Na lista de escritores, além de Miro, aparecem Antonio Carlos Custódio, Adilson Cristiano, Arneide Xavier, Antonio Ivo, Dilza Silva Nascimento, Edmilson Vieira (D’Vieira), Edson do Espirito Santo, Francisco Adalto, Florentino Souza Santos Filho, Geolenes Dantas Macedo, Geovane Rodrigues, Ivanete Alves dos Santos, Ivonaldo Antonio da Silva, Ivanildo Antonio da Silva, Jane Freitas do Nascimento, Jailson Barreto, July Lieuthier, José Otacilio Oliveira Junior, Leocricia Lopes D’Almeida, Mary Evangelista, Maria Dilza, Marcio Golini, Manuel Bispo, Marlécio dos Santos Ramos, Gilson Dantas Macedo, Noé Edmundo da Silva, Paulo Cézar, Raimundo Moreira, Ramilton Santos Nascimento, Sérgina Maria Gonçalves de Campos, Vanderlino Venceslau e Zenaide Marly Rocha .

Antônio Ribeiro da Conceição (Bule Bule)

Foto: Hyago Cerqueira/Destaque1

Considerado um dos maiores repentistas da Bahia, Bule-Bule nasceu na cidade considerada a ‘Princesinha do Sertão’, ou formalmente, Feira de Santana, mas seu legado artístico ganhou ascensão nas terras da ‘árvore que chora’.

O multiartista é autor das obras “Quatro Almas e um Destino” (2019) e “Um Punhado de Cultura Popular” (2013), dentre outras, além do enumerado de discos, a exemplo de “Cantadores da Terra do Sol”, lançado em 1980.

Sandra Parente

Natural de Camaçari, a filosofa Sandra Parente é autora de duas importantes obras que retratam a história do município: “Camaçari, sua história, sua gente” e “Histórias que não contei”. Os livros ressaltam a importância da preservação histórica, focando principalmente na riqueza da diversidade cultural presente na cidade, tornando-a não somente a região do Polo Industrial, mas também um vasto e promissor Polo Cultural.

De acordo com a escritora, a cronologia pode ser dividida nas etapas aldeia indígena, fazenda, estação de veraneio, estrada de ferro e cidade industrial.

Maria Luiza D’erico Nieto

A pedagoga Maria Luiza, que há mais de 30 anos atua como professora de ensino fundamental no município, é autora do “Livro Memórias”. A obra também é um verdadeiro passeio pelo tempo. Com alguns momentos intercalados com poesia, D’erico discorre sobre acontecimentos históricos da cidade.

Ivanildo Antônio da Silva

O escritor, poeta, músico, ator e diretor de teatro Ivanildo Antônio nasceu em Arco Verde (PE). Ele desembarcou em solos camaçarienses na adolescência, aos 14 anos de idade. Ainda criança, por influência dos pais, que eram circenses, começou a representar. Cursou até o terceiro semestre de Letras Vernáculas com Inglês na Universidade Federal da Bahia (Ufba), mas as origens artísticas falaram mais alto, e ele abandonou a graduação para se dedicar integralmente às artes cênicas.

Foto: Hyago Cerqueira/Destaque1

Ivanildo já participou de filmes como “Carandiru” e “Ed Morte”, novelas como “Sangue do Meu Sangue” (SBT) e mais de 20 espetáculos, alguns encenados em São Paulo e Portugal.

Entre os livros publicados está uma coletânea de poesias composta por quatro volumes: “Bicho Solto”; “Flores em Pé de Guerra”; “Eu, Sonhador”; e o “Último Barco do Cais”.

Jonas Gabriel

Foto: Jonas Gabriel

Mesmo não tendo nascido em Camaçari, Jonas afirma que sua paixão pela cidade é a grande influência na trajetória de sua carreira artística. O poeta é autor do livro “A Poesia Cura”, lançado em 2021. Conforme o próprio criador, “’A Poesia Cura’ é um livro que transforma seu olhar”.

À época da publicação, o jovem ressaltou que a produção também é sobre o futuro que anseia para o mundo, tendo como pauta o crescimento dos escritores negros.