Economia
Concessionários cobram R$ 200 mi da Ford por falta de carros para vender
A quantia reivindicada se refere ao FAV, Programa de Aquisição de Veículos Ford.
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RedaçãoCom a produção do Ka e Ecosport encerradas em janeiro e os estoques quase acabando, concessionários da Ford no Brasil notificaram extraoficialmente a montadora, cobrando o pagamento imediato de R$ 200 milhões.
De acordo com o UOL, a notificação foi enviada na semana passada e a quantia reivindicada se refere ao FAV, Programa de Aquisição de Veículos Ford. O fundo é utilizado para a compra de veículos pelos respectivos distribuidores para revenda ao consumidor, sem a necessidade de uma linha de crédito e proporcionando subsídio parcial de IOF e a não incidência de juros. O FAV também objetiva manter sustentável a operação dos revendedores em tempos de crise financeira e de aumento sazonal de gastos, a exemplo do período de recebimento do 13º salário.
Como explica a reportagem, os recursos que compõem o fundo são provenientes da venda de automóveis da montadora pelos concessionários. Em informações cedidas ao veículo de comunicação, um distribuidor, que não quis se identificar, disse que a cada carro comercializado, 1% do valor recebido é direcionado ao FAV.
“Esses R$ 200 milhões são de propriedade dos concessionários e hoje estão retidos pela Ford. Há colegas que têm mais de R$ 6 milhões a receber. Com o iminente fim da linha dos modelos Ka e Ecosport, responsáveis por 85% do volume de vendas, hoje a Ford praticamente não tem como transformar os recursos do fundo em mercadoria”.
Documento enviado à Associação Brasileira dos Distribuidores Ford (Abradif) no dia 4 de março aponta que o encerramento das operações nas fábricas de Camaçari e Taubaté (SP) altera as condições ajustadas de comum acordo e desequilibra a equação financeira originalmente estabelecida pelo Programa FAV.
A notificação pede o encerramento do FAV, o desbloqueio integral dos recursos financeiros, “uma vez que não há mais veículos a serem garantidos pela operação”, e a consequente liberação imediata do saldo integral existente para cada concessionário. A categoria alega quebra de contrato e reivindica o desligamento de todos os concessionários, com pagamento de indenização superior a R$ 1,5 bilhão e posterior contratação dos que deverão permanecer. O prazo estabelecido no documento para pagamento dos recursos teria acabado ontem (9).
Ao UOL, a Ford afirma que “continua em processo de negociação individual com os distribuidores da marca e essas negociações têm progredido”. Segundo a reportagem, a Ford planeja reduzir a quantidade de revendedores de 283 para 120.
As fábricas no Brasil continuam produzindo apenas peças de reposição e encerrarão as atividades ao longo deste ano. A Ford tem R$ 24,3 bilhões (US$ 4,2 bilhões) para bancar os custos do fechamento das unidades.
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