Entrevistas
Camaçari tem muita história para contar, revela websérie idealizada pelo produtor e roteirista Júnior Clemente
A websérie “Camaçari, Muita História pra Contar” estreou este mês e trará fatos sobre a cidade em 10 episódios.
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Camila São JoséQuem é Camaçari na fila do pão? Que histórias tem pra contar? Quem são as pessoas que fizeram e fazem a cidade acontecer? Camaçari possui atributos para além das indústrias? Será que quem vive aqui realmente sabe sobre a cidade?
Com esses e outros questionamentos na cabeça e muita criatividade, o publicitário, roteirista e produtor Júnior Clemente idealizou a websérie “Camaçari, Muita História pra Contar”. Em uma mistura de gírias, fatos históricos, tecnologia, pagodão, arrocha e até rap, o projeto estreou esta semana nas redes, com vídeos publicados no Instagram e YouTube. Serão 10 episódios até o final do mês de abril, trazendo diversas curiosidades sobre o município.
Ao lado de Clemente, a jornalista Mila Loureiro divide a apresentação da websérie com um tom leve e descontraído. Tudo é produzido por uma equipe composta por profissionais camaçarienses. Para colocar os vídeos na rua, o projeto contou ainda com a direção de Saulo Sancio, produção executiva de Juca Lira, pesquisa de Diego Kopque, maquiagem de Karla Calazans, narração de Alex Persil e produção musical de um dos episódios do DJ Thandera.
O projeto tem apoio financeiro da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), via Lei Aldir Blanc.
Em entrevista ao Destaque1, Júnior Clemente conta um pouco da sua trajetória profissional, dos bastidores e desafios da produção de “Camaçari, Muita História pra Contar”.
Destaque1 – Há quanto tempo trabalha com cultura? Conta um pouco da sua experiência profissional?
Júnior Clemente – Desde quando eu me entendo por gente, eu sou produtor. A minha mãe estava lembrando essa semana que desde muito criança, em qualquer evento da família, Natal, aniversários, São João, seja o que fosse, eu sempre organizava os meus primos com apresentação, eu sempre organizava a galera, o baba. Aí eu fui fazer a minha graduação em publicidade, porque eu queria trabalhar com produção de TV, de audiovisual. A vida me levou para outros caminhos da produção, então eu trabalhei com produção de teatro, de artistas, de grandes eventos, de audiovisual para publicidade… passei por vários setores da produção. Fiz e faço hoje, há mais ou menos uns 10 anos, com o América Produções, no interiorzão da Bahia, eventos de grande porte, São João, festas da cidade, alguns outros eventos. Trabalhei com carnaval também durante um tempo, já fiz camarote Quem Ivete Sangalo, Casa dos Bailes, que ficava ali na Casa de Itália, com a transmissão do Band Folia alguns anos, participei de projetos que aconteciam em Camaçari, outros não. Fui produtor local do Prêmio Braskem de Teatro e, durante muitos anos, quase nove anos, eu trabalhei na Cidade do Saber. Eu fui assessor de imprensa um período e depois assumi a produção do Teatro Cidade do Saber, que é pra mim uma grande escola. Me abriu muitas portas, me lapidou, eu tenho a honra, na verdade eu tive o privilégio, de ter Vadinha Moura como minha mentora.
D1 – Você é camaçariense, trabalhou por muitos anos com a cultura local. Como e qual é a sua relação com Camaçari?
JC – A minha relação com Camaçari vem desde meados do século 16, segundo Diego [Kopque, historiador]. A minha família, da parte da minha mãe, é de Camaçari, chegou a Camaçari em meados do século 16. E eu sou apaixonado, vivi a minha vida inteira. Em Camaçari eu vivi a minha infância no Dois Julho, a minha adolescência no Inocoop, minha vida de adulto no Centro da cidade, e eu sou apaixonado pela cidade, sou apaixonado pelo nosso jeito, sou fascinado pela capacidade de criação tão artística dos nossos munícipes — é uma coisa linda e uma coisa incrível. O que me define em relação a Camaçari é paixão, amor de verdade.
D1 – A equipe é formada 100% por profissionais de Camaçari, contando a história da cidade. Como foi o processo de produção, o que mais marcou a equipe no desenvolvimento da série?
JC – O “Camaçari, Muita História pra Contar” tem no seu corpo profissional 100% de pessoas de Camaçari. Eu gostaria muito de pontuar que eles foram selecionados, foram escolhidos para trabalhar com a gente, não só por serem de Camaçari, mas por serem muito competentes no que fazem. Nós trabalhamos com 10 profissionais de Camaçari.
O meu processo de produção talvez tenha sido um dos processos mais… um dos mais não, o mais leve e tranquilo que eu já fiz em toda a minha vida. Foi muito, muito fluido, foi muito divertido, foi muito gostoso de fazer. Tinha muito amor em tudo, era visível o envolvimento de todos eles, o capricho, porque acreditavam não só no projeto, mas entenderam e também contribuíram muito com a nossa proposta. Eles queriam que desse certo e foi tudo feito com muito amor, muito cuidado, com muito zelo, muita dedicação, do jeito que Camaçari merece.
D1 – Essa é uma ação ligada diretamente à preservação e produção de memória, e à formação de identidade. O objetivo é esse, provocar essa noção de pertencimento na população? O que acredita que pode ser modificado a partir desse sentimento?
Ouça:
D1 – O público-alvo são estudantes de Camaçari a partir dos 12 anos, e a ideia é que esses vídeos cheguem até as escolas da cidade para serem utilizados como material de apoio, fonte de consulta sobre a história da cidade. Qual a importância de falar com esse público e tornar acessível, tanto em linguagem quanto em formato, fatos e curiosidades sobre Camaçari?
JC – O projeto, quando foi criado, eu me projetei muito nessa idade, no que eu queria saber mais sobre a cidade. Não tinha tanto acesso, lógico que também não tinha internet, mas tinham poucas informações e me faziam muita falta. A importância também de falar sobre a minha cidade para esse grupo específico é um processo de empoderamento cada vez mais cedo, que você tenha informações suficientes e tenha mais facilidade de ter argumentos para defender a sua cidade. Quando ouvir: “ah, você é de Camaçari? A cidade do Polo? Cidade poluída?”. Não, eu sou de Camaçari, a cidade que tem o Polo [Industrial], que é uma grande riqueza nossa, mas também de uma cidade que tem importância no 2 de Julho, que foi capital do Brasil, que tem a sua importância na defesa do Brasil, na invasão dos holandeses. Ou seja, eu sou de uma cidade que tem um grande valor histórico brasileiro.
Quanto ao formato, foi uma sugestão de Saulo, que é o nosso diretor, que disse: “a gente precisa fazer uma escolha, o que você acha?”. E aí eu topei. Esse formato que já é do Instagram, que as pessoas utilizam muito. O próprio YouTube já está aceitando esse tipo de formato [vertical] de maneira mais tranquila, e são episódios curtos, que você pode assistir ali rapidinho no seu celular, não leva tanto tempo. É prático, a linguagem é prática, rápida, direta, leve. Direcionado justamente a esse público de internet, e em sua grande maioria jovens.
D1 – O que acabou descobrindo sobre Camaçari durante a produção do projeto, que não fazia ideia?
JC – A primeira coisa que eu descobri foi que minha família chegou em Camaçari em meados do século 16. Isso já foi um grande baque e foi bacana de saber isso, eu fiquei feliz. Eu descobri lugares, a Prainha [em Parafuso], eu me apaixonei, não sabia, não conhecia a Prainha, mas é um lugar lindo. Eu descobri um pouco mais da nossa importância e da nossa influência no processo histórico não só da Bahia, mas no processo histórico do Brasil. Como a gente foi importante em lutar contra a invasão holandesa, importante e determinante, como a gente participou do 2 de Julho. Descobri também que a sede de Camaçari não é só onde é hoje, Vila de Abrantes foi, e tem uma outra localidade que foi sede de Camaçari. E várias outras coisas, que não posso contar tudo agora e dar tanto spoiler.
D1 – Já tem previsão para a segunda temporada?
Ouça:
D1 – Por fim, o que “Camaçari, Muita História pra Contar” pode deixar para a cidade?
JC – Além desse empoderamento, desse reconhecer que a gente quer trazer e deixar esse orgulho pela cidade aonde a gente vive, mora, cresceu, nasceu, Camaçari é uma grande potência turística, seja pelas suas belezas naturais, pela suas riquezas naturais, como pela sua cultura histórica. Então, o que a gente quer é que as pessoas se empoderem dessas informações e comecem a capitalizar, gerando renda e emprego também para o município.
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