Camaçari
“Ser baiana de acarajé é valorizar a influência africana”; conheça Solange Borges, que exerce o ofício há 49 anos
Ela produz o tradicional prato no bairro do Agrovila Pinhão Manso – Santo Antônio II, em Camaçari.
Publicado
em
Por
Sonilton SantosNesta quinta-feira (25) é comemorado o Dia Nacional da Baiana de Acarajé, e para saber mais sobre esse delicioso prato afro-brasileiro, que também carrega uma linda e rica história cultural e é considerado patrimônio material da Bahia, o Destaque1 conversou com a camaçariense Solange Borges, 58 anos, que há 49 produz esse tradicional maná no bairro do Agrovila Pinhão Manso – Santo Antônio II, em Camaçari. Com um sorriso largo, suas roupas, pulseiras e colares bonitos, a baiana de acarajé esbanja beleza, simplicidade e carisma, além de um bonito e delicioso tabuleiro com diversas iguarias.
Solange aprendeu a arte de fazer acarajé com a sua mãe, Joselita Borges, quando ambas vieram para Camaçari em 1972 e aqui começaram a desenvolver o ofício de baianas de acarajé. Hoje, ela, que nasceu em Salvador, trabalha com apenas uma colaboradora no projeto chamado Culinária de Terreiro. “Hoje eu merco [vendo] o meu tabuleiro aqui na Agrovila Pinhão Manso, no projeto chamado Culinária de Terreiro. Então, é a partir daqui que eu faço meu acarajé e recebo pessoas para desenvolver esse quitute que é patrimônio material da Bahia”, explica.
Como muitos brasileiros que tiveram suas vidas modificadas com a chegada da Covid-19, Solange também teve que se readaptar e se qualificar para continuar exercendo o ofício de baiana de acarajé e achar uma saída para manter os seus negócios. “Tive que me readaptar fazendo cursos online. Então, cursos online foram a minha saída para me readaptar com o tabuleiro da baiana, com o fazer o acarajé”.
Solange lembra que já exerceu outras funções e profissões, como faxineira e secretária de prefeito, mas o acarajé nunca ficou de lado. “Eu já fiz muita coisa na vida. De faxineira, manicure, diarista, secretária de prefeito, dona de casa, funcionária pública. Mas de todas as profissões, o acarajé sempre esteve presente. Então, nesse período todo da minha vida, eu sempre desenvolvi o acarajé”, destaca.
Diante dos desafios enfrentados ao longo da vida e por ver a necessidade de sua mãe de vender os bolinhos de acarajé para sustentar a família, ela começou a empreender, além de desenvolver também o seu olhar para as práticas nos terreiros de candomblé. “Foi com ela que eu aprendi esse ofício e depois desenvolvi nas minhas práticas nos terreiros de candomblé, nas minha práticas quando fui me profissionalizar no Senac e na minha vida. Eu fui me qualificando, porque eu acho importante todo o conhecimento que você tenha abarcado, todo o conhecimento que você aprende, você se qualificar”.
Para além da data comemorativa, o Dia Nacional da Baiana de Acarajé também representa a valorização da cultura, de religiões de matrizes africanas e toda uma história de luta e resistência do povo negro. Para Solange, ser baiana de acarajé representa o fortalecimento, a valorização, um resgate à história, conquistas e afirmamentos. É valorizar a influência africana e nesta data reivindicar melhorias nas políticas públicas e na valorização do ofício.
“Ser baiana de acarajé para mim é valorizar a influência africana. O ofício da baiana de acarajé é um ofício que a gente traz da matriz africana, é um ofício que nasceu nos terreiros de candomblé. As baianas de acarajé são as primeiras empreendedoras deste país. Nós começamos a mercar a partir do terreiro do candomblé, lá a gente aprendeu esse ofício, e esse ofício apreendemos tanto para alforriar nossos irmãos como para sustentar a nossa religião. Então, muitas baianas de acarajé aprenderam esse ofício, esse ofício é uma reverência a Mameto Kaiango, Yansã, foi de lá que veio, que o acarajé é chamado de bola de fogo, é de lá que veio essa oportunidade e que hoje estamos aí continuando empreendendo. Então, é esse resgaste da influência africana para a nossa cultura, porque um povo sem cultura não existe. A gente precisa cada vez mais fortalecer esse legado da nossa matriz africana”, ressalta.
Leia Também
-
Cipe Polo Industrial interrompe assalto na Gleba A; suspeito e veículo roubado são apreendidos
-
Tagner cobra retorno do Bolsa Atleta e afirma: “Não pode se acostumar a ver atleta com rifa na mão”
-
Espaço Cozidinho realiza mais uma edição do Forró Solidário neste domingo
-
STT interdita Travessa Jorge Amado para reparos emergenciais
-
BYD abre processo seletivo para atuação em Camaçari
-
Camaçari ganha terceira Casa Lar da Aldeias Infantis