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Outubro Rosa: “O câncer não é o fim, é possível vencer”, afirma Marinalva Vencedora, que enfrentou a doença três vezes
Ela descobriu o câncer pela primeira vez ao fazer o autoexame da mama.
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Daniela OliveiraO câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama (células dos lobos, produtoras de leite ou dos ductos, por onde é drenado o leite), o que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos. A doença ocorre quase que exclusivamente em mulheres, mas também acomete homens, ainda que seja mais raro, representando apenas 1% do total de casos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O câncer de mama tem 95% de chance de cura quando diagnosticado na fase inicial e feito o tratamento adequado em tempo oportuno, como aponta o Instituto Oncoguia. Além disso, a detecção em estágios iniciais diminui a agressividade no tratamento, que pode afetar a qualidade de vida. Prova viva disso é a trajetória de superação, fé e vitória de Marinalva Estevan Ferreira, de 45 anos, acometida três vezes pelo câncer de mama, nos anos de 2012, 2015 e 2019, e hoje curada.
A técnica de enfermagem Marinalva Vencedora, como é conhecida e gosta de ser chamada, reside no bairro do Jardim Limoeiro, em Camaçari, e faz parte do quantitativo de mulheres que tem o hábito de realizar o autoexame na mama. Mesmo sem histórico de câncer na família, o autocuidado nesse sentido sempre foi prioridade.
“Sempre tive o hábito de fazer o autoexame, antes mesmo dos 30 anos, e no ano de 2012, ao me autoexaminar, detectei um nódulo no bico [mamilo] do meu seio direito, indolor, que não se movimentava, do tamanho de um grão de feijão. Ao detectar esse nódulo, alguns dias depois eu comecei a ter retração mamária no tecido íntegro da mama. Eu deitava e algo puxava a pele para a parte interna da mama. Foi aí, então, que comecei a investigação. Após alguns exames solicitados pelo mastologista, especialista da mama, foi detectado que eu estava com câncer de mama, e nesse processo de 2012, tive que ser submetida a uma mastectomia radical modificada à direita, que é a retirada total da mama, com esvaziamento da axila, por conta dos nódulos cancerígenos, mas graças a Deus o câncer não estava espalhado pelas axilas”, lembra.
Além da cirurgia, Marinalva foi submetida à quimioterapia e hormonoterapia oral para bloquear a produção do hormônio estrogênio nas células mamárias e auxiliar no tratamento do câncer de mama receptor de hormônio positivo (câncer de mama com receptores de estrogênio e/ou progesterona) durante cinco anos.
Três anos se passaram desde o primeiro diagnóstico, e Marinalva, por recomendações médicas, realizava a cada seis meses exames de rastreamento para acompanhar o resultado do tratamento e averiguar se a doença não havia retornado. Foi em 2015 que ela teve a confirmação do segundo tumor, na cicatriz da primeira cirurgia. “Tive a recidiva da doença, no plastrão do tórax — porque eu não tenho mais a mama, então é chamado plastrão torácico pelos médicos —, e fui submetida a uma nova cirurgia, e, posteriormente, 28 sessões de radioterapia. Eu prossegui com o tratamento hormonal oral com tamoxifeno”, conta.
Após a superação do segundo câncer de mama, no ano de 2019, ao fazer um novo rastreamento, Marinalva foi diagnosticada com um novo nódulo, de novo no plastrão torácico. “Fui novamente submetida a uma nova cirurgia, e posteriormente à quimioterapia mais uma vez, e há um ano e nove meses estou passando por um novo tratamento de bloqueio hormonal, com injeção subcutânea mensal com o medicamento chamado Zoladex, que não é mais disponibilizado pelo SUS”, relata.
Marinalva conta que fazia o tratamento da doença pelo plano de saúde, pago com o dinheiro que recebia do auxílio-doença. Desde agosto, no entanto, o benefício foi cortado, impossibilitando o pagamento do plano e obrigando-a, automaticamente, a interromper o tratamento. Uma nova perícia será realizada em dezembro, quando ela espera regularizar a situação.
E como lidar com a nova imagem diante do espelho? Marinalva afirma ter conseguido lidar com todas as mudanças em seu corpo após os procedimentos cirúrgicos e que nenhuma mudança estética é capaz de modificar a essência e o prazer de se sentir bem consigo mesma.
“Eu sempre fui uma mulher que me aceitei muito, sou bem resolvida comigo mesma, nunca quis nada artificial. Então, quando eu fiz a mastectomia, foi um momento difícil, porque não é fácil pra nenhuma mulher, porém me aceitei com meu novo corpo. Já tem quase 10 anos que eu retirei a mama e até hoje eu não fiz a reconstrução mamária por opção minha”, comenta Vencedora.
Hoje Marinalva Vencedora leva informação e conhecimento para outras mulheres em empresas, igrejas e instituições por meio de palestras gratuitas sobre o câncer de mama e a experiência de vencer três vezes a doença, e também ensina como realizar o autoexame corretamente. É um momento para troca e acolhimento. Para ela, todas as mulheres, independentemente da idade, devem ser estimuladas a conhecer seu corpo para saber o que é ou não normal em suas mamas.
“É muito importante que as mulheres se conheçam, se percebam e entendam seu corpo. Uma vez no mês, para aquelas [mulheres] que menstruam, uma semana após o início do ciclo menstrual, conta sete dias e aí pode ser feito o autoexame, ou na hora do banho, que a pele está deslizando, ou na frente do espelho, ou deitada com uma das mãos por trás da cabeça. Com a mão direita você começa a fazer movimentos circulares com as pontas dos dedos na mama esquerda e na axila, e buscando ver se tem algum nódulo ou algo desse tipo, ou alguma anormalidade. Depois com a mão esquerda você faz o mesmo processo na mama direita e observa se, além do nódulo, vai sair do mamilo alguma secreção de forma espontânea sanguinolenta, esverdeada ou com cheiro fétido”, explica.
Como parte de sua missão, ela comenta a necessidade de lembrar que o Outubro Rosa se faz todos os dias, “porque as mulheres precisam entender que o cuidado com a saúde é rotineiro, que é preciso procurar um ginecologista sempre e realizar os exames preventivos de acordo com a necessidade e idade de cada uma. O mês de outubro foi escolhido para destacar a nível mundial a importância da informação e prevenção do câncer de mama”. O Ministério da Saúde recomenda que mulheres entre 50 e 69 anos façam a mamografia a cada dois anos, mesmo que não apresentem sintomas da doença.
Bem otimista e com uma fé inabalável, Marinalva Vencedora deixa uma mensagem para todas as mulheres. “O recado que eu deixo aqui para as mulheres que acabaram de receber o diagnóstico de câncer de mama, ou estão em tratamento, é que elas busquem forças em Cristo Jesus, que elas tenham um alicerce em Cristo Jesus, porque primeiro Deus, sem Deus é impossível superar ou passar por um processo desse, sem ter um alicerce espiritual. Independente da religião, Cristo é soberano. Então vá ao médico com frequência, sigam as orientações dos seus médicos ginecológicos, mastologistas, oncologistas e realizem os exames periódicos conforme prescritos. Façam atividade física, tenham uma alimentação controlada, procurem viver mais a vida, valorizar mais as pessoas que estão do seu lado. Amem mais, perdoem mais, porque a partir do momento que recebemos o diagnóstico de câncer de mama, é uma nova vida, é uma nova visão de vida. E acredito que é uma nova vida, mas não para a morte, e sim transformar a nossa dor em algo positivo”.
“Não desistam, continuem se amando e amando a vida. O câncer não é o fim, é possível vencer. Lutem, lutem porque juntas somos mais que vencedoras em Cristo Jesus“.
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