Opinião
“Uns preferem morrer ao ver um preto vencer”, por Sonilton Santos
“Aceitem, respeitem ou surtem. Eu não vou parar”, afirmou Vinicius Jr. após ser vítima de racismo e xenofobia na Espanha.
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Sonilton SantosAlgumas pessoas andam dizendo que o futebol está ficando “chato”, porque não se pode mais provocar, caçoar ou tirar uma onda com o adversário. Dizem também que está cheio de proibições e de “mi, mi, mi”… Mas o que está chato mesmo, ou melhor, insuportável, são as constantes cenas de racismo. O caso mais recente aconteceu com o brasileiro Vinicius Jr, que sofreu um ataque através de uma fala racista de Pedro Bravo, presidente da Associação Espanhola de Empresários de Jogadores. O fato aconteceu após o empresário racista participar do programa espanhol “El Chiringuito”, da Espanha, na última quinta-feira (15).
Infeliz com as danças comemorativas de Vini Jr. após marcar gols, Pedro Bravo provou que, além de racista, também é xenofóbico. “Você tem que respeitar o rival. Se quer dançar, que vá ao sambódromo no Brasil”, comentou. “Aqui o que você tem que fazer é respeitar os companheiros de profissão e deixar de fazer macaquice”, completou Pedro Bravo.
Pedro Bravo acaba de llamar mono a Vinicius.#ChiringuitoDerbi
¿Debe seguir en el programa?
🔃 Si
❤️ No pic.twitter.com/i1imkCGXjr— CHIRINGUITO SHOW (@ShowChiringuito) September 15, 2022
Horas depois da fala xenofóbica e racista, em seu perfil em uma rede social, Pedro Bravo, como outros racistas, pediu desculpas e tentou contornar o caso falando que sua intenção não era ofender Vinicius Jr.
“Quero esclarecer que a expressão ‘fazer macaquice’, que utilizei mal ao qualificar a dança do Vinicius na comemoração dos gols, foi de maneira metafórica (‘fazer idiotices’). Como minha intenção não foi de ofender ninguém, peço sinceramente desculpas. Sinto muito!”, escreveu Bravo.
Quiero aclarar que la expresión “hacer el mono” que he mal utilizado para calificar el baile de celebración de los goles que hace Vinicius lo hecho de manera metafórica (“hacer tonterías”). Cómo mi intención no ha sido ofender a nadie pido sinceramente perdón. Lo siento ¡!
— Pedro Bravo (@PedroBravoJ) September 16, 2022
Outra prática dos racistas é afirmar que não tiveram a intenção de ofender ninguém com suas falas, como se realmente se preocupassem com alguém que não seja do seu convívio.
Mas o que Vinicius Jr. respondeu? O brasileiro, com sabedoria, educação e humildade, se defendeu e rebateu a fala do racista Pedro Bravo de maneira inteligente e cultural.
“Há semanas, começaram a criminalizar minhas danças. Danças que não são minhas. São do Ronaldinho, do Neymar, do Paquetá, do Pogba, do Matheus Cunha, do Griezmann e do João Félix. Dos funkeiros e sambistas brasileiros. Dos cantores latinos de reggaeton e dos pretos americanos. São danças para celebrar a diversidade cultural do mundo”, destacou. Lindo mesmo foi ver a afronta do brasileiro, que não abaixou a cabeça e ainda falou: “aceitem, respeitem ou surtem. Eu não vou parar”, completou.
“Mas repito pra você, racista: EU NÃO VOU PARAR DE BAILAR!”
Vini Jr soltou esse vídeo nas redes sociais!
Tamo junto, @vinijr#BailaViniJrpic.twitter.com/y7nSsZOsyw
— Goleada Info (@goleada_info) September 16, 2022
Depois disso, ainda houve o caso do jogador Koke, do Atlético de Madrid, que tentou jogar a torcida do seu time contra Vini Jr. após afirmar que, se o brasileiro fizesse gol no clássico entre sua equipe e o Real Madrid, no último domingo (18), “haveria confusão, com certeza. É normal”.
Também houve cânticos racistas da torcida do Atlético de Madrid antes do jogo, mencionando e provocando o brasileiro. O programa espanhol “El Chiringuito” pediu desculpa ao brasileiro, mas afirmou que não houve racismo. No entanto, o jornalista Juanfe Sanz, do mesmo programa espanhol, criticou Vini Jr., chamando-o de “imaturo”, além de dizer que ele também é um jogador com falta de “inteligência emocional”.
Enfim, amigos, foram tantas coisas negativas que aconteceram que, se as listasse, precisaria de pelo menos 10 páginas. O que importa é que o brasileiro Vini Jr. soube lidar com a situação. Ele não abaixou a cabeça, deu a resposta à altura. Entrou em campo, não fez gol, mas ajudou o Real Madrid a vencer por 2 a 1 o Atlético de Madrid. Esses fatos me fizeram lembrar da letra de uma música do rapper Criolo, em que ele canta: “Uns preferem morrer ao ver um preto vencer”. Seja no futebol, na música, na política ou afins, ver um preto no topo ainda incomoda muita gente. Segue o baile.
Sonilton Santos é camaçariense, fã de esportes, futebol e praia, estudante de Jornalismo e repórter do Destaque1. Ubuntu!
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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