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Temporada do musical “O Caminho dos Mascates” acontece em outubro no Pelourinho
O espetáculo é uma produção do Coletivo DUO e fica em cartaz do dia 1ª a 28 de outubro.
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RedaçãoMuralhas são fronteiras que limitam movimentos, signos de segregação, trânsito de memórias. Ficção ou realidade, um muro separa Brasil e Unidos Estados do Nordeste (UENE). De 1º a 28 de outubro, sempre às sextas e sábados, às 19h, a Arena Sesc Senac, no Pelourinho, será palco do espetáculo musical “O Caminho dos Mascates”. A obra do Coletivo DUO é escrita pelo dramaturgo e poeta Denisson Palumbo.
No fluxo de ser e estar nesses territórios estão os mascates, vendedores viajantes constituídos de caminhos, que carregam em suas malas ausências, histórias e desejos. Vividos pelos atores Israel Barretto, Marcos Lopes e Saulus Castro, esses viajantes por profissão questionam suas vivências e produzem repentes a partir de dúvidas territoriais, Antônio Corrente, Antônio das Velhas e Antônio Massangano, respectivamente.
Distópico, o Nordeste se faz e se reinventa em “O Caminho dos Mascates”. É dessa necessidade de se recriar e reerguer que Palumbo cria os Unidos Estados do Nordeste (UENE), pedaço de terra sertaneja cercado de Brasil por todos os lados, separados por uma muralha ficcional, uma ilusão que oprime, que não permite ser ancestral e deixa interrogações. Questiona-se: “Com quantos bordados se faz uma bandeira?”.
Com direção cênica de Elisa Mendes, “O Caminho dos Mascates” é permeado de referências coletivas do ser nordeste, de um povo imaginário que, em trânsito, construiu um Brasil. Palumbo traz para sua embolada musical e dramatúrgica um plebiscito que questiona ao povo se ele deseja a derrubada dessa muralha repleta de ilusões, geográficas e racionalistas, se os nós fronteiriços devem ser desatados, demolidos.
Palumbo conta que o texto foi escrito entre março e junho de 2020, quando a Covid-19 tornou-se pandemia no Brasil, e tem como referência “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, “obra fundamental para entender o Brasil e reinventar o Nordeste”. O caminho dos mascates interroga o que seria a identidade cultural contemporânea de uma nova “nordestinidade”.
Nessa linha de raciocínio, Elisa Mendes diz que “O Caminho dos Mascates” discute identidade, território e poder, e nos leva a pensar “os Brasis que temos, a discutirmos sobre as muralhas que nos afastam, que nos segregam”, sendo a muralha “a própria lida, os impedimentos constantes para que a nossa sociedade avance”.
Nessa narrativa, os mascates “representam os espíritos inquietos, que não se dobram fácil, defendem a liberdade e a alegria como guia”. Palumbo diz: “os mascates são o que for possível”. E se for possível, “com quantas malas se faz uma viagem?”. E as possibilidades são inúmeras. É no caminho, com suas malas em punho, que eles cruzam passado, presente e o que a de ser o futuro. Em seus caminhos, os mascates encontram-se à beira de um rio de imaginação.
Em “O Caminho dos Mascates”, música e dramaturgia se borram. O espetáculo é musical por si, com falas ritmadas que dão vidas às personagens. Com direção musical de Saulus Castro, ator que dá vida ao mascate Antônio Massangano, a musicalidade traz a pluralidade dos Nordestes. Baiões, Bois, Aboios, Sambas de roda, Maracatus, Cavalos Marinho, Frevos, Emboladas, Carimbós, Xotes, Xaxados, Serestas e tantas outras sonoridades do Brasil-Profundo.
Para reafirmar a poética nordestina, o cenário, figurinos e acessórios de cena são compostos de fragmentos terrosos de tecidos em algodão, couro e malhas, madeiras, metais e plástico. Retalhos que compõem uma visualidade que nos leva a um Nordeste distópico e em construção, retalhos relevos e topográficos que criam uma cartografia do que pode vir a ser solo e povo nordestino. Guilherme Hunder assina a direção de arte.
Os ingressos estão disponíveis para compra antecipada pelo Sympla e na Bilheteria do Teatro, nos valores de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
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