Segurança
‘Surto’ do PM Wesley morto na Barra pode ter relação partidária, aponta inquérito
Wesley Soares Góes foi baleado por policiais após atirar contra os militares em março deste ano, no Farol da Barra, em Salvador.
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Daniela OliveiraPrestes a completar sete meses desde a morte do soldado Wesley Soares Góes, baleado por policiais após atirar contra os militares em março deste ano no Farol da Barra, em Salvador, a PM apresentou a conclusão do Inquérito Policial Militar (IPM) juntamente com representantes do Ministério Público em uma coletiva de imprensa virtual, nesta quinta-feira (21). O inquérito descartou que a atividade exercida pelo PM não teve relação com sua morte. Além disso, a polícia aponta que manuscrito deixado pelo soldado evidenciou que um possível envolvimento político teria influenciado no episódio.
O resultado conclusivo do IPM foi apresentado pelo corregedor-geral da PM-BA, coronel César Magnavita, o oficial encarregado pelo IPM, e corregedor adjunto da PM-BA, tenente coronel Agnaldo Ceita, e dois representantes do Ministério Público que acompanharam as investigações. Segundo o tenente coronel Agnaldo Ceita, de início a polícia trabalhou com a linha de investigação que considerava que a ação de Wesley Góes poderia ter sido causada pela rotina do soldado durante a pandemia, o que teria o levado, assim como outros policiais, ao estresse excessivo. A hipótese, contudo, não foi confirmada.
Depois de descartada a primeira linha de investigação, a polícia coletou depoimentos de familiares, oficiais da mesma unidade em que Wesley era lotado e de integrantes da guarnição, mas nenhum ponto negativo foi identificado. Ainda segundo os relatos, o soldado tinha um bom comportamento na corporação, era uma pessoa equilibrada, tinha boa relação com os familiares e uma situação financeira estável.
Como se verificou que as primeiras linhas de investigações não foram confirmadas e que não tinham relação com a conduta do soldado, a PM passou a analisar outras possibilidades para o que teria motivado Wesley Soares Góes à ação. Conforme o relatório, psicólogos que já atenderam Wesley afirmam que “o soldado não possuía histórico de problemas psicológicos e psiquiátricos, então ele não tinha acompanhamento que justificasse a sua conduta. O que nós temos de informações de psicólogos que tiveram contato com ele é que, pelas condutas e ações de Wesley, existe uma possibilidade de que ele tenha tido um surto psicológico em relação a questões políticas partidárias. Mas isso é uma indicação, não podemos confirmar, porque, como já disse, ele não tinha um acompanhamento específico com os profissionais e esses psicólogos não fizeram oficialmente parte das investigações”, pontuou o coronel.
A partir disso, surgiu a linha da motivação política, com o aparecimento de um manuscrito elaborado pelo soldado Wesley. “Ele relatava questões e cenários políticos futuros com relação a campanhas eleitorais, mas não traria em si uma motivação suficiente para as ações que foram praticadas por ele. Foi levantada também a possibilidade de participação de terceiros, que poderiam entrar como pessoas que teriam induzido o soldado Wesley à prática daquelas ações, mas que com laudos e questões de quebra de sigilo que foram solicitadas, não houve nenhuma confirmação com relação a essa participação”, destacou o coronel Agnaldo Ceita.
Ainda segundo Ceita, um dia antes da morte de Wesley Góes, no dia 27 de março, os familiares perceberam algumas mudanças comportamentais no PM, mas nada que causasse preocupação.
Sobre as questões técnicas durante a negociação e a troca de tiros que terminou com a morte de Wesley Góes, a Polícia Militar concluiu que não houve excesso na estratégia da corporação. O coronel Agnaldo Ceita relatou que os oito tiros foram estratégicos e que o soldado estava com três armamentos, entre eles um fuzil com capacidade de 30 tiros. A PM também reafirmou a versão dos policiais de que o soldado teria atirado na direção deles antes de ser atingido. A perícia apontou também que, mesmo atingido e caído ao solo, o soldado continuou atirando.
Durante o inquérito foram analisados laudos de reprodução simulada, de registros audiovisuais, de exame cadavérico, de balística e dos veículos envolvidos. Com a conclusão do IPM, o relatório foi encaminhado para o Ministério Público do Estado, onde será analisado e haverá concordância ou não com a tese apresentada.
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