Política
Sessão especial do Dia do Trabalhador debate desemprego em Camaçari, reformas e REIQ
A sessão foi proposta pelo vereador Dentinho do Sindicato (PT).
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Camila São JoséO plenário Osvaldo Nogueira sediou nesta terça-feira (3) uma sessão especial em homenagem ao Dia do Trabalhador, celebrado no último domingo (1). Proposto pelo vereador Dentinho do Sindicato (PT), o encontro reuniu trabalhadores, sindicalistas, advogados e parlamentares na Câmara Municipal de Camaçari.
Na pauta estiveram as reformas trabalhista e previdenciária, o desemprego em Camaçari e atual situação do Polo Industrial, a manutenção do Regime Especial da Indústria Química (REIQ) e a incorporação da inteligência artificial nas unidades fabris.
“Não temos o que comemorar. O trabalhador, com esse desgoverno do governo federal acabou tirando todos os direitos dos trabalhadores e aqui em Camaçari não foi diferente, nós vivemos também o pior momento para a população, para o trabalhador”, pontuou Dentinho. “Nós precisamos estar juntos para que a gente possa seguir e tentar tirar o Brasil do buraco que está, e automaticamente o que os trabalhadores estão sofrendo. Por isso, esse momento é preciso que a gente deixe as bandeiras de lá e se una. Nos unirmos para daqui sair uma esperança para o trabalhador brasileiro, porque essas reformas que foram feitas no Brasil só fizeram prejudicar o nosso povo”, complementou.
O petista ainda disse que o exemplo para valorização dos trabalhadores deve começar pela Câmara. “Queria deixar registrado e mandar para o seu presidente [Júnior Borges], que ele tenha a sensibilidade de entender que o servidor daqui da Casa está há três anos sem aumento e que ele veja uma reunião urgente para que essa Casa dê exemplo pra fora de que vai resolver primeiro os problemas dos trabalhadores que estão aqui dentro. Então, queria falar com o presidente pessoalmente, mas infelizmente ele não veio. O nosso servidor é o nosso principal patrimônio”.
O vereador líder da bancada de oposição concluiu dizendo que são os trabalhadores que irão “decidir o futuro do Brasil e de Camaçari”.
O representante do Sindquímica, Zé Pinheiro, lembrou a importância e história do 1º de maio. “Essa é uma data muito importante, quem conhece a história do trabalho e que isso começou em 1.886, em 1943 com a consolidação das leis do trabalho e de lá pra cá a gente vem aprimorando. Lembrando, que Getúlio Vargas se apropriou da data de 1º de maio, inclusive criando a CLT, em 1988 foi incorporada a CLT à nossa Constituição e eles tiveram o saque do poder do público se apropriar também da data. Antigamente era só protesto e bater nas instituições, de lá para cá se tornou uma festa popular, os sindicatos fazem as manifestações, os protestos, mas ao mesmo tempo você tem as festas”.
O vereador Tagner Cerqueira (PT) disse que é preciso “compreender que a luta e valorização do trabalhador nesse país precisa ser um debate político”. “Camaçari essa cidade forte do Polo Industrial amarga o desemprego, por conta dessa política econômica do presidente”, disse. “O Brasil vive o Brasil da fome e do desemprego”.
Para o presidente do Conselho Consultivo da Jovem Advocacia de Camaçari, Rodrigo Marques Nogueira, essa mudança deve começar com a revogação das reformas e mudança da atuação da indústria de transformação. O advogado pontuou que hoje o Brasil possui 12 milhões de desempregados e 39 milhões de trabalhadores em situação de informalidade. “Como que a gente fala de recuperação econômica com a uma taxa de desemprego tão elevada? É nítida a situação catastrófica que estamos vivendo”, questionou.
“A gente precisa lutar pela revogação das reformas. A nossa reforma trabalhista foi baseada na reforma trabalhista aprovada na Espanha em 2012, e lá eles já estão revogando”, destacou ao falar ainda da necessidade de geração de emprego na indústria de transformação, em que defendeu que “nós precisamos unificar o pensamento dos produtores rurais e dos industriários”.
O representante do Sindborracha, Josué Pereira, mostrou preocupação com o atual cenário de Camaçari, principalmente após a saída da Ford há mais de um ano. “Nós vivemos em Camaçari, uma cidade de 300 mil habitantes, mas que nós temos um número absurdo de pessoas desempregadas e a saída da Ford foi exemplo disso, de uma única e só vez foram mais de 10 mil trabalhadores apenas da Ford que perderam seus empregos”, falou.
“12 milhões de trabalhadores desempregados no Brasil, a cidade de Salvador, a nossa capital, tem aproximadamente 3 milhões de habitantes. Já pensou quatro capitais de Bahia de pessoas desempregadas? É muita gente. E praticamente todas as vezes que nós saímos aqui em Camaçari, que paramos em uma sinaleira da cidade tem uma pessoa vendendo bombom, vendendo chocolate, vendendo alguma coisa. São as pessoas desempregadas que não têm pra onde ir, não têm emprego. O número de pessoas que rodam em aplicativo dobrou na cidade, de pessoas rodando mototáxi dobrou”, ponderou.
Para o vereador Gilvan Souza (PSDB), é fundamental pensar nos impactos provocados pela saída da montadora da Bahia e brigar pela manutenção do REIQ. “Então, esse REIQ sendo eliminado causa aí no mínimo 40 mil desempregos diretos e indiretos”.
O vereador Vavau (PSB) também trouxe para a tribuna a situação do Polo Industrial. “Infelizmente o Polo hoje está sendo sucateado. Se esse REIQ acabar a tendência do Polo é ir para a decadência”.
Zé Pinheiro afirmou que uma série de ações envolvendo sindicatos, centrais sindicais, políticos e a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) continuam em execução para que o regime seja mantido. O REIQ foi revogado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) por meio de medida provisória no dia 31 de dezembro de 2021.
“Se a gente perder essa iniciativa, esse Polo Petroquímico aqui está com os dias contados e aí todos os empregos vão junto”, falou. “Com o REIQ a gente pode pensar na ampliação desse Polo Petroquímico. Se a gente for parar para olhar, nos últimos 20 anos nós só tivemos duas empresas que se instalaram aqui em Camaçari, eu diria que uma, porque a Basf fechou, depois ela reabriu, tinha 400 e pouco funcionários, e voltou com 200”, complementou.
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