Camaçari
“Sei que muitos ainda precisam de mim, então seguirei firme”, afirma enfermeira do HGC que atua no combate à Covid-19
Itana Azevedo está na linha de frente da batalha para que mais famílias não sofram com a perda de entes queridos.
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Mirelle LimaHá um ano, os camaçarienses viram toda a rotina se modificar por conta da pandemia de Covid-19. Desde então, mais de 16 mil pessoas foram contaminadas e 283 perderam a vida no município. Enquanto isso, por trás das portas dos hospitais, profissionais da saúde lutam diariamente para salvar vidas e reduzir o impacto do coronavírus sobre a população. Apesar das jornadas de trabalho extensas, pressão psicológica e a alta exposição ao vírus, eles seguem na linha de frente, em uma batalha para que não haja mais famílias sofrendo com a perda de entes queridos.
A enfermeira Itana Azevedo, 41 anos, atua no Hospital Geral de Camaçari (HGC) desde o início da pandemia. Em entrevista ao Destaque1, ela conta sobre a experiência de estar cara a cara com o vírus, batalhando para curar cada paciente e fazê-los sorrir em meio a tantas dificuldades.
Itana explica que quando soube que atuaria no combate à Covid-19 ficou um pouco assustada, mas estudou sobre o tema e se dedicou para oferecer o melhor atendimento. “Em março de 2020, fiz um processo seletivo, tipo REDA, sendo aprovada, e, em junho do mesmo ano, fui convocada. Durante a entrevista, a coordenadora me informou que seria lotada para atuar no Setor de Síndrome Respiratória (Covidário). Confesso que foi um misto de ansiedade e medo, porque era tudo ainda muito novo e assustador, mas sou uma pessoa movida por desafios, então aceitei essa nova missão em minha vida profissional. Passei a estudar tudo relacionado à Covid-19, para que pudesse estar devidamente preparada em seu enfrentamento. Levei em consideração o fato de morar sozinha e não correr o risco de levar o vírus para minha família e as pessoas que amo”, relata.
A rotina da enfermeira é repleta de momentos difíceis, como internar membros da mesma família ou ver um paciente pedir para não morrer. “Estou atuando no combate à Covid-19 praticamente desde o início da pandemia na Bahia, porém, a fase atual considero a mais agravante. Poderia citar aqui pra você diversas situações difíceis que precisamos enfrentar, a exemplo de internar pacientes graves, membros de uma mesma família e ao mesmo tempo. Já tive neta e avó em leitos lado a lado, irmãos, cônjuges… Outra situação difícil é vivenciar óbito de pacientes intubados, que ficam dias internados na unidade sem ter tido a chance de um leito de UTI. Já fizemos vídeo-chamadas entre pacientes e entes queridos que nos emocionaram profundamente. Sem contar aquele pedido de cortar o coração: ‘por favor, não me deixe morrer’”, narra.
Durante a pandemia, diversas pessoas atuantes na área da saúde resolveram abandonar os postos de serviço, a fim de se manterem em segurança. No entanto, para Itana, essa não é uma opção. Apesar de já ter pensado em desistir, ela conta que se preenche de fé a cada plantão, disposta a salvar mais vidas.
“Sei que tenho um papel importantíssimo nessa pandemia, e não há nada mais recompensador do que o sorriso do paciente quando eu chego no plantão fazendo brincadeiras para que eles se alegrem, e nada mais gratificante que a alta hospitalar. Sei que muitos ainda precisam de mim, então seguirei firme até quando Deus quiser”, frisa a enfermeira.
Mais vulneráveis à infecção da Covid-19, os profissionais da saúde sofrem um constante esgotamento psicológico. Itana conta que, apesar de manter uma rotina para cuidar da saúde mental, é inevitável não se abalar diariamente. “Primeiramente sou uma pessoa de muita fé e creio em um Deus de promessas. Além de me apegar cada vez mais à Palavra, busco manter íntegro o meu psicológico, praticando atividade física e estando ao lado da minha família e do meu namorado, rodeada o máximo de amor. Ainda assim, é inevitável ter o emocional inabalado, saio ao final de cada plantão bastante fadigada e chorosa”, enfatiza.
A enfermeira ressalta que enquanto todos não forem vacinados mais vidas serão levadas pela Covid-19. Por isso, é essencial manter os cuidados. “Eu sei e compreendo que estamos vivendo tempos muito difíceis. Todos nós estamos sendo impactados profundamente de alguma maneira, seja pelo óbito de um ente querido, seja financeiramente, emocionalmente ou psicologicamente. Por outro lado, a pandemia também veio nos trazer lições de vida. Sei o quanto tá difícil, mas o momento é de união, amor e consciência. Infelizmente, enquanto a vacina não chega para todos, ainda teremos muitas mortes e pacientes sequelados por esse vírus, um vírus que não escolhe raça, cor ou condição social”, evidencia.
De acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), mais de 40 mil profissionais da saúde já foram infectados na Bahia.
“Imploro a todos que se cuidem e cuidem dos seus. Continuem usando a máscara, usando álcool nas mãos e evitando aglomerações. São medidas simples e as únicas que são eficientes, até o momento, para evitar a disseminação da doença. Este é o apelo de uma profissional de saúde que está lutando incansavelmente pela vida do amor de alguém”, expressa Itana.
Até esta segunda-feira (22), Camaçari possui 1.832 pacientes em tratamento contra a Covid-19 e a ocupação dos leitos é de 90%. Os dados são da Secretaria Municipal da Saúde (Sesau).
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