Saúde
Psicóloga alerta sobre cuidados com a saúde mental das crianças durante o isolamento
Ferramentas que garantam a compreensão e previsibilidade sobre o momento atual podem ser peças-chave para adaptação infantil ao “novo normal”.
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RedaçãoAs mudanças na rotina causadas pela pandemia do novo coronavírus abalaram pessoas de todas as idades. Ao mesmo tempo em que as crianças foram impedidas de frequentarem as escolas, pais e responsáveis precisaram descobrir uma nova rotina de trabalho, construindo assim um renovado cenário de relações e reconhecimento.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 86% dos brasileiros sofrem com algum tipo de transtorno mental, como depressão ou ansiedade, que se desenvolvem ainda na infância. Com a mudança de hábitos, ocasionada pelo isolamento social, as crianças tendem a ficar mais ansiosas e agitadas, especialmente as com desenvolvimento atípico. Para evitar essas alterações comportamentais, especialistas recomendam que a família tome cuidados e preze pela manutenção da consistência comportamental e da previsibilidade em relação ao dia a dia da criança.
Segundo a psicóloga Samanta Cavalcanti, mestre em psicologia experimental e responsável pelo Instituto de Habilidades para Vida (Viver), “os pais precisam ser fiéis aos sentimentos e conversar com suas crianças sobre o momento atual. Principalmente sobre as incertezas e as dúvidas, dando a maior quantidade de previsibilidade possível. Isso pode ser demonstrado através de um calendário, uma história social ou algo que as façam entender o que está ocorrendo no mundo. Ensinando sempre que a criança tem controle em relação ao que irá acontecer na rotina dela e aos acontecimentos e dando noção de temporalidade, ainda que seja voltar ou não para escola este ano”.
Ensinar é a melhor forma de garantir uma aprendizagem eficiente e diminuir sentimentos como ansiedade e medo. Para que as crianças diminuam os comportamentos improdutivos relacionados à falta de compreensão dos acontecimentos, possam entender o contexto atual e aquilo que se passa na vida dos pais e no mundo, o melhor caminho é adequar ferramentas individuais de acordo com a idade, habilidade e momento de cada família.
Crianças aprendem de formas diferentes, sendo necessário observar quais são as habilidades a serem ensinadas e quais as melhores ferramentas para garantir o ensino e a compreensão na especificidade de cada uma.
Atualmente algumas regiões do Brasil já trabalham com um calendário para retomadas das atividades presenciais nas escolas. Contudo, nem todas as escolas contam com a eficiência e assertividade de aplicativos profissionais de comunicação, sem contar que o modelo virtual diminui ainda mais a possibilidade de individualização do ensino, focando em habilidades e dificuldades específicas.
Com experiências negativas sobre aulas remotas e também com a insegurança mediante a possibilidade de retorno das aulas presenciais, alguns pais de crianças têm dado preferência ao cancelamento das matrículas.
O processo de aprendizagem deve ser personalizado, mediante uma avaliação sobre qual repertório precisa ser desenvolvido, quais os pontos chaves que serão trabalhados e qual a melhor forma de ensiná-los.
Levando sempre em consideração que cada criança aprende de forma diferente e a aprendizagem só acontece mediante ensino específico, as ferramentas de ensino devem contemplar todo repertório comportamental do indivíduo. Dando destaque ao emocional, o motor, social e por fim, o acadêmico. Gerando assim, maiores possibilidades no desenvolvimento de habilidades para a nova realidade.
“Uma ferramenta muito eficaz nesse período, além da observação atenta ao comportamento do seu filho, é a inserção de um calendário que o faça acompanhar a passagem dos dias e do tempo de forma visual, e um quadro de rotina individual para que ele tenha compreensão, previsão e controle dos acontecimentos, assim como uma noção de temporalidade”, ressalta a psicóloga Samanta Cavalcanti.
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