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Outubro Rosa: “Comecei uma nova vida depois do câncer”, relata Déa Alves, curada da doença há mais de 10 anos
Na época em que descobriu a doença, Déa tinha 53 anos; hoje, aos 65, relembra a batalha que enfrentou para combater o câncer de mama.
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Daniela OliveiraReceber o diagnóstico de câncer de mama não é fácil. Trata-se de uma notícia que assusta e preocupa muitas mulheres. Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama é o que mais acomete as mulheres, respondendo por 22% dos novos casos da doença a cada ano. Em 2019, o Brasil registrou 18.068 mortes por câncer de mama, sendo o principal tipo da doença que leva mulheres a óbito, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Apesar de as taxas de mortalidade ainda serem altas no país, o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno podem salvar a vida de muitas pacientes. Por isso, é essencial que as mulheres estejam sempre atentas ao próprio corpo e não deixem de fazer o autoexame e os exames preventivos, que auxiliam na descoberta precoce da doença. Para reforçar a tese de que, se descoberto cada vez mais cedo, as chances de cura do câncer de mama são altas, o Destaque1 traz mais um relato de uma mulher que enfrentou a doença e agora está curada.
Maria das Candeias Alves, mais conhecida como Déa Alves, é uma das milhares de mulheres que hoje podem falar com orgulho que venceram o câncer de mama. Desde 2009, ano em que foi diagnosticada com a doença, Déa passou a enxergar a vida de outra maneira, com mais leveza, muita fé e sempre aberta a mudanças. Ela descreveu o processo do seu tratamento como intenso, porque tudo ocorreu no decorrer de um ano. “Após uns dez anos de uma nova vida de solteira, já com os filhos adultos e bem criados, e de muitos resgastes emocionais, viagens e realizações de velhos sonhos, de repente, enquanto cuidava da minha mãe [idosa], senti que algo não estava bem, de uma forma bem subjetiva, e comecei a buscar compreender o que estaria acontecendo. Costumava fazer autoexame nos seios, mamografias eventualmente e outros exames de rotina”, contou Déa.
E sabe o que ela acredita ter sido primordial nesse processo? O tempo. Tempo para descobrir o tumor, para aceitar o diagnóstico, saber lidar com a doença, iniciar o tratamento, aguardar as respostas do seu corpo e compreender cada momento do que estava vivendo. “O tempo é uma característica comum neste tipo de câncer, que se descoberto até alcançar um centímetro de diâmetro, ainda estando encapsulado, não afetaria os linfonodos [gânglios linfáticos], e portanto o tratamento seria muito menos invasivo e com muito mais chances de cura”, explica.
Na época em que descobriu a doença, Déa tinha 53 anos. Ela sempre teve uma família grande e sem histórico de câncer. Depois de 12 anos do diagnóstico, hoje com 65 anos, ela relembra a batalha que enfrentou para combater a doença e acredita que problemas emocionais sofridos após a separação podem ter contribuído para o seu quadro de saúde.
“Tive um casamento de uns 20 anos centrado na criação dos filhos e em busca por uma vivência pacífica, embora sob um estado emocional muito sofrido, mas consentido, com o objetivo de resguardar as crias. Penso que essa pressão contínua, que culminou com um divórcio consensual, mas nem por isso pouco traumático, terminou por fazer com que uma célula cancerígena pudesse se desenvolver no meu corpo, onde já havia tal possibilidade”, disse.
Déa lembra que no ano da descoberta não faria uma mamografia, “o que seria muito perigoso”, mas foi intuitivamente levada à compreensão de que estaria com um câncer na cabeça, por ter passado por um momento de negação diante dos acontecimentos dramáticos que viveu na época da separação. Ela classificou a negação mental como uma possível “loucura momentânea”.
Após três dias das suspeitas da doença, ao assistir um capítulo de uma novela no qual uma atriz fazia o autoexame, Déa tomou a iniciativa de fazer também. Foi quando percebeu um caroço pequeno na mama.
“Quando fiz o toque na mama, percebi um carocinho. Era tão pequeno que nunca tinha percebido, e a partir daquele momento não consegui mais deixar de perceber. Foi quando minha ficha caiu”.
Depois da percepção do pequeno caroço, veio a confirmação do câncer de mama: maligno. Déa automaticamente acionou os filhos e deu início ao tratamento. Ela fez quimioterapia, ficou careca por um tempo, e em seguida se submeteu à cirurgia da retirada do quadrante, local onde estava o nódulo. “Meu seio ficou quase normal, nem parece que foi retirado uma parte. Meus seios são pequenos e com a cirurgia não mudou muito”, disse. Depois da cirurgia, Déa passou por 28 radioterapias. Todo o tratamento foi realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Santa Isabel, em Salvador.
Hoje Déa continua sendo acompanhada e faz exames de rotina anuais. Ela diz se sentir feliz e realizada, e optou por não fazer cirurgia de reparação. “Esse momento foi único e foi o fechamento de um ciclo na minha vida. Comecei uma nova vida depois do câncer, fiz faculdade, teatro, engatei outros namoros e tive muitas mudanças”, afirmou.
Com três filhos e quatro netos, Déa mora na localidade de Vila de Abrantes, em Camaçari. Atualmente é desenhista e também trabalha como costureira. “Sempre fui muito observadora e questionadora. Desde cedo, me centrei muito no autoconhecimento e no sentido da vida, o que me levou a muitas leituras e vivências nessas áreas”, conta Déa sobre a passagem da doença em sua vida.
“Com esse episódio aprendi muito sobre o poder de determinar nossa história, nossos eventos e sobre o olhar do outro e minha preocupação com isso. Como me livrar de cargas desnecessárias e sobre o quanto é melhor dar do que receber. Hoje caminhamos juntos, eu, meus filhos e meus terapeutas: o mar e o sol, meus companheiros durante todo o tratamento”.
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