Opinião
A exclusão das mulheres na economia: o sexo invisível, por Laiana França
A mulher “dona de casa” tem um papel importante na capacidade de desenvolvimento econômico de seu país, mas esse trabalho não é reconhecido.
Publicado
em
Por
Laiana FrançaEm 1949, a então escritora francesa Simone de Beauvoir publicou o livro “O Segundo Sexo”, com teor crítico e feminista, que ampliou o olhar das mulheres para sua posição na sociedade. Na obra de Beauvoir, existe uma análise social de como o homem está posicionado em primeiro lugar e como sua figura definiu o mundo. A mulher, por outro lado, é sempre a “outra”, tudo o que ele não é, mas também aquilo de que ele depende para manter seu lugar de privilégio.
É inegável o protagonismo masculino na criação histórica, social e econômica, posicionados como provedores, limitando e reduzindo a importância feminina em decisões políticas e principalmente econômicas. Vistas como o segundo sexo ou o sexo frágil, as mulheres tiveram seus trabalhos domésticos subvalorizados e excluídos como atividade econômica. “As mulheres foram trabalhar no ano de 1960”, é assim que a história costuma ser contada. Mas não é verdade. O trabalho das mulheres não começou no ano de 1960, tampouco na Segunda Guerra Mundial. Elas sempre trabalharam. O que aconteceu nas últimas décadas é que elas trocaram de emprego. Do trabalho de casa, passaram a assumir posições no mercado e a ser remuneradas por sua mão de obra.
O pai da economia Adam Smith, em sua obra mais famosa, “A Riqueza das Nações”, disserta sobre a “mão invisível”, expressão mais conhecida entre os economistas. A mão invisível toca tudo, guia tudo, está em tudo, decide tudo, mas não podemos vê-la ou senti-la. Ela não intervém de cima, não aponta, mas surge nas ações e escolhas. É a mão que dirige o sistema de dentro, mas não é validada como autora.
Não importa como encaramos o mercado, ele sempre é construído sobre outra economia. Uma economia que raramente debatemos. A mulher “dona de casa” tem um papel importante na capacidade de desenvolvimento econômico de seu país, mas esse trabalho não é reconhecido. Essas mulheres são invisíveis nas estatísticas econômicas. No cálculo do PIB, que mede a atividade econômica total de um país, elas não são contadas. O que elas fazem não é considerado importante para a economia ou para o crescimento. Dar à luz, criar filhos, cozinhar e zelar na organização da casa, atividades que possibilitam a vida profissional de seus maridos, pais ou irmãos, não são vistas como atividades produtivas nos modelos econômicos padrões. Em concordância ao termo validado por Smith, fora da mão invisível, há o sexo invisível.
Laiana França é mercadóloga, pós-graduanda em Gestão Empresarial e estudante de Direito, além de feminista e militante dos direitos humanos.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
Leia Também
-
Na Bahia, mulheres ganham 17,3% a menos que os homens
-
Estudantes começam a receber primeira parcela do Programa Pé-de-Meia
-
Caixa paga novo Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7
-
Mês do consumidor: Coelba concede desconto de até R$ 20 na conta de luz para clientes
-
Caixa paga novo Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 5
-
Ivoneide apresenta PL que garante contratação de vigilantes mulheres nas empresas