Camaçari
Júlio Bonfim diz que substituição da Ford pela BYD pode pôr fim à carência do setor e pondera impacto da automação na geração de empregos
O governo estadual ainda não confirmou a vinda da empresa, mas afirma que negociações estão avançadas.
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Camila São JoséDiante das especulações sobre a possível instalação da BYD, empresa chinesa que produz carros elétricos, onde antes funcionava a Ford em Camaçari, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (STIM), Júlio Bonfim, diz que a consolidação do contrato colocaria um fim na carência e urgência do setor na Bahia.
“Seria mais que uma vantagem. A gente está carente, sedento, precisando com urgência de uma empresa para substituir ali aquele grande espaço e aquela grande área ali do setor automobilístico que foi referência na América do Sul. Então, vai ser mais do que vantagem para o município, para a região metropolitana, para a Bahia e para o Brasil”, defendeu em entrevista ao Destaque1.
O sindicato integra um comitê que discute uma alternativa para o setor desde a saída da Ford, em janeiro de 2021. O grupo ainda tem representantes do Governo do Estado, do Sindicato da Indústria de Componentes para Veículos Automotores da Bahia (Sindipeças), da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e participação técnica do Cimatec.
No entanto, o sindicalista pondera a redução drástica no número de postos de trabalho, já que a BYD produz modelo diferente de veículo (carro elétrico), teria um volume de produção inferior ao da Ford e a fábrica opera à base de automação. Em áudio que circula nas redes sociais, Júlio destaca que enquanto a Ford chegava a produzir 200 mil carros por ano, a BYD seria capaz de chegar a até 30 mil.
“Não crie expectativa que vai ser uma empresa de volume gigantesco de produção”, disse. “É uma empresa que não vai produzir 200 mil carros. É uma empresa que vai produzir aí 30 mil carros por ano. A Ford produzia 200 mil carros por ano. É uma empresa que, por exemplo, em termos de tamanho da Ford, só o prédio da montagem é mais que suficiente para ela, e se vacilar ainda é grande, porque uma empresa dessa é muito compacta. Outra coisa, uma empresa que provavelmente vai ser 80% automatizada, uma empresa que, se tiver alguma coisa de volume de funcionários, entre 300 a 500 funcionários no máximo”, pontuou.
O presidente do Stim ainda afirmou que dificilmente uma montadora do tamanho da Ford voltará a se instalar na Bahia.
“Então, quem está imaginando aquela proporcionalidade da Ford, isso não vai mais existir na Bahia, isso não vai mais existir no Brasil. Uma fábrica com volume de contratação, com 12, 14 mil funcionários, esqueça isso. As montadoras que estão vindo agora, com volume alto de automação, com poucos trabalhadores, de forma nem enxuta, é seca, e com um nível de produção bem compactado”.
Ouça:
Júlio Bonfim explica que as fábricas em geral têm reduzido o seu quadro de funcionários diante do desenvolvimento da tecnologia, o que não seria uma exclusividade de uma companhia que venha a substituir a Ford em Camaçari.
Ouça:
Segundo Bonfim, o Sindicato dos Metalúrgicos tem cobrado a construção de um acordo coletivo e a contratação dos profissionais que foram demitidos da Ford, empresas satélites e terceirizadas.
“O tópico principal que o sindicato bate é a construção do acordo coletivo salarial para essa empresa, como também a absorção dos ex-funcionários do Complexo Ford, que trabalharam na Ford, nas sistemistas e também trabalharam nas terceiras. Então, a gente está discutindo isso. Vamos abrir uma mesa de negociação, acredito que breve. Tem algumas pendências ainda que o governo está tratando diretamente com a BYD. Esperamos um anúncio em breve por parte do Governo do Estado, e o sindicato está, literalmente, diretamente participante dessa discussão”, comentou ao Destaque1.
Ouça:
O governador Rui Costa (PT), em visita ao Centro de Desenvolvimento de Produtos da Ford, no Cimatec Park, em Camaçari, afirmou que as tratativas para a vinda de uma nova empresa para o município estavam avançadas, mas não confirmou qual montadora se instalará no município (lembre aqui).
Júlio Bonfim lembra que o governo estadual chegou a conversar com a Great Wall Motors, empresa também chinesa que comprou a fábrica da Mercedes em São Paulo, mas as negociações não avançaram.
“A BYD é para a gente um diferencial, até mesmo por questões de tecnologia. A ideia é carros elétricos. A gente sabe que o volume de produção é outro, não vai ser o volume de 200, 220 mil que foi a Ford, mas vai ser um volume menor, mas pela questão hoje do mercado, do setor elétrico que está crescendo”.
A BYD é a empresa responsável pela fabricação dos trens que vão compor o Veículo Leve de Transporte (VLT), que vai ligar o Subúrbio de Salvador à Ilha de São João, em Simões Filho.
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