Opinião
Jamessom e a construção de narrativa
É preciso utilizar a análise de discurso para compreender a fala do vereador sobre a colega de partido Cristiane Bacelar.
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O desabafo do vereador Jamessom no púlpito da Câmara de Vereadores contra a colega de partido Cristiane Bacelar movimentou a cena política de Camaçari nesta semana. A acusação de “traição” e “jogo duplo”, acompanhada de insinuações sobre uma suposta composição com o PT, chamou a atenção pela exposição pública de situações internas do PL. Por ora, faz parte do jogo, principalmente pela proximidade das eleições, quando os potenciais candidatos buscam ampliar o seu raio de influência com a aquisição de novas lideranças no seu grupo. Aumentar qualitativa e quantitativamente as lideranças significa um maior capital eleitoral.
Mas é preciso utilizar a análise de discurso para compreender a fala do vereador Jamessom em sua plenitude, uma excelente ferramenta metodológica de leitura política, que permite compreender o padrão discursivo do vereador em conformidade com a sua atuação política e ideológica, a saber, os velhos ingredientes de antagonismo ao PT e, sobretudo, o apelo ao conservadorismo, na medida em que convicções morais e debates sobre costumes protagonizam a estrutura da sua oratória.
Isso se torna mais evidente quando o termo “puro-sangue” é evocado, referindo-se às suas concepções ideológicas dentro do PL, ampliando um debate que transpõe os limites das disputas locais. O vereador se coloca na condição de base de sustentação de uma bandeira orgânica, cujos princípios permanecem intactos. No âmbito das hordas conservadoras, essa linha discursiva busca desqualificar Cristiane Bacelar diante de potenciais eleitores que comungam dos mesmos ideais.
Desse modo, os termos “traição” e “jogo duplo” trazem sentido narrativo à expressão “puro-sangue”. Um enredo bem concatenado, uma construção narrativa que não só se comunica de forma eficaz com o seu público (leia-se, eleitorado) a partir de jargões expressivos da política, como também marca posição diante do que considera ataques à sua atuação política.
Bruno Evangelista é sociólogo, doutor em Ciências Sociais e servidor público.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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