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Feirantes e consumidores são contra fechamento da Feira de Camaçari; medida deve colapsar mais de 1.500 famílias

Publicado
em
Por
Carolina Torres
O fluxo de consumidores, trabalhadores e clientes seguiu normalmente no Centro Comercial de Camaçari neste sábado (16), mesmo após a justiça determinar mais uma vez que o centro de mercadorias seja fechado na segunda-feira (18). A ordem judicial foi determinada pelo juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública de Camaçari, César Augusto Borges de Andrade, na tarde da sexta-feira (15).
Milhares de famílias e comerciantes irão sofrer por conta desta determinação. De acordo com a Coordenação da Feira, são mais de 1.500 permissionários cadastrados e eles têm apenas este final de semana para retirar os alimentos perecíveis dos estabelecimentos.

Centro Comercial de Camaçari. Foto: Hyago Cerqueira
A decisão se mantém até que o prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (DEM), demonstre a cobrança e o pagamento das referidas despesas de água e luz junto aos permissionários inadimplentes estabelecidos no local referentes aos exercícios fiscais de 2017, 2018 e 2019.

José Alves vende hortifrúti na Feira. Foto: Hyago Cerqueira
Comerciante do setor de hortifrúti há mais de 33 anos, José Alves, é chamado pelos demais comerciantes de “baixinho do coentro”. Com o semblante sério, demonstra estar preocupado com os prejuízos que ele e os vizinhos poderão sofrer com o fechamento do Centro Comercial.
“Não beneficia ninguém fechar a Feira de Camaçari, porque a Feira, ela corre no mínimo, trabalhando dentro dela de quatro a cinco mil pessoas. Essas pessoas vão viver de que? Essas pessoas dependem disso aqui todos os dias, aqui praticamente é a casa da gente, se eles fecharem a Feira como é que a gente vai pagar nossas contas, vamos se alimentar, como é que a gente vai continuar? Se está ruim com a Feira aberta, imagina fechada. Espero que o poder competente, que tem poder de melhorar, de repensar isso, repense”, ressaltou Alves.

Foto: Hyago Cerqueira
Localizado no Centro da cidade, a Feira é um dos locais que aquece a economia do município, além de ser o principal espaço para compras e vendas de produtos, onde diversas famílias utilizam o espaço como fonte de renda e sustento.

A família de Edvaldo Jr mantém a Peixaria da Benta na Feira. Foto: Hyago Cerqueira
Passando de tradição em tradição, a família de Edvaldo Junior, 30 anos, tem um comércio de frutos do mar no local, a Peixaria da Benta. Insatisfeito com a situação, ele aponta que “o prejuízo não é só para Feira, o prejuízo é para todo entorno. Quando a Feira não abre, a pessoa quer vim na Feira comprar um peixe, uma carne, uma verdura, mas ele quer aproveitar e olhar uma geladeira na loja, ele quer aproveitar e botar o relógio para consertar, comprar um sapato. Se a Feira está fechada ele não vem. É um prejuízo para o comércio local”.
O Centro possui uma variedade de produtos e serviços para a comunidade, acessórios, calçados, confecção, tecidos, salões de beleza e estética, costureiras, bombonieres, materiais escolares, lan house, ferramentas para construção e pescaria, consertos de celulares e relógios, bares, lanchonetes, restaurantes, cereais, hortifrúti, minimercados, açougues, peixarias, artesanatos, suplementos alimentares, variedades para o lar, entre outras opções.
Além dos permissionários que possuem seus estabelecimentos, em torno da Feira possui um ponto de pagamento de contas, um ponto de vendas e consócio de motos, além dos vendedores ambulantes que circulam pelo local.
Maria Irinete, de 69 anos, popularmente conhecida como “Dona Nete”, é aposentada e natural de Petrolândia em Pernambuco. Ela tem o hábito de realizar todas as suas compras e atividades no Centro Comercial. “Eu compro muito aqui, frutas, verduras, ração, várias coisas eu compro aqui. Não é justo tirar a Feira daqui, é o ganha pão de muita gente aqui”. Maria reside no município há 41 anos.

Rubia Odewayer, comercializa bebidas lácteas na Feira. Foto: Hyago Cerqueira
O casal de permissionários Lindomar de Souza e Rubia Odewayer há mais de 13 anos possuem um comércio de bebidas lácteas que vende sucos, iogurtes, leite fermentado, entre outros produtos. Assim como os demais colegas, eles também estão preocupados e se sentem lesados com a situação.
Mesmo colocando todo o estoque em promoção, Rubia diz estar preocupada. “Nós estamos preocupados né, principalmente o meu comércio que trabalha com data de validade. Hoje estamos queimando todo estoque com receio de que segunda e terça feche”.
Ela também pontua que a Justiça poderia tomar outras providências que causassem menos impacto à população. “Essa questão do fechamento em si, eu acho uma coisa muito drástica, se questiona que é porque alguns não pagam a questão da energia e outros já vem pagando, então eu não acho que isso seja legal para o todo da feira. Se existe alguém que precisa pagar, então é esse box que deveria ser fechado ou não, negociar a dívida para dar andamento ao restante do comércio”, concluiu Odewayer.

Namussiés de Souza, coordenador da Feira. Foto: Hyago Cerqueira
Coordenando o Centro Comercial desde abril do ano passado, Namussiés de Souza, garante que o Governo Municipal está fazendo as cobranças de água e energia determinadas pela Justiça. “Todas as medidas e exigências que o Ministério Público, a Justiça determinou ao prefeito [Elinaldo Araújo] foram feitas. Tiramos a prostituição, os roubos, homicídios e jogos de azar, colocamos os permissionários para fazer o pagamento. Só que a justiça alega agora quer que todos tem que pagar, que não tenha inadimplência, mas infelizmente está tendo. A Prefeitura está fazendo as cobranças, a gente manda bilhetes de cobrança para orientar os mesmos que estão sem fazer o pagamento”, pontuou Souza.

Valdeci Santana é assistente administrativa e consume na Feira de Camaçari. Foto: Hyago Cerqueira
Acompanhada dos dois filhos, a camaçariense e assistente administrativa, Valdeci Santana, 44 anos, consome da Feira e discorda da decisão judicial. “O fechamento vai ter prejuízo para população, mas principalmente para os permissionários, porque muitos pais irão ficar sem poder levar seu sustento para os seus familiares, eu acho que é uma grande injustiça […] nós enquanto consumidores podemos comprar em outros lugares, mas os permissionários serão os mais prejudicados”, expressou.
O prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (DEM) se posicionou em relação ao assunto através de um vídeo gravado neste sábado (16). O conteúdo circulou nas redes sociais e em grupos de WhatsApp. No vídeo, o gestor direciona uma mensagem para os comerciantes do Centro Comercial relembrando as condições estruturais e de funcionamento do espaço antes dele assumir o governo.
“Nós tínhamos uma questão na Justiça, aonde o Ministério Público determinava que os meus antecessores cuidassem da feira de maneira melhor, a feira tinha a prostituição, o tráfico de drogas, o banheiro totalmente acabado, a feira escura. Fizemos também uma cobrança da Justiça, a brigada conta incêndio, nós tínhamos ao redor da feira, uma feira paralela e tudo isso nós fizemos. Mas também tinha do Ministério Público e da Justiça, uma exigência. Criar uma taxa pública para que os feirantes pagassem a água e energia”.
Elinaldo ainda afirmou que irá resolver a situação dialogando com a Justiça e pediu à população que,”não deixe politizar esse momento […]. Esse assunto se resolve na Justiça, é no tribunal, não é fazendo palanque político”.
https://www.facebook.com/ElinaldoOficial/videos/630375024077637/
No mesmo dia, em cima de um trio e acompanhado de outros políticos do município, o ex-prefeito de Camaçari e ex-deputado federal, Luiz Caetano (PT), circulou o Centro Comercial e fez críticas ao fechamento da feira.
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Raimunda
17 de março de 2019 at 13:35
Quem não sabe que querem tomar a força a feira de Camaçari pra fazer um grande shopping.
Neto o prefeito de Salvador e de Camaçari.
Prefeito fantasma Elinaldo , vc aqui em Camaçari não ganha nem pra presidente de bairro ,
Contribuinte Indignado
17 de março de 2019 at 16:14
Engraçado, não querem que fechem, …mas, muitos não querem pagar a taxa de uso do espaço público.
Daí, dinheiro que deveria ser empregado na saúde, educação e segurança tem que ser “desviado” para pagar despesas do centro comercial.
Que eles paguem as taxas, no contrário que feche!
Lima
17 de março de 2019 at 17:59
Sou irmã de uma das comerciantes da feira de Camaçari, e acho o valor cobrado pelas taxas de água e luz um valor acessível, as pessoas que não pagam, a maioria é por não querer pagar de verdade, pois ouço isso com frequência. Porém o ministério público ou a prefeitura de Camaçari deveria tomar uma atitude mais certa, o comerciante que paga suas taxas em dias não deve ter seu comércio fechado, mas os que tem atrasos, e se recusam a pagar, esses sim devem ter seus comércios fechados até a regularização, pois se fosse fora da feira de Camaçari, todos teriam que pagar seu aluguel, água e luz, então por que não pagar lá?
Eles tem o controle das pessoas que estão em atraso, notificava o comerciante e se não efetuado o pagamento, fechava o comércio até o pagamento ser efetuado.
Rodrigo
18 de março de 2019 at 15:49
Com certeza,quem t em que ser penalizados são os inadimplentes que relutam inresponsavelmente em não pagar as taxas……que sejam interditados o comércio deles e não o Centro comercial num todo…….a administração precisa achar uma forma de precionar essas pessoas a cumprir seus pagamentos