Artigo
Faça o NÃO, não faça guerra!, por Edson Miranda
Insistir nas velhas fórmulas pode significar correr mais rápido e com os olhos vendados na direção do grande abismo.

Publicado
em
Por
Edson Miranda
Nas últimas semanas perdi um pouco minha capacidade de escrever. Como se diz no popular: “fiquei em estado de reflexo perplexo”. Estava abatido pela dúvida, sem saber se tratava dessa guerra insana que apavora o mundo, particularmente os ucranianos, se tratava da guerrinha particular dos políticos baianos e brasileiros, que neste momento se esguelam para saber quem traiu quem, quem é o mais ladrão, quem representa o bem e quem representa o mal, ou se escrevia sobre o tema geral da política.
Resolvi, por fim, falar das nossas questões internas, pois vejo com grande preocupação esta atual e acelerada perda de diversidade na política do Brasil. Diversidade é algo fundamental para a sobrevivência de qualquer ambiente, seja ele natural ou cultural. Sua perda cria a possibilidade de nos encaminharmos para um “beco sem saída”, uma guerra fratricida. Vejam que as escaramuças, as chamadas “guerras de atrito”, só fazem aumentar dia após dia, e isso muito antes do verdadeiro calor eleitoral. Percebam que agora só enxergamos duas prováveis saídas. E quando enxergamos que a nossa saída é a única saída, que a saída proposta pelo outro é o caos, nessa situação extrema, não é a guerra que já está instalada? Você compreende por quais caminhos estão nos levando? Percebe que o estreitamento de caminhos é, de fato, o gerador da guerra, mesmo que ela não esteja no horizonte próximo dos contendores? Ou você acha que não foi assim que começaram os graves problemas de países que hoje enfrentam guerra, destruição, tristeza e morte?
Tento, na medida do possível, tratar sempre da Política com letra maiúscula, oriunda da Pólis, essa capacidade desenvolvida pelos humanos para promoção do bem comum. Evito superalimentar esse mundinho egoísta dos políticos, criado por nós mesmos, pelas mídias e pelos próprios políticos, para não dar ainda mais força a uma realidade que, tanto nós quanto as instituições republicanas, concebemos como dada, definitiva, inescapável. Porém, se olharmos mais atentamente, não existe ainda uma República instalada no Brasil.
Sim, somos levados a crer que não existe salvação fora dessa mediocridade que muitos chamam de política. E que não votar em alguém e, principalmente, não dizer sim a esse alguém, é um ato alienado, omisso, antidemocrático de nossa parte. O que está por trás de tal formulação é a ideia de que o “bem” só se realiza com o seu amém, com o sujeitamento do Sujeito, esse ente misterioso que aprendemos a ver, exatamente, sempre acima, incapaz, pela sua própria vontade, do ato de sujeitar-se.
Principalmente em períodos eleitorais, somos arrastados por várias ondas: tire seu título, vote no seu representante, seja cidadão. Todas essas ondas, fabricadas por instituições, artistas, políticos, não nos dão tempo para refletir, para pensar nas opções que uma verdadeira democracia pode nos oferecer.
Porém, se pararmos para refletir, vamos ver que seguimos direitinho essa ladainha há muito tempo e não percebemos melhoras significativas nas nossas vidas e na situação geral do Brasil.
Os sonhos, desejos e interesses de muitos grupos sociais de fato só se realizam com a vitória desse ou daquele político, desse ou daquele partido. Por isso, eles se jogam de corpo e alma nessa política e tentam convencer a todos nós dos bons propósitos dessa velha fórmula.
No entanto, os sonhos, desejos e interesses da maioria da população, entra eleição sai eleição, nunca se realizam.
Se não se realizam, cabe então a essa maioria se perguntar o que acontece. Por que não consigo melhorar de vida? Por que minhas oportunidades são o tempo todo sequestradas? Sou sempre fiel na hora de votar, cumpro sempre meu papel de cidadão, sempre escolho meus representantes, como me orientam instituições, partidos, amigos e afins, e, no entanto, nada muda e até piora.
Onde se encontra o X dessa questão vital? Será que morrerei sem alcançar uma condição melhor na minha vida, na vida dos que me cercam? E sem ver que o meu país finalmente atingiu um patamar de justiça social minimamente satisfatório?
Acredito que tais questões devem povoar nossas cabeças o tempo todo. Fazer o contrário, deixar de refletir sobre elas, tornará a cada dia mais difícil encontrar um caminho que nos conduza a verdadeiras melhorias, a uma vida mais digna para todos.
Se eu começar a experimentar dizer NÃO ao invés de só dizer SIM, mudará alguma coisa? Existe no NÃO alguma potência capaz de nos levar a uma outra realidade, mais benéfica, ou só existe essa potência no SIM, como nos foi e nos é ensinado o tempo todo?
Diante de tanta tragédia promovida por esse tipo de política e políticos, já não há como não pensar em novas saídas. Insistir nas velhas fórmulas pode significar correr mais rápido e com os olhos vendados na direção do grande abismo.
Não sou ingênuo de propor o NÃO de forma espontânea, atabalhoada, principalmente diante da grave conjuntura que nos assola. Seria até estupidez de minha parte. Mas proponho a Organização do NÃO, sua pauta devidamente trabalhada com a sociedade brasileira, para não ser rapidamente desconstruído, derrotado, e para que a sociedade saiba de antemão o que lhe interessa e o que quer ver institucionalizado após uma possível vitória do NÃO.
Acredito que a sociedade brasileira pode ser preparada para o NÃO. Muitos até já se manifestam espontaneamente nesse sentido, muitos outros já se enojam, já rejeitam tudo o que está vigorando na política atual, apenas não têm à disposição os canais para organizar e manifestar tal desejo. Por isso, precisamos criar o ambiente adequado e os canais para que essas vontades se manifestem de forma consequente e alcancem os objetivos desejados já por uma maioria de brasileiros.
Pretendo, daqui até a eleição deste ano, trabalhar um conjunto de textos para quem quiser dialogar sobre essas possibilidades, mas, principalmente, para quem quer arregaçar as mangas e construir uma nova realidade para a nossa gente e o nosso país.
Acredito que só o NÃO, trabalhado organizadamente e de forma sensível e racional, poderá liberar uma imensa energia humana, que se encontra represada nas instituições sociais e dentro do nosso peito, e que só essa energia será capaz de devolver a Alegria de viver, a Paz para um desenvolvimento justo e sustentável e a Sabedoria para a construção de um ambiente político, econômico e moral capaz de deixar as bases para uma verdadeira República e uma Nação que sirvam de orgulho para as futuras gerações de brasileirinhos que aguardam essa postura corajosa de nós todos.
Faça o NÃO agora para não fazer GUERRA depois!
Edson Miranda Borges é jornalista e mestre em Comunicação e Culturas Contemporâneas.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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