Presidente municipal do Partido dos Trabalhadores e professor de Geografia na rede de ensino estadual em Camaçari, Márcio Neves chegará à Câmara de Vereadores como um dos políticos mais bem votados nas eleições de 2024.
Nascido em Cruz das Almas, Márcio se estabeleceu em Camaçari aos 23 anos, quando passou em um concurso para lecionar no Colégio Estadual José de Freitas Mascarenhas. Eleito com 3.492 votos, o vereador será um dos três educadores na Câmara Municipal a partir de janeiro de 2025.
Pai de três filhas e apaixonado pela educação, o político é licenciado em Geografia pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), pós-graduado em Geografia do Semiárido, em Gerência de Cidade, com duas especializações em educação especial e psicopedagogia, além de um mestrado em Desenvolvimento Regional e Urbano.
Morador do bairro Parque Verde I, Professor Márcio, como é conhecido, terá a educação, a juventude e propostas para as mulheres como prioridades. Apesar de um primeiro mandato em um cargo eletivo, o político leva à Casa Legislativa a experiência de gestão na Secretaria da Educação, pasta da qual esteve à frente entre 2015 e 2016.
Questionado sobre a possibilidade de assumir a secretaria novamente, desta vez ao lado do prefeito eleito Luiz Caetano (PT), Márcio se coloca como um “guardião do projeto” da educação, afirma estar à disposição do grupo, mas nega a existência de conversas para articular a decisão.
Confira a entrevista completa:
Destaque1: Quem é Márcio Neves?
Márcio Neves: É um professor, sonhador, um ser humano que é temente a Deus e que entende que um mundo melhor é possível, mas que precisa de movimento pra que isso aconteça. Nunca fui uma pessoa de ficar esperando nada, nunca tive nada gratuito, foi tudo mundo forjado na luta, na busca, na criatividade, na força, e me construí assim. Sou defensor de causas humanitárias e ambientais, tudo que está nesse escopo de interesse mundial eu estou dentro, e por isso que a política vem, justamente pra poder ser um instrumento concreto e um símbolo dessa luta estabelecida como referência pra poder conquistar a busca desse mundo.
D1: Como foi o ingresso na vida pública?
M.N.: Eu entendo que ela se estabeleceu há 20 anos atrás, na vida política, desde os meus 11 anos de idade. Então vou um pouco de cada. Na vida política, com 11 anos de idade, eu gostava muito de assistir programas eleitorais, e me identifiquei muito com o debate de igualdade social e essa busca incessante por um mundo mais justo e igualitário. E por isso que eu, sem entender muito o que era direita e o que era esquerda, me identifiquei com essa linguagem da esquerda, e desde criança sempre fui adepto a esse debate de ter um mundo mais justo, de defender os mais humildes, de buscar um mundo para todos, e foi com essa linguagem que eu consegui me identificar.
Ao crescer, eu fui fazer uma busca mais técnica e mais científica do que era esse movimento. Entrei na universidade, continuei na militância desse mundo político e comecei a entender as diferenças de projetos de sociedade. Naquele momento, quando eu decidi me filiar a um partido, eu me filiei ao PT, foi o único partido que me filiei na minha vida inteira, e estou aqui até hoje presidente do PT.
D1: O senhor foi o segundo vereador mais votado, ficou atrás apenas de um político também filiado ao PT. Como presidente da legenda, qual o significado da ampliação da bancada na Câmara?
Assista:

D1: O senhor acredita que a vitória de Caetano na disputa pela Prefeitura de Camaçari é uma prévia das eleições para Governo do Estado em 2026?
M.N.: Eu tenho certeza disso. Eu acredito, porque Camaçari é um município que a política é constante, nos outros municípios é muito natural que as pessoas descansem de uma eleição para a outra. Nós, em Camaçari, nós nunca descansamos. A gente termina um processo eleitoral e já começa outro, e sempre os resultados das urnas indicam e insinuam o que nós vamos enfrentar nas próximas eleições. A prova disso é a sequência do crescimento da gente nas últimas eleições, principalmente da eleição de 2016 até agora. Então, nós só crescemos de lá pra cá, e chegou a esse resultado. Certamente, isso fortalece o nosso projeto estadual com o nosso governador Jerônimo Rodrigues, consolida a permanência dele, essa possibilidade de permanência, e também o projeto de Lula aqui na Região Metropolitana. A presença de Lula aqui, a frequência de Jerônimo aqui, os investimentos do governo federal e estadual foram reconhecidos pela população de Camaçari, e entendendo a experiência de Caetano e a relação política que ele tem nessas esferas de poder, fez com que a sociedade entendesse que a simbologia da mudança, da transformação da cidade, estava representada na figura de Caetano. Isso com certeza dá o recado exatamente sobre essa questão.
D1: O senhor é um dos três professores eleitos para a próxima legislatura. Quais pautas para a educação municipal pretende defender?
Veja:

D1: Há o interesse em assumir a Secretaria de Educação?
M.N.: Eu sou soldado do projeto. Caetano não conversou nada sobre isso, pelo menos comigo, não houve nenhuma conversa. Eu tenho experiência de gestor, talvez tenha sido isso que fez com que muitos educadores, secretários escolares, os profissionais não docentes da escola, tenham abraçado o projeto da nossa candidatura a vereador. Não está descartada a possibilidade, porque eu sou guardião desse projeto, e vai depender do que interessa para o projeto, o que interessa para Caetano, para a colaboração melhor que eu vou dar ao município neste novo momento. Ou então depende muito do que o grupo está pensando sobre o processo de construção. Ele [Caetano], hoje, não conversa com ninguém sobre divisão de espaço no governo, mas certamente onde estiver eu vou colaborar muito na defesa da educação.
D1: Além da pauta da educação, quais outras bandeiras o senhor pretende levantar na Câmara Municipal a partir de 2025?
Veja:

D1: Quais são os principais problemas de Camaçari atualmente, na avaliação do senhor, e como pretende trabalhar para resolvê-los?
M.N.: O principal problema ficou muito latente nas pesquisas quantitativas que fazíamos desde a pré-campanha, que é o problema da saúde. A saúde do município “está na UTI”, a gente precisa tirá-la urgentemente. Nós, enquanto governo, aí eu falo, enquanto agrupamento político, nós já temos muitas novidades. A primeira foi a policlínica, e o presidente Lula já nos deu, já começou a ser construída na Avenida Concêntrica; Jerônimo já autorizou, caso o atual prefeito já libere, se não, esperar 1° de janeiro, já autorizou a licitação para a construção do hospital municipal com compromisso nosso; a licitação para construção de três UPAs novas no município; e também nós ganhamos quatro novas UBSs autorizadas pelo governador Jerônimo para serem construídas em qualquer território de Camaçari, qualquer bairro, qualquer qualquer região. Então vamos fazer um estudo onde é necessário. Além de uma clínica especializada em autismo e atipicidades, e a UPA tipo III, uma dessas três deve ter essa característica, por conta da necessidade de ter microcirurgia e alguns equipamentos mais sofisticados, já que a policlínica vai ter a função de ter uma tecnologia mais avançada em relação a imagens e outras questões.
Eu acho que ele já tem um caminho muito claro em relação a isso, eu acho que, como essa é uma questão de médio prazo, então, eu acho, pra questão imediata, é o credenciamento dessas clínicas privadas; é a ampliação de feiras de saúde em parceira com o Governo do Estado e com o governo federal; reequipar os equipamentos de saúde que já existem e melhorar o atendimento. São coisas que nós estamos, nesse momento, com a equipe de transição montada por Caetano, fazendo esses levantamentos, e o estudo dos 100 primeiros dias. Pretendemos chegar no primeiro mês com alguns resultados e algumas transformações, principalmente na saúde, mas a infraestrutura da cidade carece, mas o que a gente mais quer de verdade é que as pessoas sintam que têm um prefeito que cuide delas, dar essa sensação de segurança, que tem porto seguro.
D1: Até então, os vereadores eleitos em oposição a Caetano formam maioria. Como será o diálogo com a nova oposição, a partir de janeiro do ano que vem, para a aprovação de projetos do governo?
M.N.: Eu acho que o bom senso precisa sempre prevalecer. A sociedade hoje acompanha muito os debates da Câmara. Pra você ter ideia, tudo o que acontece ali a sociedade fica sabendo, até porque vocês da comunicação têm ajudado muito a levar informação transparente, correta, e isso ajuda no debate de cidade. Outra questão são as redes sociais, naturalmente essas coisas chegam, então a sociedade vai estar cobrando. Se são projetos que são bons pra sociedade, eles vão votar contra o povo? Por quê? Qual o motivo, sabe? E nós vamos fazer um governo de cuidado, de zelo, de muita responsabilidade com Camaçari, não vão ter motivos para eles votarem contra, só se forem contraditórios com o que se comprometeram quando foram candidatos.
D1: Por fim, deixe uma mensagem para os seus eleitores.
Assista:
