Entrevistas
“Eu carrego esse lado acolhedor e humano de Arembepe no meu DNA”, ressalta João Dão
O vereador conquistou 1.515 votos e será um dos três professores no Legislativo Municipal a partir de 2025.
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Rodrigo JuniorEm continuidade à série de entrevistas especiais que pretende apresentar os novos nomes da Câmara Municipal de Camaçari a partir de 2025, o Destaque1 apresenta o perfil de João Carlos Borges de Souza. Nascido e criado na orla de Camaçari, João Dão (PSB) conquistou pela primeira vez uma cadeira no Legislativo Municipal, com 1.515 votos.
Descendente de nomes importantes para a cultura de Arembepe, como Tia Deja e Rivelino Martins, o vereador eleito se coloca como “um jovem idealista e sonhador”. Professor de Biologia da rede estadual e municipal de ensino, Dão milita pela educação há 19 anos.
O político concorreu ao cargo de vereador em 2016 e 2020 pelo Cidadania, e não foi eleito. “Entrei nessa luta em busca de dias melhores, principalmente para os mais vulneráveis”, afirma o vereador, que atua na política há 10 anos.
Aos 40 anos, Dão é um dos três professores eleitos no pleito deste ano, e é fundador do Projeto Gratidão, que desde 2022 oferece cursos, oficinas e assistência jurídica à população de Arembepe. Como vereador a partir de janeiro de 2025, o professor pretende revisar o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano para reordenar a cidade e contribuir para a saúde, educação e mobilidade.
Confira a entrevista:
Destaque1: Quem é João Dão?
João Dão: É um idealista, um jovem sonhador que há 19 anos milita na educação e há 10 venho nessa luta em busca de dias melhores, principalmente para as pessoas em vulnerabilidade. E foi esse o principal motivo para entrar na política. Percebemos que a política é um segmento megaimportante. É através dela que os serviços públicos têm seu norte para funcionar. Há 10 anos atrás, eu tomei essa decisão de entrar na política para fazer a diferença em prol da minha comunidade, em especial. Desta vez consegui a eleição e o mandato, iremos trabalhar forte para representar esse povo.
D1: O senhor se coloca como uma liderança da orla. Quais projetos defenderá para essa população?
J.D.: A orla carece de vetores de crescimento. Historicamente, a cidade de Camaçari se consolidou como um grande Polo Industrial, mas esse polo se encontra na sede da cidade. A população aqui da orla, historicamente, sempre teve dificuldade de acesso a isso. Tanto é que muitas empresas fazem a seleção de acordo com o comprovante de residência da pessoa que está ali se candidatando a vaga. Isso, ao longo do tempo, nos chateou. Mas nossa orla e zona rural têm grandes belezas naturais, somos ricos em recursos. O grande vetor de crescimento na nossa região é o turismo, e aqui nós podemos fazer um grande polo de serviços. Nós temos aí 42 km de orla, Arembepe é privilegiada por ter 14 km. Então, de Busca Vida a Itacimirim nós temos todo esse potencial de gerar emprego e renda, e também ser um polo de serviços. Hoje, Lauro de Freitas, que é quem faz a nossa divisa, já se encontra inchada por ser uma cidade pequena. Muitos serviços se encontram em Vilas do Abrantes.
Nosso trabalho será forte nessa linha, fazermos com que Vilas do Abrantes prospere e se torne um grande polo de entrega de serviços aqui para a população. E a orla, claro, com as belezas naturais… zona rural e litoral, para que o turismo de fato aconteça. Temos aí o exemplo da Espanha, onde o turismo é responsável por 70% da arrecadação. Podemos fazer, sim, Camaçari, nossa orla, prosperar nesse sentido.
D1: O Projeto Gratidão é um dos exemplos de iniciativas suas como liderança da orla. Como nasceu o projeto? Agora, como legislador, há o desejo de ampliar o projeto ou propor iniciativas semelhantes?
J.D.:
D1: Enquanto professor, quais propostas voltadas à educação pretende defender no Legislativo Municipal?
J.D.: Nosso município… Cada ciclo da sociedade clama por uma intervenção. Houve um momento em que precisávamos ampliar e construir escolas. Chegou um tempo que Camaçari, há 15 anos, tinha uma rede municipal com 50 mil estudantes, então precisava construir escolas. Hoje, essa rede está com pouco mais de 36 mil. Por que essa queda? Na verdade essa queda é porque tínhamos, na época, 15 ou 20 anos atrás, muitos alunos que estavam com sua idade série em defasagem. Então hoje não temos isso como prioridade. Hoje as crianças estão estudando. Qual a dificuldade que a educação enfrenta hoje? A dificuldade que a educação enfrenta hoje é que os estímulos precisam começar mais cedo. Precisamos ampliar a educação infantil, ampliar a educação em tempo integral. São esses dois pilares que regem a educação na contemporaneidade. Essa é a principal crítica que fazemos. Nos últimos oito anos só foram entregues duas creches. Não houve ampliação das escolas em tempo integral. Isso se faz com parcerias e investimentos na educação. Nós, enquanto Legislativo, vamos estar lá ajudando o governo, construindo, cobrando, dando o direcionamento… Iremos fazer questão de participar da comissão de educação, porque sabemos para onde a educação precisa caminhar. Precisamos trabalhar forte na ampliação das vagas da educação infantil, construindo creches.
O desafio agora é construir mais escolas e investir em educação infantil, construindo creches e fazendo convênios com as creches comunitárias, creches essas em tempo integral. Precisamos fazer também investimentos e buscar junto aos governos estadual e federal para que possamos ampliar as escolas. Não conseguimos fazer educação em tempo integral sendo que nós temos o mesmo número de escolas na rede. Temos que fazer um estudo cuidadoso de onde está o crescimento, e a construção de novas escolas, e fazer essa parceria forte.
Nós precisamos ter o esporte e a cultura dentro das escolas. Em 2019, na época do antigo presidente Bolsonaro, foi finalizado um programa importante, que era o Mais Educação. Esse programa era uma espécie de tempo integral com parte dos alunos na escola. Com a finalização desse programa, hoje Camaçari sente a dificuldade. Mais de 70% das escolas tinham esse programa, e não houve nenhuma iniciativa municipal para que resgatasse isso. Então vamos trabalhar forte, ampliando as vagas na educação infantil, tempo integral e colocando esporte e cultura dentro do ambiente escolar, para trazer a melhoria dos valores, comportamento e identidade dos estudantes. E, claro, valorizar o servidor público. Os professores e não docentes, são eles que levam de fato a educação nas costas.
D1: Em 2023, o senhor sinalizou, em entrevista ao Destaque1, que um dos motivos para o rompimento com o grupo de Elinaldo foi também a falta de oportunidades na Secretaria de Educação. Há o interesse em assumir essa pasta?
Ouça:
D1: Quais são os principais problemas do município hoje e como atuará na Câmara para minimizá-los?
J.D.: Bom, hoje nós temos dois principais problemas na nossa cidade. O primeiro deles é a saúde pública, que infelizmente não espera. Hoje, para você ter ideia, eu estive conversando com a coordenadora pedagógica da minha escola, Polivalente. Ela sofreu um AVC há cerca de um mês, precisa ter uma consulta com o neurologista. Ela foi na unidade de saúde do Santo Antônio, na qual ela é atendida, e disseram para ela que a consulta com o clínico era só em novembro, para aí ela ter a requisição para a consulta com o neurologista. Ela está sofrendo com fortes dores de cabeça e está pedindo socorro. É a forma como vemos hoje a saúde. A saúde pede socorro. Hoje a saúde está dilacerada em todos os pontos. Nós temos reclamações com a saúde mental, com pessoas que utilizam medicamentos especiais. Nós temos problemas com as crianças que têm problemas de necessidades especiais, as autistas, que também tem dificuldade com seu medicamento. Então, hoje vivemos um grande calo na saúde. Primeiro ponto, nós precisamos entrar forte na saúde. O gestor que irá assumir, será o prefeito Luiz Caetano, terá esse grande desafio. Teremos que ficar de mãos dadas para pensar em como zerar esse problema da saúde.
Em segundo, o transporte. Nossa cidade é um caos com o transporte público. Houve a troca da empresa, e infelizmente o transporte público piorou. Sem ele, não conseguimos nos integrar na nossa cidade. Precisamos, na linha de frente, melhorar esses dois itens. E, claro, depois pensar na prosperidade da cidade. Hoje temos um problema que não sabemos para onde cresce cada canto da nossa cidade. Só sabemos que o Polo Industrial está na sede. E os outros vetores de crescimento, onde ficam? Nosso município é extenso, nós temos que pensar. Não dá para fazer tudo em todos os lugares, então nós temos que planejar o nosso município. Nos debruçarmos nesse PDDU, que infelizmente ocorreu várias falhas e equívocos. A ideia é revogá-lo, construirmos um novo e mostrar um caminho de desenvolvimento para nossa cidade. Então, como eu falei outrora, a nossa orla tem, sim, potencial para ser um grande vetor de crescimento do turismo. Nós temos aí o turismo étnico-religioso, o turismo de aventuras, temos a nossa zona rural com uma área de remanescentes quilombolas, que é a comunidade de Cordoaria. Então o nosso desafio será esse. Em médio e longo prazo, nós fazermos com que Camaçari, aproveitando essa pujança dessas novas empresas voltadas para o ramo de novas tecnologias, faça nós crescermos na parte ciência, inovação e tecnologia. Então nós temos que estar com o município, antenados para isso. E o outro, claro, é o turismo. É fazer com que a nossa orla se torne um grande vetor. Para isso, vamos fazer a revisão do PDDU, o reordenamento da nossa cidade. Ela precisa estar bem organizada, bem vista, para que possamos fazer a atração desses investimentos.
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