Opinião
Em nome de Deus, onde fica o Estado laico?, por Camila São José
Se a questão é falar sobre paz, há caminhos para fazê-lo sem imergir na religião.

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Camila São José
Um crucifixo robusto atrás da mesa diretora, mensagens bíblicas antes de todos os eventos no plenário, ocupação em massa de líderes religiosos na Casa — em especial evangélicos — sessões ordinárias, especiais, audiência públicas que se confundem com cultos. Eu pergunto a você: o Estado laico fica onde?
Se o Estado democrático de direito garante a diversidade e liberdade religiosa, por que eleger, mesmo que digam ser inconscientemente, uma religião como bússola dentro dos ambientes públicos? Em Camaçari, com uma Câmara cada vez mais conservadora, a exclusão ou vista vendada para outras manifestações de fé se torna cada vez mais escancarada. Onde estão os líderes de religiões de matrizes africanas, espíritas, budistas, xamanistas ou até mesmo ateus dentro da Casa do Povo?
Fora de datas bem específicas, nunca vi um babalorixá ou ialorixá, um médium ou aquele que acredita no cosmos professar a sua mensagem de fé na tribuna. Mas toda terça e quinta-feira, e em dias de sessões especiais e audiências públicas, o cristianismo (leia-se evangélicos, pentencostais, neopentencostais) se faz presente.
Eu classifico esse cenário como bem problemático. Se a questão é falar sobre paz, há caminhos para fazê-lo sem imergir na religião. A cidade de Camaçari e o Brasil não podem ser governados ou regidos pela bíblia, que não é guia nem reflete os pensamentos de todas as religiões. Ela não é, não pode e nem deve ser utilizada como baliza de um povo. Mas a partir do momento que a fé virou moeda de troca, é assim que se tem chegado e mantido os espaços de poder — vide aquele que ocupa a cadeira da Presidência da República, que soube abusar da crença para atingir seu posto máximo.
Na Câmara de Camaçari, hoje e no passado, líderes ocupam postos de vereadores e acabam por confundir o altar das suas igrejas com a tribuna do Plenário Osvaldo Nogueira. Nesse ponto, cabe mais um questionamento: o que seriam desses políticos sem a demonstração do show da sua fé? E aqui não estou dizendo que não possam ter fé, claro que podem, mas enquanto figuras públicas não podem utilizar o cargo para “evangelizar”, sem nem perguntar se queremos ser “evangelizados” mesmo.
A religião em um passado não tão distante foi responsável por dizimar povos, e ainda hoje, mais do que nunca, se transformou em um projeto de Estado para continuar silenciando e somando ao preconceito. Deus não está acima de tudo e de todos, está acima apenas daqueles que creem, e nem sempre todos acreditam no mesmo Deus. O mundo não é cristão.
É preciso que os trabalhos políticos e públicos sejam executados sobre um único pilar: RESPEITO. Respeito às diferenças, à pluralidade e diversidade. E respeito começa pelas sutilezas, como compreender que existem realidades diferentes da sua e que sua verdade não pode ser imposta. Sonho com o dia em que isso será realidade e não promessa de campanha.
Camila São José, mulher negra, mineira de alma baiana, feminista, aprendiz de blogueira, jornalista e editora-chefe do Destaque1.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor (a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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