Com previsão de inauguração ainda este ano, o desporto aquático da capital baiana passará a contar com um grande equipamento esportivo e de lazer. Será construído na Praia de Jaguaribe o Clube do Surf. O espaço, estruturado por materiais anticorrosivos para uma maior durabilidade diante da maresia presente na região, terá uma área para abrigar pranchas, além de sanitários, chuveiro, vestiário e ambiente para a realização de reuniões, pequenas palestras, orientações e demais encontros.

Conforme a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield, o clube é uma homenagem ao baiano Márcio Freire, considerado uma lenda no surfe de ondas gigantes. O esportista morreu em janeiro de 2023, após sofrer um acidente ao descer de um dos “paredões” da praia do Norte, em Nazaré, Portugal.
“É um espaço que terá aproveitamento. Os surfistas vão poder guardar suas pranchas, ir à praia, terão um espaço para discutir a questão do surfe, que já tinha muita força e, com as Olimpíadas, ganhou ainda mais visibilidade. O local terá toda a infraestrutura de apoio aos surfistas das praias de Jaguaribe e Pituaçu, que são locais muito frequentados por praticantes dessa modalidade esportiva”, afirma Tânia Scofield.
O projeto foi desenvolvido pela fundação e entregue à Superintendência de Obras Públicas do Salvador (Sucop), órgão vinculado à Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra). “Vai ser um marco, pois é o primeiro espaço do surfe que a gente tem aqui em Salvador. A capital, com toda essa área de mar, ainda não tinha um espaço para o surfista que marcasse e que tivesse a identidade com essa categoria de esporte”, complementa a presidente da FMLF.
Melhorias
Representante da Federação Baiana de Surf, Danilo Reis, de 45 anos, conta que esse é um espaço bastante importante para a modalidade. “O surfe é um dos maiores esportes do nosso país. Nós aqui da Bahia temos um celeiro de bons surfistas e de história do surfe. Temos um exemplo bom, que é Armando Daltro, campeão de WQS de 2000 e que já participou da elite do surf mundial. Jojó de Olivença, bicampeão brasileiro, é outro talento, além de Christiano Spirro e Bino Lopes, campeão brasileiro de surf. Então nada mais justo que dar uma atenção a essa modalidade”, detalha.

Reis salienta também que o surfe, por ser um esporte que está crescendo a cada dia, precisa ser mais valorizado. Em uma avaliação do cenário nacional, o surfista ressalta que o Brasil é o atual campeão mundial do surfe, representado por Filipe Toledo (2023).
Já o campeão do circuito mundial em 2000 e proprietário de uma Escola de Surfe em Jaguaribe, Armando Daltro, destaca que o espaço “deve ser um pontapé inicial para a criação de estruturas que facilitem a vida do praticante, tanto aquele que tem bom poder aquisitivo como o que não tem. Vai ser mais fácil guardar o equipamento e também uma alternativa para muitos profissionais liberais que querem fazer surfe de manhã cedo, pois vai proporcionar melhor estrutura e segurança”, garante.

Com isso, ele acredita que o clube pode ser um incentivo tanto para quem já é praticante como para quem tem vontade, mas ainda não é. “Há quem não pratique o surfe devido às dificuldades para tomar banho, trocar de roupa e guardar o material. Eu considero, portanto, uma ação inicial para melhorar a estrutura de recebimento desse tipo de praticante. E é um projeto que futuramente pode abranger também o stand up paddle e o kitesurf, que são modalidades que dependem da proximidade da praia e de um local seguro para guardar os equipamentos”.
Requalificação
O Clube do Surf faz parte das obras de requalificação da orla de Pituaçu, que já estão 70% concluídas. Entre os equipamentos urbanos a serem implantados na região estão 25 quiosques, sendo 13 unidades para utilização como bares e restaurantes, seis para venda de coco verde e seis para baianas de acarajé. Parte dessas estruturas já foi erguida.
Além disso, o projeto contempla a construção de unidades de academias ao ar livre, parques infantis e novas quadras de beach tennis, além de uma contenção em alvenaria de pedra. Para atender questões de acessibilidade, lazer e serviços comerciais, a requalificação envolve a construção de calçadões e rampas de acesso integradas.
Prevê ainda a implantação de um parque linear com jardim através de uma passarela interligada ao Parque de Pituaçu. Na prática, toda a obra proporcionará melhora na mobilidade, com adequações viárias na orla marítima para conforto de pedestres, ciclistas e automóveis.