Economia
Em 2020, 791 mil pessoas perderam a renda de trabalho na Bahia e desigualdade salarial cresceu
Queda de 13,8% foi a segunda maior entre os estados.
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RedaçãoEntre 2019 e 2020, sob efeito dos impactos da pandemia, 791 mil pessoas deixaram de ter rendimento de trabalho na Bahia. É o que mostra o resultado do módulo sobre Rendimentos de Todas as Fontes, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) 2020, divulgado hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população com “salário” no estado passou de 5,7 milhões para 5 milhões, numa queda de 13,8% em um ano.
A redução da população baiana com renda de trabalho no ano passado veio depois de dois crescimentos seguidos. Desde o início da série histórica da PNADC, em 2012, as últimas e únicas vezes em que esse grupo havia encolhido tinham sido durante a crise econômica de 2015/2016, ainda que de forma menos expressiva. De 2015 para 2016, a queda havia sido de 7,2%, menos 439 mil pessoas com rendimento de trabalho; de 2016 para 2017 ficou em -1,1%, menos 60 mil pessoas.
Em termos absolutos, a redução no número de pessoas com rendimento de trabalho na Bahia no ano passado foi a quarta maior do país, seguindo o viés demográfico, já que o estado tem a quarta maior população. Mas em termos relativos, o recuo foi o segundo mais intenso, abaixo apenas do verificado na Paraíba (-15,4%), o que representou menos 219 mil pessoas com rendimento de trabalho.
O número de pessoas com renda habitual de trabalho caiu também no Brasil como um todo, de 92,8 milhões para 84,7 milhões, menos 8,1 milhões de pessoas, ou -8,7%. Quase todas as unidades da Federação registraram recuos, exceto Rondônia, onde houve estabilidade entre 2019 e 2020.
Assim, em 2020, a proporção da população baiana com rendimento de trabalho, que havia girado em torno de quatro em cada 10 pessoas entre 2012 (40,1%) e 2019 (38,7%), caiu, pela primeira vez, para três em cada 10 (33,2%). Era a sétima menor percentagem entre as 27 unidades da Federação, num ranking liderado por Santa Catarina, onde 48,7% tinham renda de trabalho, Mato Grosso (45,6%) e Rio Grande do Sul (45,3%).
Por outro lado, na Bahia, entre 2019 e 2020, aumentou expressivamente a população com rendimentos de outras fontes que não o trabalho. Esse grupo passou de 4,2 milhões para 5,1 milhões de pessoas, um aumento de 22,6%, o que correspondeu a mais 944 mil pessoas em um ano. Foi o maior crescimento dessa população no estado desde o início da série histórica da PNADC, em 2012.
Nacionalmente, o número dos que recebem algum rendimento de outra fonte, que não o trabalho, também aumentou significativamente, entre 2019 e 2020, de 49,5 milhões para 59,7 milhões, acréscimo de 10,2 milhões ou de 20,7%. Todos os estados viram essa população crescer. A Bahia teve a terceira maior alta absoluta, só abaixo de São Paulo (1,7 milhão) e Minas Gerais (1,5 milhão), mas, em termos percentuais (22,6%), o estado ficou apenas na 14ª posição.
Com isso, em 2020, o grupo de pessoas com rendimentos de outras fontes tornou-se, pela primeira vez desde 2012, o mais representativo na Bahia, reunindo 34,3% da população do estado, ou cerca de um em cada três habitantes. Era o segundo maior percentual do país, abaixo apenas do verificado no Piauí (37,3%).
Essa ampliação das pessoas com rendimentos de outras fontes na Bahia, entre 2019 e 2020, se deu exclusivamente pelo crescimento dos que recebiam os chamados “outros rendimentos”, que incluem programas sociais do governo, seguro-desemprego/seguro-defeso, rendimentos de poupança etc.
O número de pessoas com alguma renda dessas fontes subiu 62,1% entre 2019 e 2020 na Bahia, passando de 1,9 milhão para 3,1 milhões, o que representou mais 1,2 milhão de pessoas em apenas um ano.
No ano passado, uma em cada cinco pessoas na Bahia informou receber algum desses outros rendimentos, o que representa 20,8% da população, terceiro maior percentual entre os estados, abaixo apenas de Piauí (21,8%) e Paraíba (21%).
O total de pessoas na Bahia que recebiam todos os demais rendimentos de outras fontes caiu no período, incluindo aposentadoria e pensão, de 1,830 milhão para 1,770 milhão; pensão alimentícia, doação ou mesada, de 397 mil para 254 mil; e aluguel ou arrendamento, de 284 mil para 174 mil pessoas.
O balanço final entre perda de rendimento de trabalho, por um lado, e ganho de outros rendimentos, por outro, evitou que a população com alguma renda na Bahia, qualquer que fosse a fonte, recuasse mais. Houve apenas uma variação negativa (-0,2%) entre 2019 e 2020, com esse grupo passando de 8,838 milhões para 8,816 milhões de pessoas.
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