Política
Diplomado, Lula defende democracia como garantia de direitos básicos à população
Presidente eleito também parabenizou a “coragem” do STF e TSE.
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Camila São JoséEm discurso na cerimônia de diplomação na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta segunda-feira (12), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu veementemente a democracia e o processo eleitoral brasileiro.
Visivelmente emocionado, Lula afirmou que a sua diplomação, que marca o fim de todo o processo eleitoral e atesta a vitória dos candidatos eleitos, é um símbolo de triunfo de boa parte do Brasil.
“Esse diploma que eu recebi não é um diploma do Lula presidente, é um diploma de uma parcela significativa do povo, que reconquistou o direito de viver em democracia nesse país”, disse.
Lula vai para o seu terceiro mandato como presidente da República, tendo agora Geraldo Alckmin (PSB) como vice-presidente.
“Quero pedir desculpas a vocês pela emoção, porque quem passa o que eu passei nos últimos anos, estar aqui agora é a certeza de que Deus existe e de que o povo brasileiro é maior do que qualquer pessoa que tentar um adito nesse país. Eu sei o que custou não apenas a mim, o quanto custou ao povo brasileiro essa espera para que a gente pudesse reconquistar a democracia nesse país. Reafirmo hoje que farei todos os esforços para, juntamente com o meu querido companheiro Geraldo Alckmin, cumprir o compromisso que assumi não apenas durante a campanha, mas ao longo de toda uma vida: fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo para as pessoas mais necessitadas”, declarou.
Ao repetir inúmeras vezes a palavra “democracia”, Lula defendeu que a sua diplomação significa a “celebração da verdadeira democracia” ao reconhecer a legalidade e segurança das eleições.
“Poucas vezes na história recente desse país a democracia esteve tão ameaçada. Poucas vezes na nossa história a vontade popular foi colocada à prova e teve que vencer todos os obstáculos para enfim ser ouvida”, pontuou. “A democracia precisa ser todos os dias defendida daqueles que tentam a qualquer custo sujeitá-la a seus interesses financeiros e ambições de poder”, complementou.
Em sua defesa, Lula exaltou o que chamou de “coragem” não só do povo brasileiro, mas do Supremo Tribunal Federal (STF) e do TSE, “que enfrentaram toda a sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular”.
O presidente eleito ainda ressaltou que as eleições de 2022 não foram como nos pleitos anteriores. Nessa parte do discurso, Lula condenou a massificação das fake news como estratégia político-eleitoral, principalmente no ataque às urnas eletrônicas, e a tentativa de manipulação das instituições e órgãos públicos para tumultuar o processo.
“Quando se esperava um debate político democrático, a nação foi envenenada com mentiras produzidas no submundo das redes sociais. Eles semearam a mentira e o ódio, e o país colheu uma violência política que só se viu nas páginas mais tristes da nossa história, e, no entanto, a democracia venceu”, falou ao pontuar que a sua candidatura foi capaz de formar uma frente ampla contra o autoritarismo, tendo o apoio de 14 partidos no segundo turno.
Lula ainda frisou que a luta pela democracia não acontece exclusivamente no Brasil, e que pelo mundo inteiro, em países da América Latina, da América do Norte e da Europa, por exemplo, líderes se organizam nesse embate contra grupos autoritários. O político cobrou a implantação de leis internacionais mais duras e eficientes contra os grupos e atos antidemocráticos.
O presidente eleito também defendeu o protagonismo do Brasil no cenário internacional e a necessidade de fortalecer as instituições.
“A importância do Brasil nesse cenário global é inegável, e foi essa razão que os olhos do mundo se voltaram para ver o nosso processo eleitoral. Precisamos de instituições fortes e representativas, precisamos de harmonia entre os poderes, com um eficiente sistema de pesos e contrapesos que iniba qualquer aventura eleitoral ou autoritária, precisamos de coragem”, reforçou.
O petista ainda afirmou que a democracia vai além da disputa eleitoral, devendo ser fundamental para a garantia de direitos básicos à população, como educação, saúde e emprego.
“O povo quer mais do que eleger os seus representantes, o povo quer participação ativa nas decisões dos governos. É preciso entender que a democracia é muito mais do que um direito de se manifestar livremente contra a fome, o desemprego, a falta de saúde, educação, segurança, moradia. Democracia é ter alimentação de qualidade, é ter emprego, saúde, educação, segurança e moradia. Quanto maior a participação popular, maior o entendimento da necessidade de defender a democracia daqueles que se valem dela como atalho para chegarem ao poder e instalarem o autoritarismo. A democracia só terá sentido e será defendida pelo povo na medida em que promover de fato a qualidade de direito e oportunidades para todos e todas, independentemente da classe social, crença religiosa ou orientação sexual”, enfatizou.
“É com o compromisso de construir um verdadeiro estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiça que recebo pela terceira vez o diploma de presidente eleito do Brasil, em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro”, finalizou.
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