Opinião
Dia Internacional da Saúde, por Luiz Duplat
A saúde não é apenas a ausência de doenças, pois envolve dimensões físicas, mentais, emocionais e sociais.
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Luiz DuplatHoje (7) é comemorado o aniversário da Organização Mundial da Saúde (OMS), que foi criada em 1948. Desde 1950, o dia 7 de abril é considerado o Dia Internacional da Saúde.
Mas o que é ter saúde? Em uma definição aceita hoje pelos estudiosos e autoridades sanitárias, em seu sentido mais abrangente, saúde seria o resultado das condições de um indivíduo de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde.
De forma sucinta, vamos explicar esse conceito a partir de uma visão mais ampliada. A saúde não é apenas a ausência de doenças, pois envolve dimensões físicas, mentais, emocionais e sociais. Portanto, para ter saúde, a pessoa deve preservar o seu nível de energia positiva elevado, ficando fisicamente energizado, mentalmente focado, emocionalmente conectado e espiritualmente alinhado. Entretanto, encontramos pessoas que não tem capacidade de se cuidar e esperam que outras pessoas o façam.
Vários estudos científicos mostram que a capacidade de ser saudável depende dos seguintes fatores, com suas respectivas proporções:
- 40% das suas escolhas comportamentais: alimentação inadequada; sedentarismo; uso de substâncias nocivas; stress.
- 30% da sua carga genética, que determina nosso tamanho, forma, personalidade e tempo de vida.
- 15% das suas condições sociais: educação, emprego, renda, pobreza, moradia, família, amigos e lazer. O Sistema de Informação de Mortalidade do Brasil mostra que pessoas socialmente isoladas têm uma taxa de morte cinco vezes mais alta do que aqueles com laços fortes com amigos, família e comunidade. Além disso, pessoas entre 45 e 64 anos com curso superior têm taxa de morte 2,5% menor do que aqueles com nível médio; 4% menor do que aqueles com nível médio; e 6,1% menor do que os analfabetos.
- 10% dos seus cuidados médicos, que muitas vezes dependem do melhor acesso aos serviços de saúde, mas mesmo assim a melhora da qualidade e do uso da assistência médica têm uma capacidade de expansão limitada.
- 5% das condições ambientais em que vive, pois a falta de saneamento básico e poluição ambiental proporcionam a proliferação de agentes tóxicos químicos, bacterianos e estruturais.
O Brasil, assim como Camaçari, vive com uma dupla carga de doenças, as comuns aos países mais desenvolvidos e as já superadas por essas sociedades, aliadas aos altos índices de morbimortalidade por causas externas (violência).
As três principais causas de morte, por ordem de recorrência, em Camaçari são: causas externas associadas à violência (homicídio, suicídio, acidente com moto e/ou carro, agressões); doenças cardiovasculares (diabetes e hipertensão); e neoplasias (câncer de mama, colo uterino e próstata). A atuação dos serviços de saúde na prevenção dessas mortes é muito restrita devido às características dessas causas. Em relação às causas externas, a prevenção reside na educação doméstica, educação no trânsito e não ingestão abusiva de álcool. Já em relação às doenças cardiovasculares, a genética da pessoa e seus hábitos de vida, principalmente alimentação inadequada e falta de atividade física, são determinantes. As neoplasias também estão associadas aos hábitos das pessoas. Portanto, não será construindo hospitais ou unidades de saúde que essas causas irão desaparecer.
Temos ainda o elevado índice de automedicação, a facilidade de aquisição de medicamentos e o crescente número de farmácias nos municípios que favorece essa prática pela população. Devemos também considerar o hábito da população de querer sempre procurar um especialista médico para tratar de uma doença de causa básica, provocando uma demanda excessiva de exames e procedimentos, causando desperdício de recursos financeiros. Um estudo elaborado por instituição internacional de saúde revelou que o médico brasileiro solicita mais exames do que aqueles de países mais desenvolvidos.
Para modificar esse quadro serão necessárias algumas ações, a exemplo de: mudança da postura dos profissionais de saúde, no sentido de não cederem aos apelos das empresas do complexo industrial da saúde, assim como de voltarem a valorizar a clínica, a escuta e o contato físico com seu paciente; motivar as pessoas a terem estilo de vida mais saudável; educar as pessoas para maior responsabilidade e papel mais ativo para tomarem decisões mais corretas em relação à sua própria saúde.
Propositalmente, deixei para falar da pandemia do Covid-19 no último parágrafo, para afirmar que também é uma doença que depende do comportamento humano para ser vencida. Todos sabem que o distanciamento e o isolamento social, a higienização constante das mãos e o uso da máscara facial são os únicos meios para evitar a proliferação do coronavírus. Sim, a vacina é importante, mas as medidas de comportamento individual devem ser mantidas para termos saúde na sua plenitude.
Luiz Duplat é médico e secretário de Saúde de Camaçari.
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1
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