Nesta sexta-feira (13), a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a pré-qualificação do imunizante contra a mpox. Produzida pela farmacêutica Bavarian Nordic, essa vacina é a primeira contra a doença que passa a integrar a lista de insumos pré-qualificados da entidade. A infecção é provocada pelo mpox vírus, que afeta seres humanos e outros animais.
Conforme a OMS, na prática, a dose, a partir de agora, pode ser distribuída a países de baixa renda e que enfrentam surtos da doença, por meio de entidades como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (em inglês, Gavi).
O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirma que a aprovação representa um passo importante no combate à doença, tanto do ponto de vista dos atuais surtos registrados na África como considerando cenários futuros relacionados à doença.
“Precisamos agora intensificar urgentemente a aquisição, as doações e a distribuição, para garantir acesso equitativo às doses onde elas são mais necessárias, juntamente a outras ferramentas de saúde pública, no intuito de prevenir infecções, interromper a transmissão e salvar vidas”, avaliou Ghebreyesus.
De acordo com levantamento da OMS, desde 2022, até o momento, 120 países confirmaram mais de 103 mil casos de mpox. Neste ano, foram contabilizados 25.237 casos suspeitos e confirmados, além de 723 mortes pela doença, provenientes de surtos distintos, causados por variantes diferentes, em 14 países africanos.
No Brasil, o Ministério da Saúde aponta que, de janeiro até a primeira semana de setembro deste ano, foram registrados 1.015 casos confirmados ou prováveis da infecção. O número supera o total de casos notificados ao longo de todo o ano passado, quando foram contabilizados 853. Há ainda 426 casos suspeitos da doença.
No quantitativo de estados, a lista dos que apresentam maiores notificações são São Paulo (533 ou 52,5%), Rio de Janeiro (224 ou 22,1%), Minas Gerais (56 ou 5,5%) e Bahia (40 ou 3,9%).
Falando na Bahia, 11 municípios já registraram casos da doença ao longo do ano, a exemplo de Camaçari, Candeias, Mata de São João e Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), bem como em Vitória da Conquista, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Guanambi, Ilhéus, Sátiro Dias e São José do Jacuípe.
Esquema vacinal
A OMS ainda frisa que a vacina pode ser administrada em pessoas com 18 anos ou mais em esquema de duas doses, com intervalo de quatro semanas entre elas. Após armazenamento frio prévio, a dose pode ser mantida em temperatura que varia de 2 a 8 graus Célsius (°C) por até oito semanas.
Entretanto, a entidade também explica que, embora o imunizante não esteja atualmente licenciado para aplicação em menores de 18 anos, o chamado uso off label é permitido em crianças e adolescentes e também em gestantes e pessoas imunossuprimidas.
No que diz respeito à recomendação, a OMS defende a aplicação de dose única em situações de surto combinado à oferta limitada do imunizante. A entidade destaca, entretanto, a necessidade de coleta de dados sobre segurança e eficácia da vacina nesse tipo de circunstância.
“Dados disponíveis mostram que uma única dose da vacina administrada previamente à exposição tem eficácia estimada de 76% na proteção contra a mpox, enquanto o esquema de duas doses atinge eficácia estimada de 82%”, diz trecho da nota.